Ben Avery (argumento)
Mike S. Miller
(desenho)
Mike Crowell (cor)
Saída de Emergência (Portugal, Setembro de 2012)
165 x 240 mm, 196 p., cor, brochada
16,50 €
Resumo
Baseado no universo de Westeros, onde se desenrolam as
Crónicas de Gelo e Fogo, escritas por George R.R. Martin, este livro aborda um
período anterior em cerca de 100 anos ao do inicio do primeiro livro das
crónicas, no tempo do rei Daeron, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no
auge do seu poder.
Iniciado com a morte de Sor Arlan, narra a demanda do seu
escudeiro Dunk, Sor Duncan, o Alto, para se impor como cavaleiro andante.
Desenvolvimento
Esta é uma bela história em ambiente medieval – a sua
localização em Westeros, no universo criado por George R. R. Martin não é
especialmente determinante para o desenrolar da história contada, pelo menos no
que a este primeiro tomo diz respeito – bem construída, e explanada e competentemente
recriada no seu novo suporte narrativo, onde apresenta vida própria.
Narrada em ritmo moderado, de certo modo imposto pelo
recurso recorrente a texto em off, vai introduzindo ao leitor as questões
pertinentes sobre os diversos reinos e dinastias de Westeros, sem que ele quase
dê por isso, enquanto aprende a conhecer o protagonista Dunk, aliás Sor Duncan,
o Alto, o seu escudeiro Egg e a bela bonecreira Tanselle.
A base da história é simples: um ex-escudeiro, agora
cavaleiro andante, procura a honra e a glória (e também a riqueza) nos torneios
que frequentemente têm lugar.
Cavaleiro andante, reforce-se a ideia, cuja diferença
fundamental, para além de combater apeado, é servir apenas causas justas e estar
ao lado dos fracos e oprimidos.
Só que, naquela época, no mundo de Westeros, como nos dias
de hoje, no nosso mundo, a honra, a justiça, a verdade e a lealdade nem sempre
(raramente?) são os valores mais praticados, como Dunk irá descobrir à sua
custa, embora também encontre as virtudes que costumam estar no lado oposto da
balança: a amizade, dedicação, entrega e mesmo o amor.
Desenvolvido num crescendo, que culmina numa justa entre
dois grupos de sete cavaleiros, cujo resultado determinará o futuro do jovem,
falta a essa cena fulcral mais arrojo gráfico – deveria ser mais visual e menos
descritiva, possivelmente – para fazer dela um momento mais marcante.
Apesar disso, no geral o traço realista e detalhado de Mike
Miller (com várias passagens por alguns dos principais super-heróis da Marvel)
mostra-se ajustado ao registo narrativo, não sendo difícil encontrar belos
pormenores, a par de uma planificação dinâmica e diversificada que utiliza com
frequência planos arrojados que ajudam a ritmar as cenas.
E se é verdade que o final (provisório) é previsível, contem
os leitores com diversos desenvolvimentos surpreendentes e alguns volte-faces até
ele se concretizar.
A reter
- A aposta inteligente da Saída de Emergência numa boa adaptação
aos quadradinhos de uma obra de um dos seus autores de referência, que poderá
fazer a ponte entre dois universos de leitores: os de George Martin e os de BD.
- Uma boa edição, a que talvez só faltem umas badanas na
capa e contracapa para lhe dar um pouco mais de consistência.
- A curiosa inclusão de uma “pré-visualização” do tomo seguinte,
“A espada ajuramentada”, em que prossegue a saga de Sor Duncan e de Egg, sinal
de que a editora pretende continuar a editar BD.