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30/10/2016

Nas bancas: Alice num mundo real



Qual a mulher que não fica assustada quando ouve falar de cancro de mama? Sim, o tema é forte e não convida a brincadeiras. O mesmo não pensaram Isabel Franc (argumento) e Susanna Martín (desenhos) quando em 2010 se juntaram para criar a novela gráfica Alice num mundo real.
A 30 de Outubro, Dia Mundial da Prevenção contra o Cancro de Mama, a Levoir em conjunto com o jornal Público edita Alice num mundo real, que vai fazer-vos, não mudar de ideias, mas mostrar-vos que com coisas sérias também se brinca.

16/05/2014

A Guerra dos Tronos Vol. 3









Um ano depois do terceiro volume, mais uma vez a reboque de nova temporada televisiva – o que é uma atitude inteligente, não uma crítica – e mostrando respeito pelo leitor/comprador dos volumes anteriores – o que deveria ser regra, mas na edição de BD em Portugal tem sido mais vezes excepção – já está disponível o terceiro volume (de quatro) da adaptação aos quadradinhos da famosa obra de George R. R. Martin.

18/04/2014

Curiosidades: Lefranc, herói apresentável


Acordando estremunhado, o jornalista Lefranc – criado por Jacques Martin em 1952 – suspeita que o seu pupilo Jeanjean foi raptado.
Levantando-se de um salto, corre ao quarto dele - vazio - e precipita-se para a janela. Decide então…
… saltar pela janela?
… chamar a polícia?
… correr à garagem para encetar uma perseguição de carro?

25/11/2013

Keos #3: O Bezerro de Ouro








Jacques Martin (argumento)
Jean Pleyers (desenho)
NetCom2 Editorial
Portugal, Junho de 2013
210 x 297 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €


Dois aspectos fundamentais ressaltam da minha leitura do terceiro e último tomo de Keos.
Primeiro, a conclusão da primeira série pela NetCom 2 Editorial, algo que se torna mais relevante se pensarmos nas dezenas de títulos de BD que – desde sempre – ficaram por completar em Portugal.
É verdade que eram apenas três volumes, mas isso só revela inteligência e sentido de mercado por parte da editora espanhola.
Fico a aguardar pelos restantes (3) volumes de A Última Profecia e pelo tomo em falta de Margot, para confirmar estas (boas) intenções da editora espanhola, esperando que o silêncio que se estabeleceu no seu site nos últimos meses não seja sinónimo do fim de mais um projecto editorial de quadradinhos em Portugal.
Passando à obra propriamente dita, na combinação entre a ficção histórica sustentada, que é imagem de marca de Jacques Martin, e a narrativa bíblica da libertação dos israelitas do Egipto por Moisés, O Bezerro de Ouro marca um maior afastamento em relação ao relato bíblico, despindo-o quase completamente da intervenção divina, para salientar o protagonismo crescente de Keos, o príncipe do Egipto, que dá título a esta obra.
Apesar de alguns hiatos temporais nem sempre resolvidos da melhor forma, a conclusão do tríptico, rigorosamente ambientado no Antigo Egipto – uma época que me seduz especialmente desde a leitura de O Mistério da Grande Pirâmide, de Blake e Mortimer – não desiludirá certamente os admiradores do criador de Alix e do registo histórico em banda desenhada. 

06/05/2013

Keos #2: A Cobra









Jacques Martin (argumento)
Jean Pleyers (desenho)
NetCom 2 Editorial
Portugal, Abril de 2013
210 x 297 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €


Continuando a cumprir o programa editorial previamente traçado – o que podendo parecer natural não deixa de ser assinalável no que à BD diz respeito em Portugal – a NetCom2 – que agora também tem distribuição na FNAC - já disponibilizou o segundo tomo de Keos, cuja história base é certamente familiar à maioria dos seus potenciais leitores.
Apesar das diferenças introduzidas por Martin, são evidentes os acontecimentos que, no tempo de Moisés e do faraó Mineptah, levaram à saída dos escravos hebreus do Egipto, pela acção do primeiro: as dez pragas (que Martin reduziu a três e cujos efeitos devastadores tornou pouco visíveis, o que constitui o ponto menos conseguido da história) e a travessia do Mar Vermelho, que os fugitivos atravessaram a pé mas onde os perseguidores pereceram afogados.
Se o relato bíblico inspira o criador de Alix, não o impede de o alterar à medida das necessidades da sua narrativa, que cruza a história de Moisés com as do Faraó, de Keos, o príncipe protegido do deus Osíris, da bela Tara e do pérfido Roy, o grande sacerdote do deus Amón.
Com a vantagem de explanar uma história conhecida – o que capta mais facilmente a atenção do leitor - embora desenvolvida com toda a liberdade ficcional, o relato, entre intrigas, conspirações, amores juvenis, lealdade e intervenções divinas, apresenta uma consistência assinalável, uma credível e aparatosa reconstrução histórica dos cenários e edifícios do Antigo Egipto, algumas sequências bem conseguidas, cenas que surpreendem pela violência que lhes está inerente - seja esta visível ou não - e mantém uma forte e interessante componente fantástica – pouco comum em Martin - que já assinalei aquando da análise do primeiro volume http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2013/01/keos-1-osiris.html, o que faz desta série, mais do que uma bem agradável surpresa, já uma confirmação.


23/04/2013

Palavras para quê?




Com o seu nascimento estabelecido “oficialmente” em função (também) da utilização regular de balões de fala, a banda desenhada tem provado recorrentemente que o texto escrito é muitas vezes desnecessário para a narração das histórias e para que os seus protagonistas se façam ouvir e entender.
A leitura recente e coincidente no tempo de (mais) três exemplos – dois deles em géneros em que isto é pouco habitual - são a justificação para este alinhavar de ideias, apresentado em função da ordem cronológica em que os li.






Donald e Peninha em Póquer de Ases
Enrico Faccini
In Comix #19
Goody
Portugal, 10 de Abril de 2013
135 x 190 mm, 132 p., cor, brochado, mensal
1,90 €


Viva e expressiva, a BD Disney – ao contrário da Turma da Mônica em que as histórias mudas são recorrentes – socorre-se habitualmente do texto escrito, o que torna mais surpreendente esta história publicada originalmente em Itália há apenas um ano com o título “Paperino & Paperoga in poker d'assi!”.
Relato de uma (surpreendente?) partida de póquer entre os primos Donald e Peninha, embora podendo ser interpretada linearmente, reveste-se de maior interesse se for lida enquanto metáfora dos truques, estratagemas e ardis utilizados pelos jogadores ao longo de uma partida de cartas para espreitar, adivinhar ou intuir o jogo e a estratégia do adversário.
São apenas 13 páginas, com excepção da primeira sempre assentes numa estrutura de três tiras de duas vinhetas, o que acentua o estatismo dos dois intervenientes e destaca mais os subterfúgios que utilizam, num conjunto sem dúvida muito bem conseguido.






Em memória de Marla Jameson
In “Homem-Aranha” #128
Dan Slott (argumento)
Marcos Martin (desenho)
Panini Comics
Brasil, Agosto de 2012
170 x 260 mm, 68 p., cor, brochado, mensal
R$ 6,50 / 2,80 €


Actualmente nas bancas portuguesas, esta edição do Homem-Aranha inicia-se com uma história que abre e fecha com longas sequências mudas.
No seguimento da aventura narrada na revista anterior, mostra os preparativos e o funeral de Marla, a esposa de J.J. Jameson, ex-director do Clarim Diário e actual presidente da câmara de Nova Iorque, dando especial atenção ao estado de espírito dele próprio – que acaba de perder a mulher - e de Peter Parker/Homem-Aranha – que se sente culpado por não ter conseguido evitar essa tragédia.
Aqui, o silêncio na narrativa – de onde as habituais sequências de confronto e de acção estão ausentes - acentua a saudade, a tristeza, a dor e o sentimento de culpa que, em doses diferentes, afectam os dois, e revela-se bem mais expressivo e eloquente do que muitas palavras que poderiam ter sido usadas.





Caroline Baldwin #1 – Moon River
André Taymans
In NetComic #11 a #19
NetCom 2 Editorial
Espanha, Abril de 2012 a Fevereiro de 2013
210 x 297 mm, 32 ou 48 p., cor, brochada, mensal
Gratuita, em papel ou em versão online


Primeira aventura de Caroline Baldwin, a detective privada criada por André Taymans, apresenta uma estrutura narrativa que intercambia sequências completamente mudas com outras em que os balões de fala desempenham o papel habitual.
As primeiras são bem utilizadas quer para descrever, sem recurso a texto escrito, situações banais – o despertar, uma viagem de carro, a inspecção de uma moradia… - , quer para apresentar ao leitor momentos de introspecção e de solidão, nos quais, aliás, está o segredo por detrás do relato.
Este conta o desaparecimento de Frank White, um ex-astronauta actualmente quadro de uma destacada empresa de aeronáutica, cuja presença é fundamental para garantir a assinatura de um importante contrato. Chamada para o encontrar, Caroline terá de enfrentar não só aqueles que na sombra querem fazer desaparecer White – que na realidade fugiu apenas assombrado por remorsos que há muito o atormentam – quer os seus próprios fantasmas.
Lida na revista gratuita espanhola da NetCom 2 – similar à portuguesa BDNet – encheu-me mais uma vez de um reprovável sentimento - a inveja – em relação a “nuestros hermanos”. Já com 21 números publicados, periodicidade mensal e 32 a 48 páginas (!), inclui muita informação sobre as séries e autores que a NetCom 2 edita em Espanha e permitiu-me perceber como uma editora que nasceu editando apenas Alix, não só completou esta colecção em tempo recorde como também cresceu de forma surpreendente.
Na NetComic, para além de Caroline Baldwin, pude também (re)encontrar Yoko Tsuno, Vasco, Lois, Allan MacBride (também em publicação na versão portuguesa BDNet) e até algumas criações espanholas…
Sendo difícil consegui-la em papel à distância a que nos encontramos, resta o consolo – para mim incompleto – da sua leitura online

21/03/2013

Lois #4 – Monsieur, El hermano del Rey










Jacques Martin e Patrick Weber (argumento)
Olivier Pâques (desenho)
Ingrid De Vuist (cor)
NetCom2 Editorial
Espanha, Junho de 2012
226 x 305 mm, 48 p., cor, cartonado
15,50 €



Regresso ao catálogo castelhano da NetCom2 Editorial pela curiosidade de ter encontrado uma criação de Jacques Martin em que o tom de inquérito policial predomina  sobre a habitual temática histórica, embora esta sirva de base ao relato, ambientado na corte de Luís XIV.
De regresso a França, depois de ter estado na Luisiana, nas Antilhas e nos Países Baixos, Lois, um jovem pintor, regressa a França, sendo chamado ao palácio de Versalles para decorrar o quarto do príncipe ao mesmo tempo que investiga uma série de mortes por envenenamento.
Entre as intrigas da corte, os desejos de vingança, as ameaças e as tentativas de homicídio e a sombra do escândalo que o rei quer a qualquer custo evitar pois pode afectar o seu próprio irmão, Lois conduz o seu inquérito, que entre avanços e recuos o levará a uma descoberta inesperada mas algo simplista, que não cumpre na totalidade os pressupostos que as muitas pistas libertadas permitiriam supor.
Narrado de forma lenta, em progressão, “Monsieur, El hermano del Rey” merecia um desenhador que aliasse ao trabalho de base que sustenta o rigor histórico típico de Martin, um melhor tratamento da figura humana, em especial ao nível dos rostos, para equilibrar o desenho e transmitir um ambiente mais adequado ao relato.


21/01/2013

Keos #1 - Osíris












Jacques Martin (argumento)
Jean Pleyers (desenho)
NetCom2 Editorial (Portugal, Dezembro de 2012)
235 x 315 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €



Resumo
Após a morte de Ramsés II, o seu escudeiro é levado para morrer com ele. No seu lugar, para servir o novo faraó Mineptah, fica o seu filho, o jovem Keos, elevado à categoria de príncipe.
Protegido pelo deus Osíris, que lhe entrega um anel de fantásticos poderes, Keos – com o auxílio de um surpreendente aliado, Moshe (aliás Moisés) - terá que preservar a vida do seu soberano, ameaçado pelas intrigas da corte e a ambição dos sacerdotes de Ámon.

Desenvolvimento
Para os (muitos) apreciadores de Jacques Martin (e consequentemente de Alix) existentes em Portugal, a edição deste álbum, uma das duas apostas iniciais da NetCom2 Editorial – a outra foi “As Investigações de Margot” - terá sido certamente uma grata surpresa, até pelos diversos pontos de contacto entre ambas: o protagonismo de dois jovens nobres, Alix e Keos; a conjugação entre as personagens criadas e os protagonistas da História (com o Moisés dos quadradinhos a desviar-se sensivelmente da imagem geralmente transmitida pela religião e a tradição judaico-cristãs); o contexto histórico que serve de base à acção ficcional; as intrigas políticas e religiosas como mote; a minúcia e consistência do argumento de Martin, com a habitual dose de ingenuidade e moralidade que geralmente lhe associamos e que são sinal distintivo de uma certa forma de narrar aos quadradinhos que marcou uma época…
Como “extras”, por assim escrever, “Keos” transfere a acção da corte (e do império) de Roma para o (não menos estimulante) império egípcio - onde Alix viveu também várias aventuras - e assume uma componente mística e fantástica, pouco habitual na obra de Martin, que confere ao relato um tom algo surpreendente.
O traço de Pleyers – fiel discípulo do estilo do mestre e um dos mais capazes que com ele trabalhou – bem trabalhado em termos de colorido, que consegue transmitir ao leitor o clima quente e sufocante em que decorre a maior parte do relato, ajuda a compor o conjunto e não será difícil que a visualização de muitas das pranchas dê a observadores distraídos a sensação de estarem a revisitar Alix.

A reter
- Repito o que já escrevi: uma nova editora de BD é sempre uma boa notícia, mesmo que muitos possam não estar interessados nas suas propostas. Outros estarão.
- O toque de fantástico que surge como nota distintiva no relato.
- A curiosidade da participação – activa e preponderante - de Moisés.

Menos conseguido
- Também já o escrevi: a parca distribuição deste álbum (disponível apenas online e em lojas seleccionadas) o que lhe retira visibilidade e, consequentemente, vendas(?).
- A legendagem, muito diferente do original – embora próxima da que é habitual em Alix… – com a agravante de uma estranha opção pelo centrar do texto em todos os balões.


24/09/2012

O Cavaleiro de Westeros

 
 
 


 
 
 
 
Ben Avery (argumento)
Mike S. Miller (desenho)
Mike Crowell (cor)
Saída de Emergência (Portugal, Setembro de 2012)
165 x 240 mm, 196 p., cor, brochada
16,50 €
 
 
Resumo
Baseado no universo de Westeros, onde se desenrolam as Crónicas de Gelo e Fogo, escritas por George R.R. Martin, este livro aborda um período anterior em cerca de 100 anos ao do inicio do primeiro livro das crónicas, no tempo do rei Daeron, com o reino em paz e a dinastia Targaryen no auge do seu poder.
Iniciado com a morte de Sor Arlan, narra a demanda do seu escudeiro Dunk, Sor Duncan, o Alto, para se impor como cavaleiro andante.
 
Desenvolvimento
Esta é uma bela história em ambiente medieval – a sua localização em Westeros, no universo criado por George R. R. Martin não é especialmente determinante para o desenrolar da história contada, pelo menos no que a este primeiro tomo diz respeito – bem construída, e explanada e competentemente recriada no seu novo suporte narrativo, onde apresenta vida própria.
Narrada em ritmo moderado, de certo modo imposto pelo recurso recorrente a texto em off, vai introduzindo ao leitor as questões pertinentes sobre os diversos reinos e dinastias de Westeros, sem que ele quase dê por isso, enquanto aprende a conhecer o protagonista Dunk, aliás Sor Duncan, o Alto, o seu escudeiro Egg e a bela bonecreira Tanselle.
A base da história é simples: um ex-escudeiro, agora cavaleiro andante, procura a honra e a glória (e também a riqueza) nos torneios que frequentemente têm lugar.
Cavaleiro andante, reforce-se a ideia, cuja diferença fundamental, para além de combater apeado, é servir apenas causas justas e estar ao lado dos fracos e oprimidos.
Só que, naquela época, no mundo de Westeros, como nos dias de hoje, no nosso mundo, a honra, a justiça, a verdade e a lealdade nem sempre (raramente?) são os valores mais praticados, como Dunk irá descobrir à sua custa, embora também encontre as virtudes que costumam estar no lado oposto da balança: a amizade, dedicação, entrega e mesmo o amor.
Desenvolvido num crescendo, que culmina numa justa entre dois grupos de sete cavaleiros, cujo resultado determinará o futuro do jovem, falta a essa cena fulcral mais arrojo gráfico – deveria ser mais visual e menos descritiva, possivelmente – para fazer dela um momento mais marcante.
Apesar disso, no geral o traço realista e detalhado de Mike Miller (com várias passagens por alguns dos principais super-heróis da Marvel) mostra-se ajustado ao registo narrativo, não sendo difícil encontrar belos pormenores, a par de uma planificação dinâmica e diversificada que utiliza com frequência planos arrojados que ajudam a ritmar as cenas.
E se é verdade que o final (provisório) é previsível, contem os leitores com diversos desenvolvimentos surpreendentes e alguns volte-faces até ele se concretizar.
 
A reter
- A aposta inteligente da Saída de Emergência numa boa adaptação aos quadradinhos de uma obra de um dos seus autores de referência, que poderá fazer a ponte entre dois universos de leitores: os de George Martin e os de BD.
- Uma boa edição, a que talvez só faltem umas badanas na capa e contracapa para lhe dar um pouco mais de consistência.
- A curiosa inclusão de uma “pré-visualização” do tomo seguinte, “A espada ajuramentada”, em que prossegue a saga de Sor Duncan e de Egg, sinal de que a editora pretende continuar a editar BD.
 
 

13/07/2011

Rotas e Percursos

O Público e a ASA apresentam a partir de hoje, em exclusivo, uma colecção de 7 Guias de Viagem, cada um ao preço de 8,90 €, com diversos percursos alternativos, ilustrados por grandes mestres da BD e escritos por autores de grande reputação na literatura de viagens. Descubra os locais secretos e desconhecidos de cada cidade, fugindo aos tradicionais percursos turísticos e fique a saber mais sobre a cultura das suas cidades preferidas: Veneza, Roma, Nova Iorque, Florença, Marraquexe, Praga e Bruxelas.
Com recurso ao Kuentro, aqui fica a lista completa desta colecção:

13 de Julho
Veneza - Percursos com Corto Maltese
Hugo Pratt – Guido Fuga – Lele Vianello

20 de Julho
Roma - Percursos com Alix
Jacques Martin – Gilles Chaillet - Enrico Sallustio - Thérèse de Cherisey

27 de Julho
Nova Iorque – Percursos
Miles Hyman - Vincent Réa

3 de Agosto
Florença – Percursos
Nicolas de Crecy – Élodie Lepage

10 de Agosto
Marraquexe – Percursos
Jacques Fernandez - Olivier Cirendini

17 de Agosto
Praga – Percursos
Guillaume Sorel – Christine Coste

24 de Agosto
Bruxelas – Percursos
François Schuiten – Christine Coste

16/06/2010

As Viagens de Loïs – Portugal

Luís Diferr (texto e ilustrações)
ASA (Portugal, Junho de 2010)
225 x 302 mm, 56 p., cor, cartonado


Hoje, às 18h30, é apresentado em Lisboa, no Palácio Beau Séjour – Gabinete de Estudos Olisiponenses, este álbum ilustrado, cuja versão nacional já está disponível nas livrarias, cerca de um mês após o lançamento da versão original francesa da Casterman.
Terceiro tomo das viagens de Loïs – mas o único até à data lançado em Portugal – constitui um retrato escrito e desenhado do Portugal dos séculos XVII e XVIII, feito por Luís Filipe Diferr, nascido em Angola em 1956, diplomado em arquitectura, professor de desenho e autor de bandas desenhadas como “As aventuras de Herb Krox” ou “Dakar o Minossauro”.
Na base desta colecção, imaginada pelo criador da série Alix, Jacques Martin - que apenas assina o prefácio, apesar do seu nome constar igualmente da capa - está a exploração dos ambientes mágicos e faustosos das mais poderosas nações do mundo, sendo este volume sobre a capital lusa e a cidade do Porto.
Nascido em 2002, aquando da passagem de Martin pelo Festival de BD da Amadora, o presente volume levou 6 anos a concretizar, mas apresenta como resultado uma conjunto de belas ilustrações, nas quais se reconhece um trabalho aturado de investigação cuidada e minuciosa ao nível da arquitectura, vestuário, veículos e utensílios da época e um grande rigor na sua recriação gráfica, ao nível daquela que era uma das imagens de marca de Martin.

30/04/2010

Alix, o intrépido

Jacques Martin (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Abril de 2010)
302 x 225 mm, 64 p., cor, cartonado

Parece resposta ao meu post de há dias, mas é pouco provável que o seja.
De qualquer forma, a notícia é que a partir de hoje está disponível (apenas) nas lojas FNAC uma edição limitadíssima de 300 exemplares da colecção Alix em capa dura, com grafismo igual aos volumes já editados pela ASA.
Serão editados dois álbuns por mês, pela mesma ordem em que estão a ser lançados com o jornal Público. Ou seja, é desde já possível comprar “Alix, o intrépido” e “A esfinge de ouro”, custando cada volume 14,90€.

23/04/2010

Alix – Garra Negra

Jacques Martin (argumento e desenho)
ASA + Público (Portugal, Abril de 2010)
294 x 220 mm, 64 p., cor, brochado com badanas


Resumo

O aparecimento sucessivo de vários nobres romanos paralisados, sem conseguirem falar e vítimas de estranhas feridas, leva Alix, de passagem por Pompeia, a investigar o caso, convencido de que existe mão humana por detrás dos estranhos casos.

Desenvolvimento
Penso que é pacífico afirmar que este álbum marca um ponto de viragem nas aventuras de Alix, após quatro histórias que parecem ter sido escritas ao mesmo tempo que eram desenhadas (embora o álbum anterior, A Tiara de Oribal, já tenha um argumento mais consistente), recheadas de incoerências e situações pouco credíveis. A começar logo na forma como Alix passa rapidamente de escravo a protegido de César. Ou no modo como se desloca velozmente por todo o império romano, encontrando-se sempre face a face com Arbacés, que surge na série como “um inimigo de estimação”, “à la Olrik”.
Em Garra Negra, Martin começa a revelar-se o argumentista exigente que fez a sua fama – a par da sua proverbial minúcia e fidelidade ao contexto histórico que o seu herói frequenta – introduzindo na narrativa uma dimensão trágica, até aí quase ausente.
Que começa por se revelar nos acontecimentos que a despoletam, e que depois surge em pleno, primeiro, na forma como Ícara foi destruída, com base em mal-entendidos – que no entanto mostram como tantas vezes os interesses económicos ou políticos se sobrepõem ao bom senso e à razão – e, depois, no desfecho final com Alix (quase completamente) derrotado e impotente face aos acontecimentos. Como aliás já acontecera na fase inicial do álbum. O que contribuiu para o dotar de uma faceta mais humana até aí pouco visível na série.
Mas nada disto invalida que esta seja mais uma aventura que decorre em bom ritmo, apesar de Martin nunca ter sido poupado nos textos...), recheada de situações inesperadas e complicadas para Alix, em que defronta um adversário à sua altura e até condimentada com um toque de sobrenatural que surpreende no contexto histórico rigoroso.

É verdade que algumas das inconsistências referidas voltam a surgir na parte do relato que decorre na selva, onde os factores aventura e acção voltam a tomar as rédeas, com alguns excessos, mas que são desculpáveis face à dimensão trágica de que se reveste o episódio, sem dúvida um clássico a (re)ler.

A reter
- A edição, que mais uma vez permite levar aos leitores bons livros (considerando a obra e o objecto) a preços acessíveis. O que torna incompreensível porque se levantam tantas vozes contra estas parcerias. O que não invalida que, tendo sido seguido o modelo habitual nestas edições entre o Público e a ASA, desta vez não pudesse ter sido contemplada a capa dura, sem numeração, que permitiria “combinar” melhor os actuais 16 volumes com os outros já editados a solo pela ASA.

- O facto de quer Alix, quer o seu adversário (pelo menos na sua boa-fé) terem razões válidas para as acções que levam a cabo.

Menos conseguido
- Alguém acredita, mesmo nos anos 1950…, que uma canoa com apenas 3 ocupantes consegue remar contra a correnteza provocada pela imensa queda de água da página 40?

Curiosidades
- Se não subscrevo, longe disso, algumas leituras – apressadas, forçadas e interesseiras – sobre (eventuais contornos d)a relação de Alix e Enak, é fácil constatar que este último, embora algumas vezes funcione como “coadjuvante” do protagonista principal (ao estilo de Pancho em Jerry Spring, Chico em Zagor, Obélix em Astérix ou Lotário em Mandrake – e os exemplos podiam multiplicar-se…), a verdade é que na maioria dos casos ocupa o papel que, nos clássicos norte-americanos, era geralmente desempenhado pelas noivas (eternas) dos heróis: vitima de ameaças e raptos que visam condicionar a acção de Alix.
- Fossem os heróis de papel sujeitos às mesmas leis temporais que os seres de carne e osso e seria interessante ver quantos anos Alix envelheceria em cada álbum, numa época em que o tempo passava (bem) mais devagar e qualquer viagem durava semanas ou mesmo meses… O que de qualquer forma não impede que os protagonistas andem sempre impecavelmente barbeados ou com as indumentárias como que acabadas de passar a ferro! Vantagens de se ser herói dos quadradinhos!

- Não é exclusivo de Alix, nem sequer da banda desenhada, mas alguém terá feito as contas a quantas vidas foram perdidas, entre marinheiros, soldados e negros, amigos e adversários, para que Alix pudesse, no final, salvar apenas uma...?

22/01/2010

Jacques Martin (1921-2010)



Como nota de rodapé, fica a informação de que a ASA juntamente com o jornal Público vai em breve reeditar diversos títulos de Alix, escolhidos entre aqueles que a editora ainda não tem no seu catálogo.
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