Um dos heróis presentes no primeiro número do Mundo de
Aventuras, em 1949, Brick Bradford, um dos pioneiros dos quadradinhos de
ficção-científica, nasceu há 80 anos.
A estreia, sob a forma de tira de jornal, em jornais locais,
acontecera a 21 de Agosto de 1933, graças à imaginação de William Ritt, um
jornalista que, possivelmente, se inspirou em Buck Rogers, o herói do século
XXV criado quatro anos. Os dois heróis, juntamente com Flash Gordon, surgido no
ano seguinte, ficaram como expoentes de um género que balizaram durante
décadas.
Combinando o registo de aventura com um tom policial e uma
base científica com alguma consistência, Brick Bradford usava uma nave espacial
em forma de pião, uma das invenções do cientista Kalla Kopak, um dos seus
companheiros recorrentes tal como a sua noiva June, que lhe permitia viajar no
tempo e no espaço e explorar os mais diversos mundos, reais ou imaginários, para
viver todo o tipo de aventuras e enfrentar bactérias e dinossauros, robôs e
extraterrestres, vilões e ditadores.
O responsável pelo desenho era Clarence Gray, possuidor de
um traço fino, realista e detalhado, que haveria de brilhar ainda mais quando o
herói espacial passou a protagonizar também uma página dominical colorida, a
partir de Novembro de 1934, ano em que passou igualmente para alguns dos
principais jornais nacionais norte-americanos.
Dois anos depois viriam as versões em revista, a adaptação
em livros de bolso concretizou-se na década seguinte, bem como e a passagem ao
cinema, num seriado de 12 episódios, de 1947, realizado por Spencer Gordon e
Thomas Carr e protagonizada por Kane Richmond. O Pião do Tempo inspirou uma
enorme escultura em bronze do artista canadiano Jerry Pethick (1935-2003),
instalada em False Creek, em Vancouver, após ter estado mergulhada na água do
mar durante dois anos para apresentar um aspecto envelhecido.
Ritt abandonou a sua criação no final da década de 1940,
deixando-a nas mãos de Gray que passou a escrever também os argumentos. Em 1952,
Paul Norris assumiu a tira diária e, cinco anos depois, com a morte de Gray,
ficou igualmente responsável pela prancha dominical, gerindo os destinos de
Brick Bradford até ao seu cancelamento, a 25 de Abril de 1987.
Para além do Mundo de Aventuras, em Portugal – onde chegou a
ser rebaptizado como Brigue Forte – Bradford foi presença regular noutros
títulos como “Audácia”, “Condor Popular”, “Grilo” ou “Jornal do Cuto” e em
álbuns da Presença e da Futura.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de
Notícias de 21 de Agosto de 2013)
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