El Ciego
Manfredi
(argumento)
Perovic
(desenho)
Mythos
Editora
Brasil,
Outubro de 2012
135
x 170 mm, 132 p., pb, capa mole, mensal
R$
8,90 / 4,00 €
E de forma não programada, acabo por voltar a
Mágico Vento (muito) mais cedo do que contava.
E, curiosamente, no registo menos habitual na
série: o western puro e duro, num relato em que as conspirações e o lado
místico e fantástico da personagem foram postos deliberadamente de lado.
A história é simples de resumir e de contornos
tradicionais: uma aldeia de índios pacíficos e pobres é apanhada entre a
opressão e os sonhos de glória de outro bando de apaches e um grupo de
bandoleiros mexicanos.
A galeria de personagens compõe-se com um rancheiro
pouco escrupuloso e o dono de um saloon, que esconde segredos de crimes e de (não
menos) tragédias, com todos estes elementos a surgirem progressivamente e a
deixarem antever um (inevitável) confronto final (muito) sangrento, com o
(des)equílibrio de forças alterado pela chegada ocasional de Mágico Vento, que
desempenha involuntariamente o papel de “pistoleiro” de serviço, mas que, mais
do que elemento preponderante da mudança (de atitudes…), funciona como gatilho
da mudança interior que leva os (que pareciam) mais fracos a superarem-se e a
assumirem o controle do seu destino e os (aparentemente) mais fortes a
experimentarem a derrota e a humilhação.
O relato, em largas sequências sem outros sons
que os da região semi-desértica em que a história decorre ou o dos tiros que se
perpetuam em ecos longínquos, tem alguns elementos distintivos que lhe retiram
parte da linearidade que parecia inevitável e introduzem uma certa componente
de surpresa. Bem construído, num crescendo que encaminha para a apoteose final,
recheada de tiros, violência e adrenalina, tem tudo para agradar aos
apreciadores de uma boa história de cowboys – por muito nostálgica que esta
frase possa soar… - constituindo um fresco que ilustra algumas das facetas que
pode assumir a ambição desmedida do ser humano.
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