Contextualização
Os
Famosos Cinco,
Júlio,
David, Ana, Zé e Tim, os quatro adolescentes e o cão criados por Enid Blyton (1887-1968)), que fizeram -
e fazem - sonhar gerações, estão de volta, (outra vez) em banda
desenhada, numa edição francófona recente, ainda em curso na
origem
Os
dois primeiros volumes chegam hoje às livrarias, para descoberta de
alguns e recordar a outros devaneios
da adolescência na
procura de passagens secretas em todos os cantos das suas casas, no
sonho de encontrar tesouros e prender bandidos, no
desejo de lancharem chá e scones e na
vontade de passar as férias a passear de bicicleta, a acampar na
Ilha Kirrin ou em caravanas puxadas por cavalos.
Os Cinco e a Ilha do Tesouro
Contrariados,
os irmãos Júlio, David e Ana, vão passar as férias em casa dos
tios, onde a sua prima Maria José, aliás Zé, não mostra maior
apetência pela reunião familiar. Será, no entanto, o início de
uma grande amizade e a primeira aventura de todos, em torno da Ilha
Kirrin, pertença da Zé, onde supostamente existe um tesouro com
demasiados interessados.
Os Cinco e a Passagem Secreta
De
regresso a Kirrin para umas novas férias invernais, os Cinco
deparam-se
com a presença de um desagradável preceptor para os ajudar a subir
as notas pouco consistentes, o que os deixa bastante desagradados. A
descoberta de uma passagem secreta, vai alterar o seu estado de
espírito e levá-los a mais uma surpreendente aventura.
Desenvolvimento
Li
- e reli algumas
vezes - os livros (originais) dos Cinco
- e tendo começado pela versão (da Empresa Nacional de Publicidade)
de capa ilustrada, sempre me desgostaram profundamente as que
ostentavam uma foto em vez do desenho… O reencontro com os seus
protagonistas, num suporte que é hoje o tipo de leitura que mais
faço, evocou inúmeras recordações e o melhor elogio que posso
fazer é que a actual versão em BD não vai desiludir quem conhece
os romances de Enid
Blyton. É verdade que eles obrigaram a um enorme poder de
condensação, pois as quase 200 páginas originais, deram origem a
apenas 32 páginas desenhadas, mas o essencial está lá - embora com
mais consistência no primeiro volume, do que no segundo - que
curiosamente, deixa em aberto uma continuação para o tomo três,
fazendo - com alguma coerência - a ponte entre dois relatos que
originalmente eram independentes.
Para
além deste, há outros aspectos
que podem causar alguma
estranheza
- mas convém não esquecer que estes livros são, em primeiro lugar,
direccionados para novos leitores, crianças e adolescentes, que,
possivelmente, terão neles o primeiro encontro com os Cinco,
sem possuírem,
por isso, quaisquer
referências anteriores.
O
primeiro - só no volume inicial, felizmente - é o podermos ler os
pensamentos do Tim. A ideia, infeliz, já não surge no segundo
volume, tal
como o lado mais caricatural de algumas cenas.
Por
outro lado - a reboque do enjoativo politicamente correcto cada vez
mais omnipresente? - em ambos os livros os bandidos não são
castigados - leia-se presos - mas fogem de forma inusitada e
humilhante. Na prática, falta o castigo necessário pelos crimes
praticados, o que me parece pouco lógico para
não dizer imoral…
Graficamente,
a adaptação está muito bem
conseguida,
com um certo ar retro - que de forma feliz
situa num tempo passado (indefinido) as histórias - assente numa
agradável linha clara, de extrema legibilidade, servida por cores
geralmente quentes e suaves, sendo
que o todo confere ao
conjunto um aspecto clássico
muito
atraente.
Notas
soltas
-
Sendo adaptações dos livros originais, faria todo o sentido que
estas versões em BD ostentassem os mesmos títulos das edições
nacionais disponíveis em livraria há décadas. Se isso acontece no
primeiro tomo, Os
Cinco e a Ilha do Tesouro,
o segundo, Os
Cinco e a Passagem Secreta,
seguiu o título original francês - da BD e da versão literária -
e não o português - Nova
Aventura dos Cinco
- o que não faz (muito) sentido.
Curiosamente,
o título agora adoptado está muito próximo de uma das denominações
- Os
Cinco e as Passagens Secretas
- que já teve em Portugal o 14.º volume da colecção, geralmente
conhecido como Os
Cinco na Casa em Ruínas,
utilizado na edição da Oficina do Livro actualmente disponível nas
livrarias.
- A legendagem dos livros não é famosa,
embora siga de perto a original. Curiosamente, numa e noutra o
alinhamento do texto nos balões não é uniforme - umas vezes à
esquerda, outras centrado e não
coincidente nas duas versões.
Mais gravosa,
é a escassa utilização na versão lusa das maiúsculas - que
reproduzem diálogos em voz mais alta ou
gritos - embora este recurso seja
muito pouco feliz, na fonte
utilizada e na ausência do negrito.
- Por duas vezes - na primeira tira das
páginas 12 e 26 de
Os Cinco e a Passagem Secreta
- os protagonistas fazem
referência a palavras em latim, escritas no papel descoberto na
passagem oculta,
mas na versão portuguesa elas são ‘invisíveis’… Embora não
tenha conseguido comparar com a versão original, custa-me a crer que
esteja do mesmo modo.
Os
Cinco e a Ilha do Tesouro
Os Cinco e a Passagem Secreta
Nataël (argumento)
Béja
(desenho)
Rachel
Ledrich (adaptação gráfica)
Élodie
K. Salinas (cor)
Oficina do Livro
Portugal, 25 de Fevereiro de 2020
222 x 298 mm, 32 p., cor,
capa dura
ISBN:
9789896607562 / 9789896607586
10,90 €
(imagens
disponibilizada pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda
a sua extensão)
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