25/02/2020

Os Cinco e a Ilha do Tesouro/Os Cinco e a Passagem Secreta

 
Regresso... aos quadradinhos

Contextualização
Os Famosos Cinco, Júlio, David, Ana, Zé e Tim, os quatro adolescentes e o cão criados por Enid Blyton (1887-1968)), que fizeram - e fazem - sonhar gerações, estão de volta, (outra vez) em banda desenhada, numa edição francófona recente, ainda em curso na origem
Os dois primeiros volumes chegam hoje às livrarias, para descoberta de alguns e recordar a outros devaneios da adolescência na procura de passagens secretas em todos os cantos das suas casas, no sonho de encontrar tesouros e prender bandidos, no desejo de lancharem chá e scones e na vontade de passar as férias a passear de bicicleta, a acampar na Ilha Kirrin ou em caravanas puxadas por cavalos.


Resumo
Os Cinco e a Ilha do Tesouro
Contrariados, os irmãos Júlio, David e Ana, vão passar as férias em casa dos tios, onde a sua prima Maria José, aliás Zé, não mostra maior apetência pela reunião familiar. Será, no entanto, o início de uma grande amizade e a primeira aventura de todos, em torno da Ilha Kirrin, pertença da Zé, onde supostamente existe um tesouro com demasiados interessados.
Os Cinco e a Passagem Secreta
De regresso a Kirrin para umas novas férias invernais, os Cinco deparam-se com a presença de um desagradável preceptor para os ajudar a subir as notas pouco consistentes, o que os deixa bastante desagradados. A descoberta de uma passagem secreta, vai alterar o seu estado de espírito e levá-los a mais uma surpreendente aventura.

Desenvolvimento
Li - e reli algumas vezes - os livros (originais) dos Cinco - e tendo começado pela versão (da Empresa Nacional de Publicidade) de capa ilustrada, sempre me desgostaram profundamente as que ostentavam uma foto em vez do desenho… O reencontro com os seus protagonistas, num suporte que é hoje o tipo de leitura que mais faço, evocou inúmeras recordações e o melhor elogio que posso fazer é que a actual versão em BD não vai desiludir quem conhece os romances de Enid Blyton. É verdade que eles obrigaram a um enorme poder de condensação, pois as quase 200 páginas originais, deram origem a apenas 32 páginas desenhadas, mas o essencial está lá - embora com mais consistência no primeiro volume, do que no segundo - que curiosamente, deixa em aberto uma continuação para o tomo três, fazendo - com alguma coerência - a ponte entre dois relatos que originalmente eram independentes.
Para além deste, há outros aspectos que podem causar alguma estranheza - mas convém não esquecer que estes livros são, em primeiro lugar, direccionados para novos leitores, crianças e adolescentes, que, possivelmente, terão neles o primeiro encontro com os Cinco, sem possuírem, por isso, quaisquer referências anteriores.
O primeiro - só no volume inicial, felizmente - é o podermos ler os pensamentos do Tim. A ideia, infeliz, já não surge no segundo volume, tal como o lado mais caricatural de algumas cenas.
Por outro lado - a reboque do enjoativo politicamente correcto cada vez mais omnipresente? - em ambos os livros os bandidos não são castigados - leia-se presos - mas fogem de forma inusitada e humilhante. Na prática, falta o castigo necessário pelos crimes praticados, o que me parece pouco lógico para não dizer imoral
Graficamente, a adaptação está muito bem conseguida, com um certo ar retro - que de forma feliz situa num tempo passado (indefinido) as histórias - assente numa agradável linha clara, de extrema legibilidade, servida por cores geralmente quentes e suaves, sendo que o todo confere ao conjunto um aspecto clássico muito atraente.

Notas soltas
- Sendo adaptações dos livros originais, faria todo o sentido que estas versões em BD ostentassem os mesmos títulos das edições nacionais disponíveis em livraria há décadas. Se isso acontece no primeiro tomo, Os Cinco e a Ilha do Tesouro, o segundo, Os Cinco e a Passagem Secreta, seguiu o título original francês - da BD e da versão literária - e não o português - Nova Aventura dos Cinco - o que não faz (muito) sentido.
Curiosamente, o título agora adoptado está muito próximo de uma das denominações - Os Cinco e as Passagens Secretas - que já teve em Portugal o 14.º volume da colecção, geralmente conhecido como Os Cinco na Casa em Ruínas, utilizado na edição da Oficina do Livro actualmente disponível nas livrarias.
- A legendagem dos livros não é famosa, embora siga de perto a original. Curiosamente, numa e noutra o alinhamento do texto nos balões não é uniforme - umas vezes à esquerda, outras centrado e não coincidente nas duas versões. Mais gravosa, é a escassa utilização na versão lusa das maiúsculas - que reproduzem diálogos em voz mais alta ou gritos - embora este recurso seja muito pouco feliz, na fonte utilizada e na ausência do negrito.
- Por duas vezes - na primeira tira das páginas 12 e 26 de Os Cinco e a Passagem Secreta - os protagonistas fazem referência a palavras em latim, escritas no papel descoberto na passagem oculta, mas na versão portuguesa elas são ‘invisíveis’… Embora não tenha conseguido comparar com a versão original, custa-me a crer que esteja do mesmo modo.

Os Cinco e a Ilha do Tesouro
Os Cinco e a Passagem Secreta
Nataël (argumento)
Béja (desenho)
Rachel Ledrich (adaptação gráfica)
Élodie K. Salinas (cor)
Oficina do Livro
Portugal, 25 de Fevereiro de 2020
222 x 298 mm, 32 p., cor, capa dura
ISBN: 9789896607562 / 9789896607586
10,90

(imagens disponibilizada pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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