Se ler é um vício que me acompanha praticamente desde que o sei fazer, reler é outro que lhe está associado e que desde então pratico. Cada vez menos, ao longo dos anos, reconheço, porque o tempo é menor e a oferta cada vez maior - para além da vida ter mudado.
A
título de exemplo, o meu primeiro Mundo
de Aventuras
- o #47 da (então) chamada quinta série (que na
verdade é
a segunda), com Rip
Kirby em O envelope trocado
e Príncipe
Valente em A Vingança da Feiticeira
(títulos escritos de memória…) - oferecido pelo meu pai - “porque
eu já estava a ficar grande para o Mickey”
- numa segunda ou terça-feira, foi lido seis ou sete vezes (!),
antes de comprar o #48 - Buffalo
Bill em Os Terroristas do Arkansas.
Hoje,
já o disse, releio menos mas, quando regresso a (re)leituras daquele
tempo, nunca me deixo de surpreender
com o que a minha memória reteve: o enredo em
geral,
quase sempre, claro, mas também sequências completas ao pormenor,
diálogos integrais, frases ‘letra por letra’…
Foi
o que
se passou com este Billy,
o Botas,
número inaugural da Desporto
& Aventura,
uma das (muitas) colecções da Portugal
Press de Roussado Pinto, lançado em 1973.
s (poucos) anos mais tarde, suponho, na verdade… - tive
um exemplar que - para não variar - li e reli, deliciando-me com os
feitos
futebolísticos
do jovem Billy Dane - um adolescente como eu… Na
verdade, Billy era uma nulidade no futebol mas, quando calçava umas
velhas botas que tinham pertencido ao seu ídolo “Chuto
Mortal” (“Dead Shot” Keen, no original), clonava
todas as suas jogadas e tornava-se um astro dos relvados… e
pelados! Para além disso, era um bom rapaz, com o seu lado trágico
- era órfão, vivendo com a avó; eram pobres, trabalhava para
ajudar em casa - e com tudo o que é normal na sua idade - sonhos,
falhas nos estudos...
anda
desenhada de origem britânica, com o desporto em geral e o futebol
em particular como temática, como tantas naquela época - o início
da década de 1960 - foi escrita por Fred Baker e desenhada por John
Gillatt, primeiro, e depois por Mike Western, tendo tido versões
para revista e jornais, irregularmente ao longo de três décadas.
Reencontrada
recentemente num leilão do Facebook, poucos dias após um publicação
sobre a série num grupo da mesma rede que na altura comentei, relida
agora, mais de 40 anos depois da primeira vez, surpreendeu-me por
tudo o que (ainda) recordava, sendo várias as situações em que já
sabia o que ia acontecer - e o que iria ler nos textos de apoio e/ou
nos balões - antes de voltar a página ou de passar à tira ou
vinheta seguinte. Primeiros sucessos, o desaparecimento das botas, a
lesão grave, os problemas em casa e na escola, as várias conquistas
e feitos - como os 8 golos na segunda parte de um jogo! -
transformaram uma leitura a que reconheço algum simplismo e pouco
aprofundamento das situações, apesar de competentemente escrita e
desenhada num estilo realista, numa leitura nostálgica muito
satisfatória… que, quem sabe, um dia destes vou repetir!
Billy “o Botas”
Colecção Desporto & Aventura
#1
Portugal Press
Portugal, Novembro
de 1973
170 x 240
mm, 48
p., pb,
capa
mole, mensal
(clicar
nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Boa tarde...pergunto se este Billy não era o Peter o Gato que foi publicado no Jornal do Cuto. Obrigado.
ResponderEliminarCumprimentos
António Vasques
Não, o Peter, o Gato era guarda-redes e o Billy é avançado... No entanto, a confusão justifica-se porque ambas são criações inglesas e graficamente são muito semelhantes, embora os desenhadores sejam diferentes.
EliminarBoas leituras!
Pois de facto Peter era guarda-redes...daí o apelido "O Gato"...esqueci-me...mas o que me confundiu foi de facto o grafismo, muito semelhante mesmo.
ResponderEliminarObrigado