O penalti
Eu é que sou o chefe!
Bip Bip!
Baru (argumento e desenho)
Edições Polvo (Portugal, Fevereiro e Outubro de 2002 e Abril de 2003)
220 x 297 mm, 48 p., cor, brochado
Eu é que sou o chefe!
Bip Bip!
Baru (argumento e desenho)
Edições Polvo (Portugal, Fevereiro e Outubro de 2002 e Abril de 2003)
220 x 297 mm, 48 p., cor, brochado
1957. 4 de Outubro. A União Soviética surpreendia o mundo ao colocar o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, a dar as primeiras voltas à Terra.
Nesse mesmo ano, nessa Terra, mais concretamente em França, um certo Hervé Barulea comemorava 10 anos. Tornar-se-ia conhecido, anos mais tarde, no mundo da banda desenhada pelo diminutivo de Baru, e seria apresentado aos portugueses no XI Salão de BD do Porto, em 2001.
E porquê ligar estes dois factos? Para o explicar, é melhor falar de uma pequena vilazinha francesa, de seu nome St. Claire, onde existem dois bairros. “Há uma parte baixa, onde vivem os da ‘parte-de-baixo ‘ e há uma parte alta “onde vivemos nós, os da ‘parte-de-cima’...”. Isto diz-nos Igor, o protagonista de “Os anos Sputnik”, uma série (auto-biográfica…?) criada por Baru, de que as Edições Polvo publicaram três dos quatro volumes originais.
No tal ano de 1957, a televisão ainda não era omnipresente como hoje (que sorte que eles tinham!), não existiam jogos de computador nem “play-stations”... Mas já havia futebol e uma grande competição entre os miúdos ‘de cima’ e os miúdos ‘de baixo’. Competição ou rivalidade, como queiram. Por isso, quase sempre tudo terminava em luta, renhida, resolvida sem quartel, com umas quantas nódoas negras e uns narizes a pingar sangue. Entre uns e outros, porque ninguém quer perder, seja o que for; entre eles próprios, para saber quem deve ser o chefe.
É isto que Baru nos conta em "Os anos Sputnik", com a ternura e a emoção de quem recorda os seus próprios dez/doze anos, e com a lucidez de quem se distancia, transmitindo ao papel crónicas de tempos passados, em narrativa intensa e corrida, em desenhos ágeis, nervosos, plenos de vida e movimento.
Crónicas para ler, porque todos fomos miúdos um dia - pobres daqueles que não o são na altura própria -, e os ‘de cima’ e os ‘de baixo’ não são assim tão diferentes de todos os outros, do que nós fomos...
Crónicas para recordar aquele tempo maravilhoso em que um pequeno nada (um penalti defendido...) fazia de nós heróis, com direito a estátua e tudo (pelo menos aos nossos olhos), aquele tempo em que um beijo inesperado nos deixava a sonhar acordados uma noite inteira.
Curiosidade
- No primeiro tomo da edição portuguesa, no título, “Sputnik” surge com a grafia francesa “Spoutnik”.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Dezembro de 2002)
Nesse mesmo ano, nessa Terra, mais concretamente em França, um certo Hervé Barulea comemorava 10 anos. Tornar-se-ia conhecido, anos mais tarde, no mundo da banda desenhada pelo diminutivo de Baru, e seria apresentado aos portugueses no XI Salão de BD do Porto, em 2001.
E porquê ligar estes dois factos? Para o explicar, é melhor falar de uma pequena vilazinha francesa, de seu nome St. Claire, onde existem dois bairros. “Há uma parte baixa, onde vivem os da ‘parte-de-baixo ‘ e há uma parte alta “onde vivemos nós, os da ‘parte-de-cima’...”. Isto diz-nos Igor, o protagonista de “Os anos Sputnik”, uma série (auto-biográfica…?) criada por Baru, de que as Edições Polvo publicaram três dos quatro volumes originais.
No tal ano de 1957, a televisão ainda não era omnipresente como hoje (que sorte que eles tinham!), não existiam jogos de computador nem “play-stations”... Mas já havia futebol e uma grande competição entre os miúdos ‘de cima’ e os miúdos ‘de baixo’. Competição ou rivalidade, como queiram. Por isso, quase sempre tudo terminava em luta, renhida, resolvida sem quartel, com umas quantas nódoas negras e uns narizes a pingar sangue. Entre uns e outros, porque ninguém quer perder, seja o que for; entre eles próprios, para saber quem deve ser o chefe.
É isto que Baru nos conta em "Os anos Sputnik", com a ternura e a emoção de quem recorda os seus próprios dez/doze anos, e com a lucidez de quem se distancia, transmitindo ao papel crónicas de tempos passados, em narrativa intensa e corrida, em desenhos ágeis, nervosos, plenos de vida e movimento.
Crónicas para ler, porque todos fomos miúdos um dia - pobres daqueles que não o são na altura própria -, e os ‘de cima’ e os ‘de baixo’ não são assim tão diferentes de todos os outros, do que nós fomos...
Crónicas para recordar aquele tempo maravilhoso em que um pequeno nada (um penalti defendido...) fazia de nós heróis, com direito a estátua e tudo (pelo menos aos nossos olhos), aquele tempo em que um beijo inesperado nos deixava a sonhar acordados uma noite inteira.
Curiosidade
- No primeiro tomo da edição portuguesa, no título, “Sputnik” surge com a grafia francesa “Spoutnik”.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Dezembro de 2002)