Glénat (França, 19 de Outubro de 2011)
130x180 mm, 178 p., pb e cor, brochado com sobrecapa com badanas
10,55 €
Resumo
Antologia de histórias curtas do coreano Boichi, nascido em 1973, apresenta o fim do mundo (ou da vida) como temática omnipresente.
Desenvolvimento
Um hotel com ADN de todas as espécies – excepção feita ao seu humano) – guardado por uma entidade mecânica com consciência (e coração) (em “Hotel”) ou o desejo de fazer regressar o atum (entretanto extinto) aos oceanos terrestres, para o poder degustar novamente sob a forma de sushi (em “Rien que pour les thons”), eis o tema de duas das narrativas deste volume, que marcam o seu tom global: por um lado a divagação sobre o (quase sempre catastrófico) futuro (altamente tecnológico) do planeta, no qual quase sempre o ser humano não tem lugar; por outro, o humor negro com que Boichi pincela os seus argumentos, desconcertando o leitor e atenuando a sua visão pessimista desse futuro.
Dono de um traço hiper-realista agradável e bem expressivo, do qual consegue conjugar os cambiantes (realismo, objectividade, aspecto caricatural, equilíbrio texto/imagem) que julga necessários para o adaptar ao tom das histórias que narra, o autor coreano revela também um excelente domínio da cor, presente nas primeiras pranchas de algumas das histórias, deixando uma grande vontade de o (re)descobrir numa obra totalmente colorida.
Pelo meio há ainda “Present”, uma história que, apesar dos contornos futuristas de que também se rodeia e do tom aparentemente rude e agreste do protagonista masculino, se revela no final profundamente humana e tocante, versando sobre paixão, amor, sentimento, e dor.
A reter
- O contraste entre visão futurista e humor negro que o autor apresenta.
- O excelente traço de Boichi e o seu trabalho de cor.
- A bela capa desta edição de Glénat, com aplicações localizadas de verniz que dão uma outra consistência à ilustração pós-apocalíptica nela impressa.
Menos conseguido
- Como acontece em muitos relatos de ficção-científica, existem nalguns dos contos alguns hiatos temporais desnecessários e difíceis de engolir por quem lê.