Há 40 anos, a 4 de Fevereiro de 1973, um novo herói de BD estreava nas páginas de 136 jornais norte-americanos:
tinha por nome Hägar, the horrible e teve um sucesso retumbante, tendo chegado a
publicar-se em 1800 jornais de 58 países.
Embora adoptando
o tom tradicional das tiras diárias familiares, Hägar distinguia-se por ser um
vicking que vivia um milénio antes da data da sua estreia nos jornais, em plena
idade das trevas, para a qual ele contribuía entusiasmado.
A
comicidade advinha tanto dos muitos anacronismos existentes na série, quanto da
convivência entre os diferentes membros: Hägar, tão intrépido conquistador
quanto submisso marido; Helga, a sua mulher, que usa os maiores cornos da casa,
símbolos de poder entre os vickings; Hamlet, o filho, que prefere a leitura à
natural violência da época e quer ser dentista; Honi, a filha adolescente que
almeja seguir o pai nos combates. A galeria de personagens é ainda enriquecida
com Eddie Felizardo, lugar-tenente de Hägar, que não faz jus ao nome e dotado de
pouca inteligência; Lute, o trovador pacifista que aspira ao coração de Honi; o
dr. Zook, o curandeiro local e Snert, o cão de Hägar.
O seu
criador foi Dik Browne (1917-1989), que na sua bibliografia já registava o
desenho de “Hi and Lois”, outra tira diária bem-sucedida. Surgido quando já
contava 56 anos, uma idade em que muitos criadores já entraram em declínio,
Hägar permitiu-lhe cumprir o principal propósito: deixar à família um legado
que lhes permitisse viver sem sobressaltos.
Ainda em
publicação nos nossos, dias, agora assinado por Chris Browne, que assumiu a
série quando o seu pai faleceu, em Portugal – onde foi terrível, abominável e
horrendo - Hägar passou de forma discreta pelas páginas do Mundo de Aventuras,
tendo conhecido uma primeira edição em álbum, em 1993, por parte dos Livros
Horizonte. Em 2008 a Libri Impressi, de Manuel Caldas, propôs-se fazer a sua
reedição integral cronológica, mas o projecto ficar-se-ia por dois volumes, correspondentes às tiras diárias publicadas em 1973 e 1974.