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25/09/2012

Piége Nuptial

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Christian de Metter
Casterman (França, Agosto de 2012)
185 x 260 mm, 128 p., cor, brochado com badanas
18,00 €
 
 
 
Resumo
Nick, um jornalista freelancer norte-americano, em viagem pela Austrália, entre duas reportagens, descura três aspectos fundamentais para sobreviver nas suas imensas planícies:
1)      Não conduzir de noite com os faróis acesos, pois pode-se atropelar um canguru:
2)     Ao recorrer a uma garagem para reparar a viatura, não dar boleia à primeira mulher bonita que aparece e, menos ainda, não ceder aos seus encantos;
3)     Pensar bem, antes de responder a uma pergunta feita durante a noite.
 
 
Desenvolvimento
Por coincidência, os dois livros já apresentados esta semana aqui, em As Leituras do Pedro, são adaptações de obras literárias. Mais, adaptações de obras literárias contemporâneas, fugindo, assim, à habitual apetência pelos clássicos.
Depois de George R. R. Martin, ontem, hoje é a vez de Douglas Kennedy, um norte-americano nascido em 1955, autor de alguns best-sellers, entre os quais “The Dead Heart” (1988), que esteve na origem do presente livro.
Na base da trama, está o facto de Nick ter falhado os três pontos acima enumerados e, em consequência, quando procurava a liberdade e os grandes espaços, dá por si privado da sua autonomia, da sua independência e da possibilidade de circular, sozinho em Wollanup, uma pequena comunidade isolada de estrutura patriarcal e praticamente desconhecida do mundo, para onde a sua “conquista” o arrastou com o propósito de com ele casar – casar com a vítima da sua “armadilha nupcial” de que fala o título francês.
Colocado nesta situação limite e de pesadelo, após uma descida aos infernos em que quase se destruiu, Nick terá primeiro de recuperar a sua autoconfiança, depois encontrar forma de sobreviver no meio de uma comunidade hostil dominada pela força e a violência e, finalmente, agir, contando com uma inesperada ajuda.
Sem adiantar mais, para não estragar o prazer da descoberta, posso adiantar que este é um thriller psicológico que, depois de um arranque que parece banal, facilmente cativa o leitor e o arrasta para a incómoda identificação com Nick.
E que – tal como o relato de ontem – conseguiu encontrar a forma de respirar num suporte narrativo diferente. Só que enquanto “O Cavaleirode Westeros” vivia das cenas de acção e do suporte dos textos de apoio, “Piége Nuptial” assenta em diálogos curtos mas incisivos, em sequências mudas e na transmissão de emoções como o desespero e o abandono e da enorme tensão psicológica que constitui a base da segunda parte da história.
Graficamente, De Metter, tem um excelente trabalho a aguarela, com uma paleta de cores impressionante, com a qual (nos) retrata quer os vastos desertos australianos, imensos, soalheiros, quentes e poeirentos em que nos apetece embrenhar-nos, quer a penumbra dos espaços em que Nick se vê confinado, quer as muitas cenas nocturnas. Tudo com um traço algo impreciso e enquadramentos fechados em que abundam os médios e grandes planos, que reforçam o clima de tensão e de intimidação e a violência psicológica a que Nick está sujeito, sustentado longamente o suspense quanto ao seu desfecho.
 
A reter
- A ideia original de “Piége Nuptial”
- A forma conseguida como De Metter transpôs para a BD este romance de Douglas Kennedy, conseguindo transmitir a tensão e a violência física e psicológica que se avolumam na segunda parte do relato até ao desfecho, de certa forma, libertador.
- O soberbo trabalho gráfico do autor.
 
Menos conseguido
- A página final, pois a visualização da cena de imediato desfaz o efeito pretendido.
 
 
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