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21/06/2013

Paulo Monteiro editado em Espanha

















Depois de ser considerado o Melhor Álbum de 2011 pelos Prémios Nacional de BD e a Melhor Edição Independente pelos Troféus Central Comics, e após as edições na Polónia e na França, “O Amor Infinito que te Tenho e Outras Histórias”, de Paulo Monteiro, fica hoje também disponível em espanhol, pelas Edicions de Ponent, sob o título “El Amor Infinito que te Tengo y Otras Historias”.

Em andamento estão as edições no Reino Unido e Irlanda - já em Julho? - e no Brasil - lá mais para o final do ano…

18/06/2012

El Arte de Volar










António Altarriba (argumento)
Kim (desenho)
Ediciones del Ponent (Espanha, 14 de Maio de 2009)
170 x 240 mm, 208 p., pb, brochado com badanas
22,00 €




“El Arte de Volar” é um livro sobre voar. Voar nas asas do sonho, voar pelas ambições que temos. Ou, vendo melhor, é um livro sobre sonhos por realizar, falhanços e frustrações.
“El Arte de Volar” é um livro que traça um retrato – duro, realista, factual - da sociedade espanhola do século XX. Um período de 100 anos que abarcou duas guerras mundiais e uma civil e uma ditadura, com as inevitáveis consequências sociais: a pobreza, a falta de bens essenciais, o choque inevitável entre amigos, vizinhos e conhecidos, a repressão, a perseguição política, a delação, a emigração…
 “El Arte de Volar” é uma história de ilusões: a ilusão da cidade para quem vive (na miséria) no campo. A ilusão da técnica e da tecnologia para quem trabalha com as mãos. A ilusão dos ideais para quem vive em ditadura. A ilusão do estrangeiro onde se busca o que o país não dá. A ilusão do regresso ao país natal, quando o estrangeiro nos trata igualmente mal. A ilusão do conhecimento A ilusão da religião. A ilusão da amizade. A ilusão do casamento. A ilusão…
“El Arte de Volar” é uma obra adulta, que mostra a maioridade de um género narrativo: as histórias em quadradinhos.
“El Arte de Volar” é uma história universal, pois retrata uma realidade que foi de muitos (espanhóis) ao longo de décadas.
“El Arte de Volar” é uma história particular, a de António Altarriba Lope, pai do argumentista, que se suicidou a 4 de Maio de 2001. Voando – literalmente – pela primeira e última vez, num voo picado de uma janela de um 4º andar até ao pavimento da rua que o recebeu de braços abertos. Voando – metaforicamente – pela primeira e última vez, rumo à felicidade que nunca gozou – ou pelo menos liberto desse anseio que nunca concretizou, liberto de todas as (muitas) correntes com que (um)a vida (de frustrações e desencantos) o agrilhoou.

A reter
- O tom profundamente humano - e adulto - deste relato desenhado, um fresco magnífico de um século de vida(s) do país aqui ao lado que poucas vezes conhecemos como poderíamos (deveríamos?) conhecer.
- A forma como Altarriba - o argumentista - se identifica com Altarriba - o protagonista e seu pai - fazendo suas as suas dores, as suas mágoas, as suas chagas, as suas frustrações, o seu desencanto, mas sem nunca cair na lamechice, na autocomiseração ou no lamento fácil, optando, apesar de toda a carga emocional – que viveu e partilha com o leitor - por um relato factual e com algum distanciamento, que torna mais pungente e doloroso o que através dele transmite.

Menos conseguido
- De férias em Madrid, no Verão passado, tinha este livro referenciado e estive com ele na mão. Mas, devido ao desenho, acabei por não o trazer. Perdi – não tudo graças ao empréstimo que entretanto me fizeram (obrigado Petracchi!) – a oportunidade de o ler mais cedo. E de reconhecer que o traço de Kim, se não é especialmente vistoso, é de uma extrema legibilidade e soube despir-se das suas características mais caricaturais para transmitir o tom realista adoptado pela narrativa, dando a primazia a esta, sendo apenas o veículo que sustenta uma grande banda desenhada. Uma grande história tout-court, independentemente do género narrativo utilizado para a narrar.

Curiosidade
- Entre muitas outras distinções, “El arte de Volar” recebeu o Prémio Nacional de Comic 20120, atribuído pelo Ministério da Cultura espanhol. Justamente, em meu entender, independentemente das outras obras a concurso.




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