Colección 100 % MAX
Garth Ennis (argumento)
Goran Parlov (desenho)
Lee Loughridge (cores)
Panini Comics
Espanha, Março de 2013
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochada com badanas
12,00 €
Resumo
Este volume compila os comic-books Fury Max #1 a #6,
originalmente publicados nos Estados Unidos.
Desenvolvimento
Este é um livro sobre guerras.
Sobre algumas guerras que os EUA perderam – directamente ou
por interpostos aliados - no último meio século: Indochina, Vietname, Cuba…
Guerras em que Nick Fury, herói da II Guerra Mundial – “com
uma bala na cabeça desde 1944”, que “não morre nem sequer envelhece muito” –
participa, de forma mais ou menos intensa.
É Nick Fury - talvez como chamativo para os leitores de
super-heróis – mas poderia ser uma qualquer outra personagem – anónima até –
porque ele pouco mais é do que um peão nos combates que os interesses
políticos, financeiros, ideológicos ou geoestratégicos alimentam.
Porque nas guerras aqui abordadas – sejamos francos, em
qualquer guerra – em que os amigos de ontem podem ser os opositores de hoje –
com as armas que nós fornecemos - em que aqueles contra quem disparamos há
alguns dias, disparam agora ao nosso lado, há sempre muitos interesses – e
interesseiros – que se sobrepõem ao lado humano.
Narrativa de tom crítico, com um olhar acusador sobre
políticos e militares – embora mais pudesse ser esperado de Garth Ennis… -
surpreende também – os habituais leitores Marvel, não os consumidores de BD
franco-belga – pelo tom mais adulto, pelas liberdades gráficas que revelam
mulheres nuas, cenas quentes, feridos e estropiados, que o traço realista –
embora nem sempre equilibrado – de Parlov realça.
Ennis, que revela aqui uma certa paixão pelo relato de
guerra, constrói uma narrativa dura, equilibrando cenas de combate com a
espionagem que se desenrola em oculto e a violência bélica pura e simples com
um certo tom de zombaria habitual neste argumentista, num relato pleno de tons
cinzentos e zonas de sombra, pois muito é dúbio e relativo, entre memórias,
velhas glórias, realidades deturpadas e relações fingidas, sendo deixada ao
leitor margem suficiente para (re)interpretar o que lê.
A reter
- O surpreendente tom adulto do conjunto, para quem procure
uma narrativa Marvel mais tradicional, mas que é apanágio do selo Max.
- Algumas das capas originais, graficamente interessantes e
diferentes no contexto editorial em que surgem…
Menos conseguido
- … embora não tenha sido muito feliz a escolha feita para
esta compilação.
- Alguns desequilíbrios do traço de Parlov.
- O recurso a “Nick Fury”, de certa forma retirado do seu
contexto habitual, como chamariz para a obra.