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28/06/2010

Le Poilu

Olivier de Rességuier (argumento e desenho)
Delcourt (França, Junho de 2010)
198 x 263 mm, 176 p., pb, cartonado


Esta é uma rocambolesca história, centrada na figura (cuja sombra ameaçadora está 8uase) sempre omnipresente, embora poucas vezes o vejamos na sua forma física) do Poilu (o barbudo), um misterioso assassino, saqueador, violador e ladrão cuja identidade e aspecto ninguém conhece pois aqueles que o viram não sobreviveram para o descrever. Este meliante, à frente de uma horda de guerreiros selvagens e violentos, engajados à força, impõe a lei do terror e do medo, assolando e incendiando todos os lugares habitados por onde passa.
Esta é também a história de dois vagabundos pouco recomendáveis, um gigante e um anão corcunda, que (por mera coincidência?) parecem seguir ou antecipar os passos do Poilu.
Esta é ainda a história de um estranho amor, entre o único sobrevivente – melhor, entre a cabeça (foi a única parte do corpo que escapou) do único sobrevivente - de um dos massacres do Poilu e uma jovem que, pensando o seu amado morto se tornou freira. Apesar das suas limitações –e de aparentemente o destino operar contra ela – a cabeça, que fala demasiado na opinião de muitos com quem se cruza, não desiste da busca pela sua amada.
Com estas personagens e algumas mais, igualmente estranhas e de difícil classificação, Rességuier constrói uma história a um tempo intrigante e divertida, que combina sonho, poesia e humor com cenas de perseguição, combate e acção, num tom que tem algo de teatral, de certa forma herdado da cena (realmente) passada no teatro, quase a abrir o livro, e assente em textos ricos e bem escritos, que muitas vezes obrigam a uma segunda leitura e cujo sentido absoluto só no final – que reserva (mais) algumas surpresas - se percebe.
Para o sustentar, Rességuier utiliza manchas de diferentes tons de cinzento que compõem as vinhetas preenchidas num traço fino, expressivo e envolvente – que por vezes (veja-se a capa) evoca um emaranhado (piloso…) que, se, é certo, nem sempre privilegia a legibilidade – por vezes é difícil distinguir os intervenientes -, contribui decisivamente para definir a atmosfera onírica e surrealista pretendida e para a originalidade deste relato.
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