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30/01/2017

Cadernos de Viagem

As viagens da vida

 “Todas as experiências, boas ou ruins, de algum modo acabam nos fazendo entender que elas fazem parte do caminho para nosso crescimento. (...) A experiência de viver é a maior de todas”
In Cadernos de Viagem

Geralmente associamos a expressão “cadernos de viagem” a um conjunto de esboços feitos durante visitas a algum lugar pelo autor. Aqui, Laudo Ferreira utiliza-a para dar título a uma viagem pelas memórias de Miguel, o protagonista - ou será que são mesmo dele, Laudo?

29/05/2014

Yeshuah III: Onde tudo está













13 anos depois, Laudo Ferreira (com Omar Viñole) conclui a tarefa (hercúlea) a que se propôs: contar em quadr(ad)inhos uma versão humanizada da vida de Jesus Cristo.
O resultado, lido já a seguir.

14/03/2012

Yeshuah









Assim em cima assim embaixo
O círculo interno o círculo externo
Laudo ferreira (argumento e desenho)
Omar Viñole (arte-final)
Devir Livraria (Brasil, Dezembro de 2009 e Agosto de 2010)
165 x 240 mm, 160 p. e 136 p., pb, brochado
R$ 23,00 / R$ 22,50



Resumo
Biografia ficcionada da vida de Jesus Cristo, assenta numa profunda pesquisa bibliográfica não só das tradições católicas e dos evangelhos canónicos mas também de escritos apócrifos.
O primeiro tomo aborda desde a concepção e nascimento de Cristo até ao seu encontro com João Baptista e o segundo mostra a sua permanência no deserto durante 40 dias, o estabelecimento e consolidação do seu ministério e o seu primeiro encontro com Judas Iscariotes.

Desenvolvimento
São muitas as biografias de Jesus Cristo existentes, umas mais romanceadas do que outras, o que não deve surpreender numa sociedade ocidental que se diz cristã e seguidora dos seus ensinos - embora a prática o demonstre muito pouco…
E nos últimos anos, de forma recorrente, também por culpa do sucesso mediático de algumas delas, temos mesmo assistido a uma proliferação de obras, potencialmente polémicas, que, mais do que colocar em causa Cristo, têm questionado a imagem que ao longo dos séculos a Igreja Católica foi (de)formando dele.
Este tríptico de Laudo Ferreira e Omar Viñole – o terceiro tomo e último tomo deverá ser editado no segundo semestre do corrente ano – pode bem encaixar-se nesta (abrangente) corrente criativa.
Não porque se adivinhe ou perceba nele a vontade de chocar, não porque se apreenda alguma intenção de polemizar, mas porque, para o preparar, Laudo Ferreira documentou-se - de forma série e aprofundada – em grande número de obras – históricas, canónicas e apócrifas - indo bem mais além da visão tradicional de todos mais ou menos conhecida, ao mesmo tempo que contextualiza a sua narrativa numa época histórica precisa, da qual faz uma boa recriação gráfica.
Até porque, o seu intuito era – e conseguiu-o – humanizar as personagens ligadas aos eventos de que Jesus foi protagonista, primeiro Maria, a sua mãe, depois o próprio Jesus. Não só porque os apresenta como seres humanos com fraquezas, hesitações, problemas, questões e dúvidas em relação ao que deles é exigido, mas também porque os despoja dos traços místicos e/ou divinos que normalmente lhe estão associados.
Para isso, sem entrar em pormenorização de explicações para o que de sobrenatural existe na história tradicional cristã, Laudo Ferreira leva as personagens a procurarem no seu interior a força, as razões, as motivações para realizarem – nem sempre linearmente – os feitos que lhe são atribuídos – embora nalguns casos fique a dúvida de como conseguiram lá chegar, como no caso da cura do cego.
Com isso, consegue uma obra de grande densidade emocional, muito estimulante – que deve ser lida de espírito aberto, sem preconceitos – cujo conteúdo não é preciso aceitar mas cuja leitura pode até ajudar a afirmar as crenças daqueles que têm fé.

A reter
- O dinamismo gráfico de uma obra que obriga a leitura atenta e ponderada.
- A consistência da narrativa, apesar de afrontar questões profundamente enraizadas na cultura e no senso comum ocidentais.

Menos conseguido
- Apesar de contribuir para a credibilização da obra, a utilização dos nomes originais dos diversos intervenientes, se não fará grande diferença à maioria dos leitores - dado o desconhecimento geral da cultura bíblica nos nossos dias - poderá causar alguma confusão – e quebra do ritmo de leitura - àqueles que estão mais familiarizadas com a Bíblia.
- O baptismo de Jesus por João Baptista, no final do primeiro tomo, segue o modelo católico, com o despejar de algumas gotas na sua cabeça. Algo pouco credível, ainda mais devido à investigação e à contextualização da acção na sua época histórica, sabendo que a palavra “baptizar” no original significa “imergir, mergulhar”…


29/02/2012

Histórias do Clube da Esquina











Laudo Ferreira (argumento e desenho)
Omar Viñole (arte-final e cor)
Devir Livraria (Brasil, Agosto de 2011)
160 x 230 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
R$ 22,50



Resumo
O Clube da Esquina foi o nome dado  à “esquina que ficava no cruzamento da rua Divinópolis com Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte”, local de encontro de gente jovem, entre os quais alguns músicos que, com as suas melodias e as suas letras, haveriam de fazer história na música popular brasileira.
Nomes como Lô Borges, Toninho Horta ou Milton Nascimento, aos quais outros se haveriam de juntar.

Desenvolvimento
Histórias do Clube da Esquina é um álbum que evoca a sua história, as suas histórias, combinando excertos de entrevistas, pequenas anedotas, episódios reais e o respectivo enquadramento histórico.
Aparentemente denso – o pequeno formato do álbum contribui para essa ideia (errónea) de pranchas cheias e com muito texto – Histórias do Clube da Esquina revela-se um surpreendente documentário em BD, bem estruturado e desenvolvido, sem momentos mortos nem palavras a mais, pelo equilíbrio que Laudo Ferreira conseguiu entre os diversos momentos apresentados, apesar da sua forte carga informativa.
Retrato emocional – da parte do autor, da parte dos entrevistados - de um momento único da música, da cultura brasileira, terá para além da sua consistência enquanto obra narrativa, um significado especial para a geração - as gerações – que cresceram a ouvir Milton Nascimento e os outros membros do Clube da Esquina, sim, mas também Chico Buarque, Maria Bethânia, Simone ou tantos outros que de uma ou outra forma foram por ele influenciados ou cantaram as suas canções.
Por isso, obrigado Laudo, obrigado Omar, pelas memórias que a sua leitura evocou, pelas memórias futuras que a sua leitura criou.

 A reter
- A conseguida ligação entre os vários registos do relato, cuja estrutura apresenta um dinamismo insuspeito à partida.
- A justa evocação de músicos e canções que marcaram gerações. E a mim!



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