
Philippe Squarzoni (argumento, desenho e cor)
Delcourt (França, Setembro de 2008)
167 x 257 mm, 80 páginas, bicromia, capa cartonada
Resumo
Quando Pierre vai ter com Catherine a uma pequena ilha da Bretanha, à estação ornitológica onde ela trabalha, conta passar a tarde e a noite com ela. Mas um contratempo obriga-a a ausentar-se, deixando-o sozinho. Decide então percorrer a ilha a pé, aproveitando para pôr algumas ideias em ordem.

Desde logo e, principalmente se, agora que é trintão, continua a viver como Peter Pan, uma eterna juventude, ou deve passar a agir como um adulto responsável, se prefere a(s) sua(s) liberdade(s) ou se se dedica à paixão pela sua “Wendy”, transformando-a numa relação estável e com perspectivas (bem sérias) de futuro.
O traço não seduz, algo estático, com tiques dos álbuns de sátira política a preto e branco que anteriormente fizeram o percurso do autor, parecendo por vezes as personagens sobrepostas nos fundos e não integrantes de um todo, e a planificação também não ajuda, por ser algo monótona e pouco dinâmica, quase sempre presa ao modelo de três tiras de duas vinhetas por página. Mas se isso contribui para algum arrastar da narrativa, serve também para lhe dar tempo “real”, ajudando-a a corresponder à tarde, encoberta, de céu pesado, que os tons de sépia adoptados reforçam, que Pierre tem para ocupar naquela pequena ilha que acaba por se revelar como a verdadeira protagonista da narrativa.

A reter
- O tom poético do relato e a forma como as emoções, os sentimentos, respiram nele.
- A forma como uma história em que “nada” acontece prende o leitor.
Menos conseguido
- O traço estático e a planificação pouco dinâmica.
- A forma pouco credível como os habitantes da ilha compartilham os seus segredos com Pierre.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente no BDJornal #24, de Outubro de 2008)
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