Depois da morte de Nina, co-protagonista inicial da série, esta centra-se no seu irmão, Rubens, e na situação político-social do Brasil, entre interesses
económicos encapotados, corrupção política e policial, guerras de gangues pelo controle das favelas e do tráfico de armas e de drogas, numa mudança sensível de orientação,
na qual é impossível não ver uma aproximação - mesmo que involuntária? - à situação actual naquele país.
Este assumir de uma faceta documental, mesmo que apenas como mais um elemento na construção ficcional levada a cabo por Louise Garcia e Corentin Rouge - tal como a exploração
do lado místico associado aos cultos que (ainda) têm um papel marcante n(algum)a sociedade brasileira - aporta um elemento extra de interesse à narrativa, enriquecendo-a e dando-lhe uma outra consistência,
que é reforçada pelo bom trabalho de construção das personagens e pela combinação das suas emoções e sentimentos com a acção global.
Tal como nos álbuns anteriores, Dieu pour tous e Les yeux de la favela, o ritmo continua a acompanhar as mudanças de cenário/situação/momentos da acção e o desenho
tem ganho em segurança, expressividade, dinamismo e à-vontade, quer nas cenas onde impera a violência, quer na representação da sensualidade das personagens femininas, quer no retrato - realista,
não turístico - do Rio de Janeiro, mais uma vez co-protagonista do relato, que - em claro contraste com todos os acontecimentos narrados - encerra com o seu lado mais mediático: o Carnaval.
Rio #3 - Carnaval Sauvage
Louise Garcia (argumento)
Corentin Rouge (desenho)
Glénat
França, 24 de Janeiro de 2018
240 x 320 mm, 80 p., cor, capa dura
EAN/ISBN: 9782344027875
17,50 €
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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