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19/07/2013

A Última Profecia II – As Mulheres de Emesa




  

Gilles Chaillet (argumento e desenho)
Christophe Ansar (participação no argumento)
Chantal Defachelle (cor)
NetCom2 Editoral
Portugal, Junho de 2013
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €


Depois de um tomo inicial entre o registo histórico e os (surpreendentes) contornos fantásticos de uma descida aos infernos, neste segundo volume Chaillet avança por aquela primeira temática, que lhe é reconhecidamente mais grata e na qual já tem provas dadas, expondo as tramas, conspirações, traições e golpes palacianos que têm lugar entre os que aspiram ao poder no império romano, nos primeiros séculos da era cristã, sejam eles oriundos do círculo militar, económico ou religioso.
Entre as aspirações do legado romano Sétimo Severo e dos seus descendentes, os seus adversários políticos, os praticantes dos sacrifícios de crianças - que todos parecem encobrir - e as mulheres de Emesa, adoradoras do Sol e do deus Baal, é todo um jogo de intrigas, no qual as vítimas – desprezáveis – se vão acumulando e ao qual, do inferno, Flaviano assiste, horrorizado e impotente, numa narrativa densa e bem urdida, que prende o leitor e o deixa em suspenso pelos três volumes que ainda falta editar.
A planificação, menos tradicional do que à primeira vista pode parecer – e do que esperariam os que já conhecem Chaillet como discípulo de Jacques Martin e autor de Vasco – recorre com frequência a vinhetas de maior dimensão, que podem mesmo ocupar boa parte de duas páginas contíguas e que permitem admirar de forma mais digna o traço pormenorizado do autor e a reconstrução histórica rigorosa e competente de cenários e construções levada a cabo nesta obra.

14/02/2013

A Última Profecia I

Viagem aos Infernos




  
Gilles Chaillet (argumento e desenho)
Christophe Ansar (participação nos cenários)
Chantal Defachelle (cor)
NetCom 2 Editorial
(Portugal, Fevereiro de 2012)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €



Resumo
Após o assassinato da esposa, durante a ocupação de Roma pelos exércitos cristãos do imperador Teodósio e do seu mestre de armas Estilicão, Flaviano não hesita em ir ao próprio inferno para a tentar resgatar da morte.

Desenvolvimento
Se as opções editoriais da NetCom 2, numa primeira vista de olhos, parecem (demasiado?) clássicas, quer “Keos”, quer esta “A Última Profecia”, se não (re)negam aquela etiqueta, conseguem mesmo assim surpreender pelo tom fantástico que acrescentam ao relato mais tradicional.
Se em “Keos” havia aparições do deus Osíris, aqui Chaillet vai mais longe, enviando o protagonista, Flaviano, ao inferno em busca da alma da sua esposa.
No entanto, na leitura das primeiras trinta e tal pranchas nada o parece indiciar, dando este discípulo de Jacques Martin uma lição de como narrar História aos quadradinhos, com rigor factual mas também com liberdade ficcional num relato dinâmico que consegue captar a atenção do leitor e cativá-lo. Relato esse que mostra o confronto entre os romanos politeístas e os cristãos monoteístas, com estes desde logo a mostrar pouco amor e caridade, optando antes por impor pela força a sua vontade e crenças, contrariando claramente os ensinos daquele que diziam seguir. Tal como sempre aconteceu desde então…
Para a conquista do leitor atrás referida, contribui igualmente o traço realista e pormenorizado mas desenvolto e com espaço para respirar, em grande parte devido à opção (quase sempre) de apenas três tiras por página o que permite vinhetas menos preenchidas e mais legíveis.

A par disso, nas primeiras páginas, Chaillet mais do que uma vez opta por pranchas duplas, com tiras longas que as ocupam de uma extremidade à outra, conseguindo magníficos planos de conjunto e imprimir uma dinâmica de leitura que se contrapõe à maior dose de informação necessária para o arranque da história.
Depois, já na fase final deste tomo – o primeiro de cinco, o último dos quais foi terminado por Ansar, devido ao falecimento do criador da série – quando a temática histórica já captara na íntegra o interesse do leitor, dá-se o volte-face com a descida (literal) aos Infernos do protagonista.
O que ela nos irá trazer – e muito fica prometido - fica reservado para o segundo tomo, porque para já está quase tudo em aberto e as respostas dadas são quase nenhumas.


A reter
- A surpresa da combinação do relato histórico inicial com o tom claramente fantástico que ele depois assume.
- O grafismo de Chaillet, com o rigor conhecido e a mais-valia de uma planificação mais desenvolta.
- A boa edição da NetCom 2 Editorial: boa encadernação, bom papel, boa impressão…

Menos conseguido
- … que, também por isso, merecia uma legendagem à altura.
- Mais uma vez, a parca distribuição que o álbum tem. O que, ao fim e ao cabo, tem que ser aceite, devendo cada um dos potenciais leitores vencer a tradicional inércia e proceder à encomenda online, no site da editora


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