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13/03/2013

Ella Mahé #1


La joven de los ojos heterocromos







Maryse e Jean-François Charles (argumento)
Jean-François Charles e André Taymans (desenho)
Jean-François Charles e Bruno Wesel (cor)
NetCon2 Editorial
Espanha, Março de 2012
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €



Resumo
Ella Mahé, restauradora de manuscritos antigos, aproveita um trabalho no Museu do Cairo para visitar alguns dos lugares mais emblemáticos da História do Egipto.
À chegada a Abu Simbel, conhece Thomas Reilly, arqueólogo e neto de um dos companheiros de Howard Carter na descoberta do túmulo de Tutankámon, que lhe revela estar na pista do túmulo de uma princesa que tinha uma particularidade física especial: um olho negro e outro azul. Tal como Ella Mahé.

Desenvolvimento
Por vezes, a proximidade dificulta a visão. Durante anos “fornecedora” de (boa) banda desenhada aos leitores portugueses, a Espanha parece hoje mais distante do que os “longínquos” Estados Unidos.
Alguns dirão que os gostos mudaram, mas para os que continuam a ler franco-belga, as edições em castelhano poderão ser uma boa alternativa, em especial se o francês é um impedimento…
A chegada da NetCom2 Editorial ao nosso país, despertou-me a curiosidade para o seu catálogo original (em castelhano) que conta mais de uma centena de títulos, divididos em três grandes categorias: obras de Jacques Martin, BD histórica e linha clara (nova e clássica).
Entre eles, encontrei este volume inicial de Ella Mahé (já integralmente editada em quatro tomos que abordam períodos específicos da História egípcia) cuja leitura evocou em mim boas recordações da viagem que fiza esse país já lá vão uns bons aninhos, pois com a protagonista pude rever alguns dos locais que então visitei.
A narrativa está dividida em duas partes, uma com 10 pranchas desenhadas por Jean-François Charles, correspondentes ao período actual, e as restantes com o traço de Bruno Wesel, que abordam o período do início do século XX em que se deu a descoberta do túmulo de Tutankámon.
Esta estrutura mantém-se nos tomos seguintes, que contam com outros desenhadores convidados: Francis Carin, Brice Goepfert e Christophe Simon.
No presente álbum, essa dualidade criativa é algo desconcertante, pois ao traço mais delicado, realista e sensual de Charles, servido por um colorido mais suave e diáfano, segue-se uma linha clara pura e de cores planas, embora em ambos os casos os tons e a luminosidade respeitem e se adeqúem ao cenário em que a trama decorre.
Esta, assume inicialmente um tom romântico e misterioso, que capta facilmente a atenção do leitor, mas que aos poucos se combina com um registo ficcional e histórico, para tudo terminar de forma algo inesperada e até desconcertante, deixando ao leitor a interpretação das questões que ficam em aberto.

A reter
- Tal como as edições lançadas em Portugal, este álbum tem bom papel, impressão e acabamentos, tendo o “bónus” de ter uma legendagem bem próxima da original da série.
- O clima de mistério e conspiração que se prolonga ao longo das páginas.
- O reencontro (para mim…) com locais que me marcaram bastante.


18/04/2011

Far Away

Jean-François e Maryse Charles (argumento)
Gabrielle Gamberini (desenho)
Colecção Roman BD
Glénat (França, 23 de Março de 2011)
185 x 260 mm, 144 p., cor, cartonado, 25 €


Resumo
Martin Bonsoir é um camionista a quem o demasiado tempo passado na estrada fez esquecer a capacidade de apreciar o que o rodeia.
O acaso – uma tempestade de neve – vai fazer com que se cruze com Esmé, uma mulher mais velha do que ele, que, em troca da sua ajuda, o convence a levá-la consigo no camião.


Desenvolvimento
Por vezes, não há como dourar ou desenvolver os textos sobre um livro. Não pela sua fraca qualidade ou interesse, mas porque há histórias simples que não precisam de ser mais do que isso.
Este Far Away é um desses casos. A história de uma relação (não tão improvável como um primeiro olhar pode inferir) entre dois seres aparentemente muito diferentes. Cujas motivações, desejos, necessidades vamos conhecendo conforme eles as vão descobrindo ou expondo. Até porque a sua relação, para crescer e se fundamentar, tem que passar por momentos tensos, por crises de confiança, mesmo por separações, retratadas com grande realismo e credibilidade.
Mais resumidamente, este é um relato agradável sobre relacionamento, confiança e partilha. Sobre apreciar o mundo, o que nos rodeia, a vida (enquanto dura).
Não que o seu tom seja lamechas, até porque o final, apesar de relativamente (in)feliz – sim, possui esta dualidade… - convida mais a pensar do que a chorar ou a abrir a boca num sorriso de irreal felicidade tonta. E a seguir em frente, de preferência com uma nova perspectiva da existência e da forma de a aproveitar.
O argumento, do casal Charles, embora consistente e bem sustentado – dentro da (falsa) simplicidade já referida - é bastante linear, apenas com duas (relativas) inflexões, a inicial, já desvendada no resumo, necessária para que o resto funcione, e a que conduz ao desfecho, que o leitor adivinha mais cedo que o protagonista.
Quanto ao desenho de Gabrielle Gamberini, é nele evidente o facto de esta italiana ser também pintora, pois faz de cada vinheta um quadro a guache. E se denota alguma falta de dinamismo, de alguma forma compensado pelo reduzido número de vinhetas por prancha, o que ajuda a BD a respirar, isso acaba por ser uma limitação menor pois o argumento também não o exige. Sobram, também, para compensar, algumas vinhetas belíssimas, como a que abre a história, de página inteira, que obrigam o olhar a demorar-se em contemplação.
Contribuindo, assim, também, para que se cumpra uma das premissas da história: a importância de prestar atenção às coisas pequenas, aos pormenores.


A reter
- Por vezes é bom parar com a correria diária, atentar nas coisas simples, repensar prioridades. Este (belo) livro contribui para isso.
- Algumas vinhetas que mostram que Gabrielle Gamberini, sem ser uma grande autora de banda desenhada, é, no entanto, uma boa pintora.


Menos conseguido
- A falta de dinamismo e de movimento das personagens.
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