La joven de los ojos heterocromos
Maryse e Jean-François Charles (argumento)
Jean-François Charles e André Taymans (desenho)
Jean-François Charles e Bruno Wesel (cor)
NetCon2 Editorial
Espanha, Março de 2012
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €
Resumo
Ella Mahé, restauradora de manuscritos antigos, aproveita um
trabalho no Museu do Cairo para visitar alguns dos lugares mais emblemáticos da
História do Egipto.
À chegada a Abu Simbel, conhece Thomas Reilly, arqueólogo e
neto de um dos companheiros de Howard Carter na descoberta do túmulo de
Tutankámon, que lhe revela estar na pista do túmulo de uma princesa que tinha
uma particularidade física especial: um olho negro e outro azul. Tal como Ella Mahé.
Desenvolvimento
Por vezes, a proximidade dificulta a visão. Durante anos “fornecedora”
de (boa) banda desenhada aos leitores portugueses, a Espanha parece hoje mais
distante do que os “longínquos” Estados Unidos.
Alguns dirão que os gostos mudaram, mas para os que
continuam a ler franco-belga, as edições em castelhano poderão ser uma boa
alternativa, em especial se o francês é um impedimento…
A chegada da NetCom2 Editorial ao nosso país, despertou-me a
curiosidade para o seu catálogo original (em castelhano) que conta mais de uma
centena de títulos, divididos em três grandes categorias: obras de Jacques
Martin, BD histórica e linha clara (nova e clássica).
Entre eles, encontrei este volume inicial de Ella Mahé (já
integralmente editada em quatro tomos que abordam períodos específicos da
História egípcia) cuja leitura evocou em mim boas recordações da viagem que fiza esse país já lá vão uns bons aninhos, pois com a protagonista pude rever alguns dos
locais que então visitei.
A narrativa está dividida em duas partes, uma com 10
pranchas desenhadas por Jean-François Charles, correspondentes ao período actual,
e as restantes com o traço de Bruno Wesel, que abordam o período do início do
século XX em que se deu a descoberta do túmulo de Tutankámon.
Esta estrutura mantém-se nos tomos seguintes, que contam com
outros desenhadores convidados: Francis Carin, Brice Goepfert e Christophe
Simon.
No presente álbum, essa dualidade criativa é algo
desconcertante, pois ao traço mais delicado, realista e sensual de Charles,
servido por um colorido mais suave e diáfano, segue-se uma linha clara pura e de
cores planas, embora em ambos os casos os tons e a luminosidade respeitem e se adeqúem
ao cenário em que a trama decorre.
Esta, assume inicialmente um tom romântico e misterioso, que
capta facilmente a atenção do leitor, mas que aos poucos se combina com um registo ficcional e histórico, para tudo terminar de forma algo inesperada e até desconcertante,
deixando ao leitor a interpretação das questões que ficam em aberto.
A reter
- Tal como as edições lançadas em Portugal, este álbum tem
bom papel, impressão e acabamentos, tendo o “bónus” de ter uma legendagem bem
próxima da original da série.
- O clima de mistério e conspiração que se prolonga ao longo
das páginas.
- O reencontro (para mim…) com locais que me marcaram
bastante.