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20/01/2012

L’enfant cachée










Loïc Dauvillier (argumento)
Marc Lizano (desenho)
Greg Salsedo (cor)
Le Lombard (Bélgica, 13 de Janeiro de 2012)
202 x 268 mm, 80 p., cor, cartonado
16,45 €


Resumo
1940. As leis racistas e discriminatórias em vigor na França ocupada, fazem com que se multipliquem as humilhações sobre os judeus.
Na noite em que a história começa, a pequena Dounia, cuja vida, repleta de amigos, até aí era agradável e divertida, recebe do seu pai uma “estrela de xerife” para ajudar a que tudo se mantenha em ordem. Só alguns dias depois, face à mudança de atitude de professores, colegas e vizinhos, compreenderá (parte d)o seu real significado.

Desenvolvimento
Por vezes, a melhor forma de falar das coisas complicadas é de forma simples e directa. É o que fazem os autores deste álbum, que recontam a história de Dounia, uma menina judia, cujos pais foram presos em França durante a II Guerra Mundial, por serem judeus.
E fazem-no através da própria protagonista, cujas lágrimas evocaram a curiosidade da menina de quem hoje é avó e a quem conta a sua dolorosa experiência. E ao fazê-lo assim, aumentam a proximidade e a identificação com ela por parte dos seus leitores, porque esta obra – que os adultos também devem ler - é destinada àqueles que têm hoje sensivelmente os 6, 7 anos que Dounia tinha então.
O álbum evita chocar gratuitamente – o desenho é sempre contido, o que é narrado não vai além do necessário – mas Loïc Dauvillier não deixa de evocar os horrores inomináveis da descriminação racial, a dor da separação, os traumas de viver escondida ou a cruel certeza de que o pai de Dounia foi uma das muitas vítimas dos campos de concentração nazis.
O traço de Marc Lizano, é, também ele, simples mas muito legível e especialmente expressivo, em grande parte devido à grande dimensão das cabeças das personagens relativamente aos corpos, e constitui uma mais-valia para captar a atenção dos leitores.
É evidente que Dounia teve muita sorte – muita mais do que as 11 400 crianças judias então assassinadas em França devido à sua raça - e o livro, de forma contida e sensível, evoca claramente o que há de melhor no ser humano, através daqueles que contribuíram para que ela se salvasse.
Por isso, também, num tempo em que estão a desaparecer as últimas testemunhas de um dos maiores horrores de que a humanidade foi capaz, recrudesce a sua importância e a urgência de manter viva esta memória pois “quem esquece o seu passado, está condenado a voltar a vivê-lo” (Primo Levi).

A reter
- A forma sensível e contida mas verdadeira como o tema é tratado. Com a crueldade indispensável, mas com uma doçura e uma poesia que a atenuam sem a esconder.

Curiosidades
- O álbum foi editado numa parceria com a AJPN – Anonymes, Justes et Persecutés durant la période Nazie dans les communes de France…
- … e será objecto de uma exposição em Angoulême 2012, no Espace Franquin.


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