#1 – Slow PlayCrisse (argumento)
Herval (desenho)
Drugstore (França, 24 de Agosto de 2011)
215 x 293 mm, 48 p., cor, cartonado
11,50 €
Resumo
Uma competição de poker reúne num cruzeiro em alto mar alguns dos melhores jogadores do mundo. E, atrás do prémio prometido de 30 milhões de dólares em dinheiro vivo, alguns dos maiores ladrões do planeta, entre os quais a misteriosa La Contessa, temida pelas seguradoras e pelos especialistas em segurança dos grandes museus mundiais.
Desenvolvimento
Durante anos, uma das imagens de marca que a banda desenhada franco-belga desenvolveu e afirmou (muito bem) foi a da banda desenhada juvenil de aventuras. Sem que daí viesse mal ao mundo, bem pelo contrário, pois muitas foram as obras de eleição que marcaram e deliciaram gerações de leitores.
Nessa fonte – inesgotável – continuam a beber muitos dos criadores actuais, sem que daí venha, também, qualquer mal ao mundo. Ou à banda desenhada.
La Contessa, anunciado (pela editora) como um dos momentos altos da rentrée aos quadradinhos, é um dos exemplos possíveis.
Na linha de filmes como Ocean’s Eleven – citado no álbum – reúne um grupo de seis ladrões de eleição, famosos pelos seus golpes “impossíveis” que pretendem dar o grande golpe e desviar o chorudo prémio para os próprios bolsos. Entre eles está La Contessa, uma ladra italiana, sensual e misteriosa, que terá um papel fundamental no golpe por… razões que deixo aos leitores descobrir porque o ponto forte desta história é o efeito surpresa do seu desfecho que exemplifica – mais uma vez – que nem sempre tudo o que parece é…
Crisse, embora não deslumbre – e não assine, por isso, uma BD ao nível dos melhores clássicos do género, atrás evocados - desenvolve bem a história, de forma sustentada, distribuindo pistas diversas, criando o suspense necessário e guiando (empurrando?) o leitor como, lhe apraz, até à surpresa final.
Para que a obra pudesse estar uns furos mais acima seria necessário que Herval tivesse dado mais do que o que demonstrou nas páginas deste álbum (mas que se consegue adivinhar numa ou noutra sequência, como naquela que abre o álbum). Porque, globalmente, o seu traço revela-se preso, apesar de algum dinamismo provocado pela diversidade de enquadramentos, e não especialmente atraente, faltando um toque de realismo para dar maior autenticidade e credibilidade ao todo que, no entanto, está bem trabalhado ao nível da cor.
Sobra, no final um relato de tom policial, ligeiro e agradável q.b., para ocupar um final de tarde ao pôr-do-sol…
A reter
- O argumento original de Crisse, coroado pelo desfecho surpreendente.
Menos conseguido
- O trabalho gráfico de Herval ao nível do tratamento das personagens.