Júlio Resende, um dos grandes pintores portugueses contemporâneos, de obra (re)conhecida, faleceu ontem e vai ser muito falado por estes dias. Aqui, nas minhas Leituras, quero evocar uma faceta menos conhecida da sua obra, as histórias aos quadradinhos que fizeram parte do seu percurso artístico durante quase duas décadas.
A sua estreia no género deu-se nas páginas do Jornal de Notícias, a 26 de Fevereiro de 1933, no suplemento infantil “Para os Pequeninos”, contava o futuro mestre 17 anos. No mesmo espaço, aliás, fizera a sua estreia impressa, dois anos antes, em 25 de Dezembro.
Nos anos seguintes, a sua criação nesta área, já para jornais diários e semanários infantis, a par da produção de desenhos publicitários, intensificou-se, em boa parte pela necessidade de fazer dinheiro para ajudar a pagar o seu curso na Escola de Belas-Artes do Porto.


Outra das suas criações mais celebradas aos quadradinhos é a dupla Matulinho e Matulão, protagonistas de peripécias e desgraças nas páginas de O Primeiro de Janeiro, entre 1942 e 1952.

Naquele jornal, Júlio Resende colaborou também com desenhos infantis, cartoons e construções de armar e ilustrou os célebres calendários de Matulinho e Matulão, que sobreviveram às bandas desenhadas e duraram até aos anos 70.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Setembro de 2011)