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03/10/2012

Golias T.1 – Le Roi Perdu



 
  
 
 
 
 
 
Serge Le Tendre (argumento)
Jêrome Lereculey (desenho)
Stambecco (cor)
Le Lombard (Bélgica, 28 de Setembro de 2012)
237 x 310 mm, 48 p., cor, cartonado
14,45 €
 
 
 
Resumo
Para ficar com o trono da ilha de Ankinoë, Polynos envenena o rei Farstal, seu irmão. Para o salvar, será necessário ir em busca de uma flor mágica que apenas floresce numa ilha distante.
A tarefa é assumida por Golias, filho do rei, juntamente com o seu companheiro Konios e o mago Sarhan, que partem deixando o pai a agonizar e a irmã Aeréna em risco devido à lascívia do seu primo Varon.
 
Desenvolvimento
Esta é uma história clássica mil vezes contada; uma história de intrigas e cobiças, conspirações e assassinatos, motivados pelo desejo do poder. Assenta num traço dinâmico, cujo grau de realismo vai crescendo ao longo das páginas, adequando-se melhor ao tom geral do relato, e num agradável trabalho de cor, apesar da opção por um limitado leque cromático.
A diferença é feita por Serge Le Tendre, argumentista exímio que a soube dotar de um cenário sempre sugestivo, a Grécia antiga lendária, de certa forma a fazer lembrar outro díptico de sua autoria, “Tirésias” (edição portuguesa da Vitamina BD), embora o contexto seja distinto.
Para além disso, combinou muita acção e um elevado ritmo narrativo com diversas surpresas e inflexões argumentais, que aguçam a curiosidade do leitor e vão dando consistência ao conjunto, aprofundando o carácter dos intervenientes e desenvolvendo o micro-universo criado.
Dessa forma, entre conspirações palacianas, traições, golpes de asa, situações delicadas e desfechos imprevisíveis, os “heróis” da história acabam por partir em busca do tal tratamento milagroso, sem saberem que deixam para trás uma situação bem mais grave do que são capazes de imaginar.
De tal forma que ao leitor custa a imaginar como Le Tendre conseguirá resolvê-la a contento dos supostos protagonistas, no próximo volume que, devendo ser o encerrar de um díptico, pelo que já foi mostrado poderia bem ser o prometedor início de uma longa série de aventuras.
 
A reter
- A nova roupagem de um tema recorrente.
- O bom tratamento gráfico que lhe foi dado, que contribui para tornar mais agradável uma leitura sem mais ambições do que permitir ao leitor passar um bom bocado. O que é conseguido.
 
Menos conseguido
Golias – como aliás Tirésias – é um daqueles casos em que o leitor se pergunta por que razão a história não é contada num só volume, em vez do (artificial) díptico. A resposta assenta com certeza em dois factores: prazos e razões comerciais. 


10/02/2010

Séraphin et les animaux de la forêt + Humphrey Dumbar le croquemitaine

Praticamente ignorada por cá (quando não vilipendiada ou exorcizada – vade retro quadradinhos!) a banda desenhada infantil é fundamental, não só como complemento na iniciação à leitura, mas também para a criação de novos públicos para a 9ª arte.
Banda desenhada infantil, escrevi atrás, no sentido de adequada – em termos de escrita, de temática, de desenho… - não infantilóide, como se escrita a pensar em seres com dificuldades de compreensão, para não dizer mais…
Atento a isto, o mercado francófono recebe regularmente títulos para este segmento, até para combater a influência crescente dos manga junto dos mais novos.
Eis dois exemplos que mostram na prática duas formas de o concretizar.

Séraphin et les animaux de la forêt
David Chauvel (argumento)
Jérôme Lereculey (desenho)
Louise (cor)
Delcourt (França, Março de 2008)
320 x 240 mm, 62 p., cor, cartonado

O primeiro, “Séraphin et les animaux de la forêt”, tem carácter lúdico/didáctico, sem que isso signifique ser maçudo ou aborrecido. Pelo contrário.
Espécie de pequena enciclopédia animal, traça em histórias breves de 6 páginas, ao longo das quais somos guiados por um pequeno gomo da floresta, cuja altura serve de escala para os animais retratados, entre os quais a raposa, o cervo, o esquilo, a cobra ou o mocho, fornecendo sobre eles um sem número de informações, do tamanho ao tempo de vida, da alimentação ao habitat, mas sem cansar dada a forma leve e mesmo divertida como Chauvel, um dos argumentistas mais profícuos e heterogéneos da Delcourt, consegue dilui-la. Para isso contribui em muito a planificação dinâmica e extremamente movimentada da obra, que alterna entre grandes plano, planos de conjunto, close-ups aos animais ou cortes dos terrenos onde eles vivem, tudo associado ao traço realista e muito agradável de Lereculey, servido por belas cores.

Humphrey Dumbar le croquemitaine
Emmanuel Civiello (argumento e desenho)
Delcourt (França, Março de 2008)
300 x 230 mm, 32 p., cor, cartonado


De comum com este título, para além da editora e do público-alvo, “Humphrey Dumbar le croquemitaine“, tem também um autor consagrado, o belga Emmanuel Civiello, de quem a Vitamina BD tem no catálogo “Korrigans” e “Sementes de loucura”.
Esta é a história de um papão, que passa as noites a assustar meninos para se alimentar os seus gritos e choro. Até que uma noite, um miúdo mais corajoso se esconde no seu saco, acabando por ir parar ao mundo mágico dos contos onde ele vive, cujas leis e equilíbrios vai alterar, numa narrativa leve e divertida, ritmada e dinâmica, com um final inesperado.
O traço de Civiello, ao mesmo tempo evocador de monstros e temores, quanto de seres ternos, como Jimmy, o rapazinho corajoso, e do mais mágico que o imaginário infantil pode conter, é o ideal para dar corpo a uma história que nos faz sonhar com mundos em que um dia vivemos.

(Versão revista e actualizada do texto publicado originalmente no BDJornal #23 – Verão de 2008)
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