Colecção écritures
Charles Masson
Casterman (França, Agosto de 2012)
170 x 240 mm, 176 p., pb, brochado com badanas
14,00 €
Este livro
deixou-me uma sensação estranha. Apesar da leitura envolvente e bem disposta,
passei o volume todo à espera do golpe de asa, da surpresa, do toque de génio.
Que não aconteceu.
Assente num
magnífico traço semi-caricatural, vivo e agradável, tingido com manchas de
cinzento que definem volumes e ambientes, escrito com desenvoltura, algum humor,
um toque erótico e um ritmo quase frenético, La dernière femme leva o leitor à
boleia de Albert, na recordação das suas conquistas amorosas e das suas proezas
sexuais - dos seus fracassos e separações dolorasas também - mais de duas dezenas de mulheres, mais exactamente, uma para cada letra do
alfabeto, de A a Y, de Annie a Yolaine. Mas, apesar de tudo - apesar de todas - continua solteiro, solitário, com tendência para a melancolia e a auto-depreciação.
Uma vida
inteira movida pela paixão pelo belo sexo, na procura deste mas também de
relações mais ou menos estáveis e numa busca interior de si mesmo, sem nunca
conseguir encontrar(-se verdadeiramente e à) sua “cara metade”.
A seu lado (estamos
nós e) está Al, um jovem que viaja à boleia, que Albert recolhe como ouvinte
privilegiado e confidente inesperado e com quem irá irá descobrir uma
identificação quase total e intrigante – ou talvez não como o leitor acabará
por (intuir ou) descortinar.
No final, qual
sessão de psiquiatria concluída, após virar a última página deste road-movie
existencial que questiona o mais interior do ser humano, sobra a tal sensação
de copo meio cheio - ou vazio…