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25/02/2013

Bienvenue à Jobourg











Pascal Rabaté
Futuropolis
França, 10 de Janeiro de 2013-02-21 195 x 265 mm, 80 p., pb, cartonado
16,00 €


Este livro, fruto de uma residência artística feita por Pascal Rabaté em Joanesburgo, África do Sul, em 2003, tem como protagonista Patrick, um jovem francês acabado de chegar a Joanesburgo para trabalhar na gráfica de um amigo do seu pai. Só que, atingido pelo azar, vê a empresa falir e o dono impossibilitado de lhe pagar o ordenado devido e mesmo o bilhete de avião para ele regressar.
Perante a nova situação, sozinho na capital de um país desconhecido, a tentar dar os primeiros passos na democracia e que possui uma das mais altas taxas de criminalidade e violência do mundo, Patrick vê-se dividido entre a vontade de regressar a todo o custo e a de prolongar a sua estadia e desfrutar da hospitalidade e do acolhimento do povo acolhedor que mora no Soweto, nos subúrbios da capital, que começa a compreender e a admirar.
Através dele – dos seus sustos e descobertas – Rabaté transmite um pouco do que ele próprio experimentou, utilizando um traço simples mas eficaz, muito dinâmico e expressivo, quase dando (a falsa) ideia que foi desenhando as situações ao mesmo tempo que as viveu – embora os croquis feitos no local, que ocupam as últimas páginas do livro, se revelem mais detalhados e completos que o traço do relato em si!
Nesta dualidade, entre a narrativa ficcional e a reportagem documental, “Bienvenue à Jobourg” cativa pela simplicidade do relato, deixando no final a sensação de que o livro terminou rápido demais e a vontade de acompanhar Patrick durante mais algum tempo.


17/01/2013

Crève Saucisse









  
Pascal Rabaté (argumento)
Simon Hureau (desenho)
Futuropolis
França (10 de Janeiro de 2013)
195 x 265 mm, 80 p., cor, cartonado
16 €



Resumo
Didier é talhante, fã de banda desenhada e… um marido enganado pelo seu melhor amigo, desde as últimas férias que os dois casais passaram juntos.
Por isso, nada mais natural que arquitectar uma vingança, tendo por inspiração uma das suas bandas desenhadas de referência.

Desenvolvimento
Se há casos em que a ficção (aos quadradinhos) imita a realidade ou que a realidade imita a ficção (aos quadradinhos), a existirem, não devem ser muitos os casos como este em que a ficção (aos quadradinhos) imita (uma outra) ficção aos quadradinhos!
A história parece  enganadoramente banal: o marido descobre a traição, segue a mulher diversas vezes para confirmar, arquitecta um plano para se vingar e recuperar a  companheira, põe-no em prática e… algo corre mal.
Só que, “Crève Saucisse”, desenhado num traço solto e dinâmico por Hureau, que se revela bastante expressivo apesar da sua aparente simplicidade, está escrito de forma consistente e com um humor negro e ácido por Rabaté, o que o transforma em puro divertimento, bem ritmado e até com diversos momentos de suspense o relato da progressiva degradação da relação do casal.
Na sua leitura, enquanto (involuntariamente?) torcemos pelo sucesso do marido enganado, aparentemente um homem pacato e tranquilo que se revelará capaz de grandes horrores, que vai descarregando a sua fúria na carne que retalha, vamos acompanhando a passo e passo a descoberta da traição e a preparação do plano para recuperar a sua mulher, Sandrine, e livrar-se do seu amigo Eric, em novas férias em conjunto, durante as quais porá em prática os mais variados estratagemas para impedir que os dois consigam estar sós.
Mas, para além de teatro de costumes, “Crève saucisse”, é também uma bela homenagem ao magnífico “Gil Jourdan – La voiture immergée”, de Maurice Tilieux, bem como a muita da BD franco-belga, mostrada aqui e ali ao longo do relato. Aquela obra de Tillieux serve de base para Didier arquitectar o seu plano, levando o seu “concorrente” ao local real que a inspirou.
No final, no entanto, como esta BD é apenas um reflexo duma outra ficção (em BD), nem tudo acaba bem para o protagonista, cujo plano não resulta tão bem quanto pensava… denunciado por um insuspeito herói de (outra) BD…
O que, aos seus olhos - os olhos de alguém cuja mente está distorcida pelos quadradinhos que lê! - não se revela tão grave assim, porque com certeza existirá uma outra banda desenhada a imitar na (sua) vida real, para reparar o que a primeira acabou por destruir!

A reter
- O humor negro do relato, divertido e surpreendente.
- A legibilidade do traço de Hureau.
- A bela homenagem a Tillieux, expressa também nas sequências do álbum original redesenhadas e incluídas no actual relato.
- A conseguida ligação entre as duas narrativas desenhadas.


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