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13/06/2012

Rocher Rouge #2

Kwangala Connection











Eric Borg (argumento)
Renart (desenho)
Casterman/KSTR (França, Junho de 2012)
190 x 227 mm, 128 p., cor, cartonado
16,00 €

Resumo
A aguardada continuação de Rocher Rouge, iniciado em 2009 com uma escapada de um grupo de jovens para uma ilha deserta paradisíaca, que se transformou em horror e massacre.
Agora, descobrimos que Eva e JP escaparam ao seu destino e estão apostados em vingar-se de forma cruel e atroz dos seus carrascos de então.

Desenvolvimento
Este livro – melhor, o primeiro tomo desta série – tem para mim um significado especial. Foi devido à sua leitura – à necessidade premente que senti de partilhar essa experiência com outros - que este blog nasceu.
Não terá sido propriamente a primeira pedra de As Leituras do Pedro – porque a ideia então já há germinava há algum tempo - mas antes uma espécie de gota que fez transbordar o copo e deu o impulso de que eu necessitava.

A acção deste segundo tomo – possível mas não obrigatório face ao desfecho do primeiro – começa poucos dias depois do seu trágico final. A ligação estabelecida por Borg – que nasce logo na capa, que retoma uma das imagens fortes do primeiro livro - é credível e consistente. Pistas que aparentemente não o eram revelam o seu significado, sinais espalhados pelas últimas cenas ganham uma nova leitura.
Ao mesmo tempo, o âmbito da acção alarga-se. São reveladas ligações entre o tráfico de órgãos humanos com origem na tal ilha e o governo estabelecido de Kwangala, introduzem-se novas personagens e descobrimos que a terrível experiência vivida pelos seis jovens amigos afinal deixou dois sobreviventes, JP e Eva.
Que, de regresso à ilha, vão encontrar os seus algozes e devolver, com redobrada violência e atrocidade, mais do que aquilo que sofreram, em páginas com sangue a rodos que justificam o epíteto de terror que esta BD pode facilmente ostentar, reforçado pelo clima de tensão e a ansiedade que perpassam por muitas das suas páginas.
Só que, quando pensávamos que tudo tinha já terminado – mais uma vez – Borg tem o condão de nos voltar a surpreender, com um inesperado desenvolvimento que – e esse é o ponto mais fraco deste díptico – culminará de forma elíptica à boa maneira dos filmes de terror série B.
Neste regresso a Rocher Roug,e Borg abandona a parceria com Sanlaville (ou terá sido o contrário?), surgindo Renart como responsável gráfico da obra.
Da inevitável comparação com o primeiro tomo, se em termos de cores pouco ou nada há a dizer – pois continuam vivas, intensas e fortes, embora menos planas, perfeitamente justificadas pelo clima tropical e exótico em que a acção decorre – em termos de desenho senti algumas saudades.
O traço de Sanlaville era sensual, expressivo, preciso, quase uma linha clara um pouco distorcida.
Agora, Renart, se mantém uma planificação dinâmica e ágil – embora lhe faltem as mudanças bruscas de pontos de vista que Salanville impunha com a utilização de ousados picados e contrapicados - e apresenta um grafismo mais solto, também revela um traço menos pormenorizado, menos expressivo (, menos seguro…?), mais próximo do esboço, o que nalgumas cenas acaba por ter o efeito contrário ao desejado, diluindo num todo mais impreciso os pontos fulcrais das cenas que deveriam ter mais impacto.

A reter
- As boas recordações que este livro despertou em mim, pelo significado de Rocher Rouge na génese deste blog.
- A perfeita ligação que Borg estabelece entre a acção dos dois tomos.
- O ritmo elevado e o alto nível de suspense que se mantêm…

Menos conseguido
- … apesar do final algo simplista, daqueles que se utilizam quando não se sabe bem o que fazer …
- … e da menor espectacularidade gráfica deste volume, em perda na inevitável comparação com o tomo original.


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