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02/06/2010

A Primeira República na Génese da BD e no Olhar do século XXI

“A Primeira República na Génese da BD e no Olhar do século XXI” é o tema da exposição que é inaugurada hoje, pelas 19h, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI), na Amadora.
Integrada nas Comemorações do Centenário da República – e contando com versões actualizadas por Richard Câmara do Quim e Manecas, criados em 1915 por Stuart Carvalhais, como “patronos” - a exposição integra pranchas originais, reproduções, jornais, revistas, livros e outros materiais datados dos últimos 100 anos, que mostram como artes como a BD, a ilustração, o cartoon e a caricatura evoluíram e se desenvolveram após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
A mostra – de que existirá uma versão itinerante a partir de Setembro - estará patente no CNBDI até 5 de Outubro, sendo depois integrada no 21º Festival Internacional de BD da Amadora, que se realiza entre 22 de Outubro e 7 de Novembro. Integrada na programação nacional de banda desenhada a desenvolver no âmbito das comemorações do Centenário da República, a exposição está dividida em cinco núcleos: “A 1ª República e a Amadora” (comissariado por João Castela Cravo), “A Caricatura Modernista e a 1ª República” (Osvaldo Macedo de Sousa), “O Primeiro Filme de Animação Português” (Paulo Cambraia), “A Génese da Moderna Banda Desenhada Portuguesa” e “A 1ª República na Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea” (ambos coordenados por João Paulo Paiva Boléo).
Durante a inauguração os actores Filipe Leitão e Paulo Lajes e o desenhador Pedro Leitão, dramatizarão diversas caricaturas da autoria de Leal da Câmara, um dos autores que mais se destacou graficamente no ataque à monarquia.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Junho de 2010)

25/05/2010

A República e a Banda Desenhada

Se a banda desenhada nacional – os seus autores – foram muitas vezes empurrados para o nicho dos relatos históricos – quer por força das limitações que a censura impôs, quer por ser uma área onde a concorrência estrangeira não se fazia sentir – a verdade é que raramente essas abordagens se deram na época contemporânea. Por isso, períodos tematicamente muito ricos – e até com grande potencial para relatos ficcionais de base histórica – como o 25 de Abril ou a resistência ao fascismo durante a ditadura, são quase virgens no que aos quadradinhos diz respeito. O mesmo se passa também com o período conturbado que levou à proclamação da República, em 1910. E para a qual a BD e, principalmente a caricatura e o cartoon, também contribuíram com a sua quota-parte, através das críticas desenhadas por autores como Celso Hermínio, Leal da Câmara ou Francisco Valença.
Assim, se os acontecimentos que antecederam o 5 de Outubro de há um século atrás, já foram várias vezes mostrados nos quadradinhos lusos, foram-no sempre numa perspectiva histórica. É o que acontece no quarto tomo da “História de Portugal em B.D. – A revolução da Liberdade” (Edições ASA, 1989), em que o historiador A. Do Carmo Reis e o desenhador José Garcês, um veterano da 9ª arte, cultor de um estilo realista rigoroso, dedicaram algumas pranchas aos acontecimentos que antecederam a sublevação dos republicanos, concretizada depois no capítulo “Viva a República!”.
O mesmo fizeram Oliveira Marques e Filipe Abranches num episódio de seis pranchas no segundo volume da sua “História de Lisboa” (Assírio & Alvim e C.M. Lisboa, 2000), mas desta vez num estilo mais moderno e arrojado, em que a legibilidade das imagens predomina sobre o texto, reduzido ao mínimo para enquadrar os acontecimentos, mais mostrados na sua crueza do que relatados.
Mas, sobre este tema, sem dúvida que a obra mais significativa é “Mataram o Rei!... Viva República” (reedição da Âncora Editora em 2008), que abarca o período de 1880 a 1910, explorando não só a revolução em si como os diversos aspectos que levaram a que ela fosse desencadada. Assinado pelo veterano José Ruy, que conta mais de 60 anos no exercício da BD, assenta na habitual pesquisa documental, rigorosa e exigente, traduzida depois numa correcta representação de edifícios, veículos e indumentárias e na completa descrição dos factos.
Isto acaba por secundarizar um pouco a base do enredo, que aborda, que parte de três jovens – Manuel, monárquico, João, republicano, e Madalena, a sua irmã - para a descrição dos eventos, onde participarão de forma activa, o primeiro por despeito, pois Madalena, sua namorada há-de ter uma relação com o rei D. Carlos, e o segundo por convicção.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 23 de Maio de 2010)
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