Conhecendo já Victor Santos de relatos policiais de tom negro e violência a rodos, em que o grafismo, inevitavelmente, embora com todas as diferenças óbvias, evoca o de Frank Miller em Sin City, avancei para este Intachable ancorado em certezas que - para o bem e para o mal - se revelaram infundadas, com o que eu dava como certo a sair (mais ou menos) gorado num relato sobre o compadrio, as relações esconsas e a corrupção activa, existentes entre a política e o sector da construção. Em Espanha, no caso, como poderia ser em Portugal - ou, certamente, em diversas outras latitudes e/ou longitudes.
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14/04/2020
Intachable: 30 años de corrupción
Conhecendo já Victor Santos de relatos policiais de tom negro e violência a rodos, em que o grafismo, inevitavelmente, embora com todas as diferenças óbvias, evoca o de Frank Miller em Sin City, avancei para este Intachable ancorado em certezas que - para o bem e para o mal - se revelaram infundadas, com o que eu dava como certo a sair (mais ou menos) gorado num relato sobre o compadrio, as relações esconsas e a corrupção activa, existentes entre a política e o sector da construção. Em Espanha, no caso, como poderia ser em Portugal - ou, certamente, em diversas outras latitudes e/ou longitudes.
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Brian Azzarello (argumento)
Victor Santos (desenho)
Delcourt (França, 20 de Abril de 2011)
167 x 257 mm, 200 p., pb, brochado com badanas, 14,95 €
Resumo
Este é o segundo volume de uma nova colecção da Delcourt, que publicará bandas desenhadas provenientes do selo Vertigo, pertencente ao catálogo da DC Comics, e que foi iniciada em Março com Le Frisson, de Jason Starr e Mick Bertilorenzi.
O seu protagonista é Richard Junkin, um falhado. Antiga glória do futebol universitário, afastado do desporto por uma lesão, desde então sonha com a fama que a sua prática – em qualquer ocupação – desmente.
Quando o seu patrão lhe pede para deixar o lugar de vendedor de automóveis – em que mais uma vez é uma nulidade – para se tornar o anjo da guarda da sua filha – um chamariz de sarilhos – Junkin está longe de imaginar os sarilhos em que se está a meter.
Desenvolvimento
Este é mais um elo na longa corrente da relação entre a banda desenhada e o policial.
Bem escrita e desenvolvida, a história reúne todos os ingredientes clássicos do género: um protagonista, falhado mas simpático, que parece ter conseguido o seu momento de sorte na vida, um crime que (parece) perfeito, paixão, sexo, violência, traições, surpresas…
Azzarello demonstra a habitual mestria na sua condução. Uma longa introdução para conhecermos Junkin, o seu passado, curto mas glorioso, o presente, longo e decadente, bem como as outras personagens que o acompanharão ao longo da trama.
Depois, o desenvolvimento, de certa forma paralelo, da sua relação com Vicki, a filha mimada do patrão e Sally. A forma como se aproxima da primeira sem esquecer a segunda, o que o conduzirá a um primeiro homicídio. Avançando, segue-se o adensar da trama, a criação de álibis, culpados improváveis ou falsos e o final surpreendente onde, apesar de alguns ajustes, (quase) tudo - todos – volta(m) ao seu lugar.
Em suma, uma história dinâmica e bem ritmada, com potencialidade para segurar o leitor…
… mas que poderia ser bem mais interessante se o desenhador, o espanhol Victor Santos, tivesse sabido acompanhar o seu argumentista ou, pelo menos, manter um traço estável ao longo do livro. Porque, na verdade, esta obra revela um autor em busca da sua identidade gráfica, oscilando entre vinhetas ao nível de (maus) fanzines, com outras cujos modelos são claramente Eduardo Risso e Frank Miller. A par disso, se por vezes consegue apresentar um traço perfeitamente legível, vinhetas há que são quase incompreensíveis, merecendo também nota negativa o tratamento muitas vezes dado aos rostos, inacabados ou com expressões forçadas.
Por isso, o resultado global, desequilibrado e longe dos modelos gráficos seguidos, não ultrapassa o mediano, desperdiçando os créditos concedidos pelo argumento.
A reter
- O argumento de Azzarello, estruturado, credível, com personagens bem definidas, com tudo para agradar aos apreciadores do género e não só.
Menos conseguido
- O traço de Santos, desigual e poucas vezes inspirado.
Curiosidade
- Filthy Rich é o título original do livro.
Brian Azzarello (argumento)
Victor Santos (desenho)
Delcourt (França, 20 de Abril de 2011)
167 x 257 mm, 200 p., pb, brochado com badanas, 14,95 €
Resumo
Este é o segundo volume de uma nova colecção da Delcourt, que publicará bandas desenhadas provenientes do selo Vertigo, pertencente ao catálogo da DC Comics, e que foi iniciada em Março com Le Frisson, de Jason Starr e Mick Bertilorenzi.
O seu protagonista é Richard Junkin, um falhado. Antiga glória do futebol universitário, afastado do desporto por uma lesão, desde então sonha com a fama que a sua prática – em qualquer ocupação – desmente.
Quando o seu patrão lhe pede para deixar o lugar de vendedor de automóveis – em que mais uma vez é uma nulidade – para se tornar o anjo da guarda da sua filha – um chamariz de sarilhos – Junkin está longe de imaginar os sarilhos em que se está a meter.
Desenvolvimento
Este é mais um elo na longa corrente da relação entre a banda desenhada e o policial.
Bem escrita e desenvolvida, a história reúne todos os ingredientes clássicos do género: um protagonista, falhado mas simpático, que parece ter conseguido o seu momento de sorte na vida, um crime que (parece) perfeito, paixão, sexo, violência, traições, surpresas…
Azzarello demonstra a habitual mestria na sua condução. Uma longa introdução para conhecermos Junkin, o seu passado, curto mas glorioso, o presente, longo e decadente, bem como as outras personagens que o acompanharão ao longo da trama.
Depois, o desenvolvimento, de certa forma paralelo, da sua relação com Vicki, a filha mimada do patrão e Sally. A forma como se aproxima da primeira sem esquecer a segunda, o que o conduzirá a um primeiro homicídio. Avançando, segue-se o adensar da trama, a criação de álibis, culpados improváveis ou falsos e o final surpreendente onde, apesar de alguns ajustes, (quase) tudo - todos – volta(m) ao seu lugar.
Em suma, uma história dinâmica e bem ritmada, com potencialidade para segurar o leitor…
… mas que poderia ser bem mais interessante se o desenhador, o espanhol Victor Santos, tivesse sabido acompanhar o seu argumentista ou, pelo menos, manter um traço estável ao longo do livro. Porque, na verdade, esta obra revela um autor em busca da sua identidade gráfica, oscilando entre vinhetas ao nível de (maus) fanzines, com outras cujos modelos são claramente Eduardo Risso e Frank Miller. A par disso, se por vezes consegue apresentar um traço perfeitamente legível, vinhetas há que são quase incompreensíveis, merecendo também nota negativa o tratamento muitas vezes dado aos rostos, inacabados ou com expressões forçadas.
Por isso, o resultado global, desequilibrado e longe dos modelos gráficos seguidos, não ultrapassa o mediano, desperdiçando os créditos concedidos pelo argumento.
A reter
- O argumento de Azzarello, estruturado, credível, com personagens bem definidas, com tudo para agradar aos apreciadores do género e não só.
Menos conseguido
- O traço de Santos, desigual e poucas vezes inspirado.
Curiosidade
- Filthy Rich é o título original do livro.
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