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15/05/2014

Tarzan: Tiras Diárias #1




“… quando a magia e a fantasia andavam de mão dada com a aventura”.
Esta frase, com que Rafael Marin conclui a introdução deste livro, resume-o perfeitamente. Ou quase, pois falta-lhe dizer que nele, a arte de Russ Manning, em Tarzan, foi restaurada como só Manuel Caldas sabe fazer.
Para comprovar já a seguir.

15/01/2014

Aniversário Quádruplo


Começar o ano com o pé direito parece ter sido em tempos o lema dos sindicatos de distribuição de BD para os jornais nos Estados Unidos. A 7 de Janeiro festejaram o aniversário quatro heróis clássicos dos quadradinhos, que alimentaram – e ainda alimentam…? - os sonhos de sucessivas gerações.
Descubra quais, já a seguir.

28/10/2012

Tarzan nasceu há 100 anos

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há 100 anos, a selva ouviu pela primeira vez o grito poderoso de Tarzan, um selvagem branco, filho de um nobre inglês, criado por gorilas.
 
A sua origem, narrada em Tarzan of the Apes, publicado em episódios na revista All-Story Magazine a partir de Outubro de 1912 e editado em livro em 1914, é bem conhecida: durante um motim, os revoltosos desembarcaram na costa africana um nobre inglês, John Greystoke, e a sua esposa, que estava grávida. Meses depois, ela morreria ao dar à luz um menino. O mesmo aconteceria com o marido, passadas algumas semanas, durante um ataque de gorilas que levaram consigo o bebé.
Tarzan – “pele branca” na linguagem dos símios – cresceria no seu meio, como um selvagem. Já na adolescência, encontrou a cabana que o pai tinha construído, aprendendo a ler nos seus livros e compreendendo porque era diferente de Kala, a sua mãe adoptiva e dos outros gorilas. Após derrotar o líder do seu bando, tornou-se no senhor da selva, respeitado pelos animais e temido pelos indígenas. Anos mais tarde, uma expedição que procurava o pai encontrou-o; foi assim que conheceu a bela Jane, que se tornaria sua companheira.
Edgar Rice Burroughs (1875-1950), que os correios norte-americanos acabam de homenagear com a emissão de um selo de correio alusivo a este centenário, para além de criador de outras sagas extraordinárias, como John Carter de Marte ou Pellucidar, o mundo pré-histórico no centro da Terra, fez Tarzan viver novas aventuras ao longo de mais de duas dezenas de romances, desenvolvendo o universo do mito que o cinema e a BD se encarregariam de alargar e tornar mais popular.
 
Foi para o grande ecrã que Tarzan saltou primeiro, logo em 1918, em Tarzan of the Apes, da National, filme mudo protagonizado por Elmo Lincoln. Para ouvir o senhor da selva gritar a plenos pulmões foi necessário esperar até 1932, quando Johnny Weissmuller, contracenando com a sensual Maureen O´Sullivan (Jane), se estreou em Tarzan of the Apes, da Metro-Gwoldin-Mayer. Weissmuller, campeão olímpico de natação, protagonizaria mais 11 filmes, até final da década de 1940, destacando-se posteriormente as interpretações de Lex Barker e Gordon Scott.
No total foram 53 os filmes de Tarzan, entre as quais se conta a versão animada da Disney, de 1999. Actualmente, há notícias não confirmadas de duas novas versões cinematográficas, associadas a nomes de peso. Uma delas, da Warner Bross., teria David Yates como realizador, depois de três filmes de Harry Potter, e Tarzan seria interpretado pelo multi-campeão olímpico Michael Phelps que, depois das 22 medalhas conquistadas, seguiria assim o percurso de Weissmuller; a outra, da Summit Entertainment, reuniria de novo Reinhard Klooss e Kellan Lutz, depois da experiência conjunta na saga Crepúsculo.
 
Quanto à banda desenhada, só “descobriu” Tarzan em 1929, quando Joseph H. Neebe encarregou um certo Hal Foster de desenhar uma adaptação do romance original de Burroughs (editada em português pela Libri Impressi). Foster, que desenhou ainda as páginas dominicais de Tarzan entre 1931 e 1937, viria a tornar-se mundialmente famoso como criador do Príncipe Valente.
Foram inúmeros os desenhadores que se encarregaram das aventuras aos quadradinhos do senhor da selva, destacando-se Burne Hogarth, pela qualidade anatómica e dinamismo do traço, Russ Manning pelo desenho limpo e agradável, e Joe Kubert , responsável pela versão mais dura e agreste de Tarzan.
Estreados em Portugal nas páginas do Diabrete, em 1941, os quadradinhos de Tarzan, que nos anos 50 chegaram a ser proibidos pelos Serviços de Censura, marcaram também presença no Cavaleiro Andante e no Mundo de Aventuras, tendo mesmo protagonizado diversas revistas com o seu nome.
 
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2012)
 

Selos & Quadradinhos (90)

Stamps & Comics / Timbres & BD (89)


Tema/subject/sujet: Edgar Rice Burroughs e Tarzan
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2012

26/12/2011

Burne Hogarth

O maior desenhador de Tarzan 
O norte-americano Burne Hogarth, considerado por muitos o maior desenhador de Tarzan nos quadradinhos, nasceu a 25 de Dezembro de 1911, fez ontem exactamente 100 anos.
Natural de Chicago, revelou tendência para o desenho desde pequeno, o que levou o seu pai, um simples carpinteiro, a fazer poupanças de modo a inscrevê-lo no Art Institute of Chicago, onde foi admitido aos 12 anos, tendo aprofundado os seus conhecimentos de arte, anatomia e ciências.
Três anos depois, devido ao falecimento do pai, Hogarth teve que começar a trabalhar em publicidade. Em 1929, teve o primeiro contacto com os quadradinhos, como desenhador da tira diária Ivy Hemmanhaw, de pouco sucesso.
Como consequência da Grande Depressão, mudou-se para Nova Iorque, tendo começado a trabalhar como assistente para o King Features Syndicate em 1934, onde, após ter desenhado uma série de piratas, Pieces of Height (1935), sucederia a Hal Foster (futuro criador do Príncipe Valente) na prancha dominical de Tarzan, onde se estreou a 9 de Maio de 1937.
A mudança de artista trouxe progressivamente alterações gráficas à série, na qual Hogarth empregou os seus conhecimentos de anatomia e de arte, combinando classicismo e expressionismo, para obter pranchas de uma grande plasticidade, extremamente dinâmicas e de um esplendor barroco, com um retrato realista e selvagem do herói e dos indígenas e animais com quem se cruzava e que Portugal viu pela primeira vez no Diabrete #101, de 5 de Dezembro de 1942.
A sua ligação ao rei da selva, que revolucionou a forma de narrar aos quadradinhos e lhe valeu o epíteto de “Miguel Ângelo da BD”, prosseguiria até 1950, com um ligeiro interregno (1945-1947) durante o qual se dedicou ao desenho de Drago, uma obra pessoal.
Paralelamente, Hogarth começou também a ensinar desenho na School of Visual Arts, que ajudou a fundar, tendo passado a dedicar-se inteiramente ao ensino após abandonar Tarzan, devido a desentendimentos sobre questões financeiras e de direitos de autor, leccionando disciplinas práticas e de história das artes e escrevendo e desenhando manuais de anatomia que se tornaram uma referência para gerações de artistas.
O apelo da selva e de Tarzan far-se-ia ouvir de novo já na década de 1970, quando recriou em BD dois livros baseados na personagem de Edgar Rice Burroughs que, pela sua qualidade e inovação – duas autênticas graphic novels antes do tempo - lhe valeram diversos prémios.
A morte encontrou-o em Paris, França, a 28 de Janeiro de 1996, um dia após ter sido justamente homenageado no Festival Internacional de BD de Angoulême.








(Texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Dezembro de 2011)

09/06/2010

Tarzan: A Origem do Homem-Macaco e Outras Histórias

Joe Kubert (argumento e desenho)
Devir Livraria (Brasil, Maio de 2010)
165 × 240 mm, 208 p., cor, brochado com abas


Tarzan foi um dos heróis que mais me marcou e ao qual ainda volto com prazer – não igual, porque a minha idade, as minhas experiências, a minha mentalidade, a minha própria concepção do mundo, em geral, e da banda desenhada, em particular, são outras – mas, ainda, prazer.
Possivelmente – eu pelo menos acredito nisso – porque o tenha lido na altura certa, quando era capaz de me maravilhar com o seu exotismo, a sua selvajaria, as suas aventuras…
Entre os diversos autores que passaram por Tarzan, dois ouve que me marcaram especialmente, apesar das suas concepções gráficas e narrativas serem (quase) diametralmente opostas: Russ Manning (de traço limpo, imaculado, pormenorizado, anatomicamente perfeito, belo, delicado, se assim o posso definir) e Joe Kubert (com um traço sujo, agressivo, violento, selvagem como Tarzan, os animais da selva e o seu mundo). Mais tarde, descobri (e maravilhei-me plasticamente) também (com) Burne Hogarth, mas já vivia então um tempo diferente…
No Brasil, país onde a indústria (e o mercado) de “quadrinhos” existe(m) e atravessa(m) um bom momento, acaba de sair este tomo com as primeiras histórias de Tarzan feitas por Kubert e são as mesmas que o (para mim saudoso) Mundo de Aventuras publicou a partir de 1975. E que correspondem à origem do homem-macaco, adaptando o primeiro romance escrito por Edgar Rice Burroughs, o “pai” de Tarzan. Uma origem que Kubert, (re)cria de forma violenta, animal mesmo, encenando, possivelmente, o mais selvagem de todos os Tarzan que a BD conheceu, mais próximo dos animais em cujo meio foi criado e sobrevive, do que dos seres humanos a cuja raça pertence.
O traço de Kubert – pormenorizado, eficaz, muito dinâmico – é agreste, intimida quase – vejam-se as cenas em que Tarzan se exalta mais – transporta-nos para uma selva bem mais real (e assustadora) do que a maior parte das versões em banda desenhada da criação de Burroughs.
Com excepção de uma, talvez, onde Kubert foi beber muita da sua inspiração, nalguns casos decalcando poses e vinhetas: a primeira aventura de Tarzan nos quadradinhos, a que Manuel Caldas há poucos meses editou, recuperada e restaurada, da forma que só ele é capaz de fazer.

Curiosidade
- Numa das histórias deste tomo, algumas das pranchas são da autoria de Burne Hogarth.

11/02/2010

Tarzan
















Pranchas Dominicais de Russ Manning
Vol. 1 – 1968-1970
Vol. 2 – 1970-1972
Bonecos Rebeldes (Portugal, Setembro de 2007 e Fevereiro de 2008)
240 x 340, 136 p., pb, brochada com badanas

Entre muitas leituras, incluindo algumas grandes obras que tenho compartilhado com os que se dão ao trabalho de me lerem, confesso que a que me deu maior prazer nos últimos tempos foi este Tarzan de Russ Manning.
Não por se tratar de uma excelente edição da Bonecos, em formato italiano, com excelente reprodução da arte de Manning.
Não pelo traço vigoroso, dinâmico e bem proporcionado do autor, que produziu o "mais limpo" Tarzan de sempre, rigoroso na reprodução de veículos, fantástico no tratamento dado a homens (e belíssimas mulheres) e animais, capaz de (quase) nos fazer sentir a humidade das verdejantes selvas africanas, o calor abrasador dos desertos, o nevoeiro denso dos mundos misteriosos que Tarzan descobre, os cheiros intensos de homens e animais, capaz de transmitir dor, raiva, fúria, alegria ou surpresa pela simples expressão dos rostos.
Não foi, ainda, pelas histórias, bem ritmadas e planificadas, que combinam episódios quase ecológicos com aventura pura, o estranho fascínio da selva com os mundos fantásticos que Burroughs imaginou, o confronto desigual entre as civilizações branca e negra.
Foi, apenas (?!), tão só (?!) porque nele reencontrei um dos meus heróis de juventude, o seu universo forte e sedutor, os brados arrepiantes de Tarzan, como "Kreegah!" ou "Bundolo", que preencheram muitas das minhas brincadeiras; porque nele relembrei imagens ou sequências completas, fortes e marcantes, que a minha memória guardou, como os combates com os homens-formiga, os homens primitivos de Opar, a sua sedutora rainha La debruçada sobre o homem-macaco deitado na pedra do sacrifício, Tarzan entrando em combate à frente dos seus animais, a sua selvagem celebração de vitória com os grandes macacos… Porque (re)descobri um encantamento que o tempo não foi capaz de apagar.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Outubro de 2007)

Na pista de Tarzan: Akim, Zembla e os outros

Há 60 anos, nascia Akim, herói de quadradinhos populares imaginado em Itália que, como muitos outros, antes e depois de si, bebia muita da sua inspiração no Tarzan imaginado por Edgar Rice Burroughs no início do século XX.
No caso de Akim, a colagem ao primeiro homem-macaco branco, era feita quase ao pormenor: os pais naufragaram na costa africana e foram mortos por feras, sendo o bebé adoptado por uma gorila. Cresceu entre os macacos, aprendeu a sua linguagem, desenvolveu uma assinalável musculatura e desenvolveu amizade com os animais. Tornou-se um justiceiro da floresta, temido pelos nativos, inimigo de traficantes e bandidos, mas também combateu sábios loucos e explorou civilizações perdidas, na senda da literatura popular de aventuras. E não hesitava em colocar temporariamente de lado a sua tanga feita de pele de leopardo para vestir roupas comuns e aventurar-se na selva urbana para combater delinquentes ou polícias corruptos. Durante as suas aventuras, partilhadas com um babuíno (Zig), um gorila (Kar), um elefante (Baroi) e um leão (Rag), descobriu ser herdeiro de uma grande fortuna, conheceu a bela Rita – com quem viveu “escandalosamente” durante anos sem se casarem (!) - e adoptou o pequeno Jim.
A sua estreia, a 10 de Fevereiro de 1950 foi na revista “Albo Gioello”, num formato semelhante ao dos cheques, criado pelo argumentista Roberto Renzi e o desenhador Augusto Pedrazza, que com ele granjearam grande popularidade, não só em Itália, mas igualmente na França e no Brasil. Com o novo alento que lhe deu a Sérgio Bonelli Editore, em 1976, a sua revista prolongou-se por 41 anos e mais de 750 números. Durante anos distribuído em Portugal em edições brasileiras, Akim teve uma edição nacional de curta duração, nos anos 70, da responsabilidade da Palirex.
Na senda do seu sucesso, numa óptica de concorrência, mas num tom mais paródico, em 1963, em França, nas páginas da “Special Kiwi”, nasceria Zembla, criado por Marcel Navarro e desenhado por diversos artistas italianos, entre os quais Pedrazza, o mesmo de Akim. Criado por leões, como traços distintivos tinha o cabelo negro e longo e uma tira de pele que lhe cruzava o tronco, e era acompanhado por um leão, um gato-selvagem, um canguru, um pigmeu e um mágico! O sucesso repetiu-se e Zembla – que gozou de enorme popularidade na… Turquia (!) - sobreviveu até 1994. Em Portugal foi publicado na colecção Tigre e teve tamb´m direito a revista nacional própria de algum sucesso, pois durou cerca de meia centena de números.
Mas as imitações do mito do selvagem branco, popularizado no cinema, especialmente nos filmes interpretados por Johnny Weissmuller, e na banda desenhada, com as inexcedíveis versões de Harold Foster, Burne Hogarth e Russ Manning, não se ficariam por aqui e teriam mesmo as mais díspares origens e desenvolvimentos. Entre elas, conta-se também “Korak”, o filho (legítimo, com Jane) de Tarzan, também criação de Burroughs, que nos quadradinhos viveu aventuras a solo ou em conjunto com o(s) seu(s) progenitor(es), a partir dos anos 60, muitas delas publicadas em português, inclusive em revista própria, por onde também passou o talento de Manning.
Nalguns casos com variantes, como “Fishboy: Denizen of the Deep”, um comic inglês publicado entre 1968 e 1975, escrito por Scott Goodall, cujo protagonista, abandonado numa ilha deserta, foi adoptado por tubarões, conseguindo comunicar com eles e respirar debaixo de água.

Diferente também era Yataca, criação francófona do mesmo período mas de maior longevidade, que nos primeiros episódios narrava as aventuras de uma criança selvagem na Amazónia. Ao fim de uma vintena de números, sem qualquer explicação, tornou-se adulto e mudou-se para África. Entre os seus desenhadores conta-se o português Vítor Péon, tendo alguns episódios da sua autoria sido publicados pela Portugal Press, numa publicação com o nome do herói. No mesmo registo, Péon criaria também Zama, cuja existência foi no entanto bastante curta.
A Marvel tem também o seu bom selvagem, Ka-Zar, “clone” de Tarzan criado em 1936 por Bob Byrd; três décadas mais tarde, foi remodelado por Stan Lee e Jack Kirby, que o transportaram para a Terra Selvagem, uma zona de clima tropical em plena Antártida onde ainda existem dinossauros, dando-lhe por companhia Zabu, um tigre dentes-de-sabre. A sua integração no universo Marvel proporcionou-lhe
aventuras com o Homem-Aranha ou o Demolidor.
Entre as versões de Tarzan mais curiosas conta-se "Jungle no Ouja Ta-chan", um manga (bd japonesa) criado por Tokuhiro Masaya que originaria uma versão animada de tom humorístico em que o “herói”, trapalhão e casado com uma obesa e mandona Jane, podia ser visto a lavar e estender roupa. Animada, também, e bem mais ligeira foi a versão da Disney, cujo filme, datado de 1999, originaria uma série televisiva com a sua infância e uma versão aos quadradinhos.
A um outro nível, refira-se Karzan, uma versão pornográfica do senhor da selva de origem franco-belga, que teve direito a edição nacional logo a seguir ao 25 de Abril com capas do pintor Carlos Alberto Santos.
No campo das curiosidades, refira-se que nos anos 90, na febre dos “crossovers”, Tarzan, ele próprio, o original, viveria nos quadradinhos incongruentes (pelo menos...) parcerias com Batman, Superman ou Fantasma e defrontaria mesmo o cinematográfico Predator…
Mas não se pense que apenas os homens emularam Tarzan, pois as suas versões femininas também abundam nas histórias aos quadradinhos.
Rima, a primeira “mulher selvagem”, aliás, é até anterior à criação de Burroughs, uma vez que protagonizou “Green Mansions: A Romance of the tropical forest”, um romance de William Henry Hudson datado de 1904, ou seja oito anos antes de “Tarzan of the Apes”. Seria no entanto preciso esperar quase mais sete décadas para ver esta heroína nos quadradinhos, por onde entretanto já tinham passado muitas congéneres suas como Shanna the she devil (uma heroína da Marvel), Judy, Tygra, Jann, Tiger Girl, Rulah ou Kara, todas elas “senhoras da selva”, que associavam ao exotismo natural do tema uma sensualidade inevitável face à sua reduzida indumentária.
Entre todas, no entanto, a mais famosa é sem dúvida Sheena, queen of the jungle, ou não tivessem sido os seus criadores Will Eisner (o mesmo do incontornável Spirit) e Jerry Iger. Sheena, aliás, foi a primeira heroína anglo-saxónica da banda desenhada a ter uma revista com o seu nome, logo em 1937, ano da sua criação, tendo tido diversas reedições e novas versões até à actualidade, entre as quais se destacam as assinadas por Dave Stevens e Frank Cho.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 10 de Fevereiro de 2010)

10/12/2009

Tarzan dos Macacos

Condensação da novela de Edgar Rice Burroughs
Harold R. Foster (desenho)
Libri Impressi (Novembro de 2009)
230 x 215 mm, 72 p., pb, brochado com badanas

Resumo

A história de Tarzan, o rapaz branco adoptado pelos grandes gorilas africanos que cresceu como um selvagem e o seu posterior contacto com a civilização dos seus pais e com compatriotas, é um dos grandes mitos do século XX, criado na literatura e depois ampliado pelo força das imagens do cinema e da banda desenhada.

Desenvolvimento
Este tomo, recupera a adaptação para a 9ª arte da história original de Burroughs, publicada em 1929 e que ficou para a história como a primeira banda desenhada em estilo realista, num tempo em que toda a BD era cómica. O seu responsável gráfico foi Harold Foster – que viria a ficar famoso como criador do Príncipe Valente – que, com um traço ágil, nervoso e dinâmico, com um apreciável domínio do preto e branco e dos jogos de luz e sombras e uma multiplicidade de enquadramentos, recria de forma magistral a misteriosa selva africana, a selvajaria das suas criaturas ou a elegância do homem criado pelos macacos.
É um clássico que hoje, 80 anos depois, mantém toda a actualidade e modernidade porque, apesar do texto no rodapé das imagens, se trata de uma indiscutível sequência gráfica narrativa, em que as (soberbas) ilustrações muitas vezes quase dispensam o texto escrito.

A reter
- A força gráfica de um clássico com 80 anos.
- O notável trabalho de restauro das ilustrações originais de Foster (explicado no final do volume) feito por Manuel Caldas a partir de quatro edições, aproveitando de cada uma o melhor de cada desenho, num trabalho de rigor, minúcia, entrega e paixão que o ocupou durante algumas centenas de horas e faz desta edição a primeira em todo o mundo a apresentar, completamente restaurada e em todo o seu esplendor, a feliz conjugação dos talentos de Burroughs e Foster.

Menos conseguido
- Eu sei que possivelmente não havia (economicamente falando) outra solução para a montagem deste livro, que publica duas tiras por página dupla: como cada tira tem 5 vinhetas, no topo da primeira página temos 3 vinhetas e mais duas no topo da segunda página e, depois, 2 vinhetas no fundo da primeira página e 3 no fundo da segunda. No entanto, pessoalmente, preferia apenas uma tira por página, o que implicaria um livro mais baixo e comprido. Esquisitices, dirão alguns...

Curiosidades
- Tarzan dos Macacos é considerada a primeira banda desenhada realista.
- Todos os que leram o (magnífico) Tarzan de Joe Kubert, poderão descobrir nesta edição como ele se inspirou (tantas vezes) no original de Foster.
- O mesmo se passou com Frank Frazetta, por exemplo para desenhar a capa mostrada aqui ao lado, claramente inspirada na última vinheta da página 35 (em baixo).

(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 5 de Dezembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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