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28/10/2012

Tarzan nasceu há 100 anos

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Há 100 anos, a selva ouviu pela primeira vez o grito poderoso de Tarzan, um selvagem branco, filho de um nobre inglês, criado por gorilas.
 
A sua origem, narrada em Tarzan of the Apes, publicado em episódios na revista All-Story Magazine a partir de Outubro de 1912 e editado em livro em 1914, é bem conhecida: durante um motim, os revoltosos desembarcaram na costa africana um nobre inglês, John Greystoke, e a sua esposa, que estava grávida. Meses depois, ela morreria ao dar à luz um menino. O mesmo aconteceria com o marido, passadas algumas semanas, durante um ataque de gorilas que levaram consigo o bebé.
Tarzan – “pele branca” na linguagem dos símios – cresceria no seu meio, como um selvagem. Já na adolescência, encontrou a cabana que o pai tinha construído, aprendendo a ler nos seus livros e compreendendo porque era diferente de Kala, a sua mãe adoptiva e dos outros gorilas. Após derrotar o líder do seu bando, tornou-se no senhor da selva, respeitado pelos animais e temido pelos indígenas. Anos mais tarde, uma expedição que procurava o pai encontrou-o; foi assim que conheceu a bela Jane, que se tornaria sua companheira.
Edgar Rice Burroughs (1875-1950), que os correios norte-americanos acabam de homenagear com a emissão de um selo de correio alusivo a este centenário, para além de criador de outras sagas extraordinárias, como John Carter de Marte ou Pellucidar, o mundo pré-histórico no centro da Terra, fez Tarzan viver novas aventuras ao longo de mais de duas dezenas de romances, desenvolvendo o universo do mito que o cinema e a BD se encarregariam de alargar e tornar mais popular.
 
Foi para o grande ecrã que Tarzan saltou primeiro, logo em 1918, em Tarzan of the Apes, da National, filme mudo protagonizado por Elmo Lincoln. Para ouvir o senhor da selva gritar a plenos pulmões foi necessário esperar até 1932, quando Johnny Weissmuller, contracenando com a sensual Maureen O´Sullivan (Jane), se estreou em Tarzan of the Apes, da Metro-Gwoldin-Mayer. Weissmuller, campeão olímpico de natação, protagonizaria mais 11 filmes, até final da década de 1940, destacando-se posteriormente as interpretações de Lex Barker e Gordon Scott.
No total foram 53 os filmes de Tarzan, entre as quais se conta a versão animada da Disney, de 1999. Actualmente, há notícias não confirmadas de duas novas versões cinematográficas, associadas a nomes de peso. Uma delas, da Warner Bross., teria David Yates como realizador, depois de três filmes de Harry Potter, e Tarzan seria interpretado pelo multi-campeão olímpico Michael Phelps que, depois das 22 medalhas conquistadas, seguiria assim o percurso de Weissmuller; a outra, da Summit Entertainment, reuniria de novo Reinhard Klooss e Kellan Lutz, depois da experiência conjunta na saga Crepúsculo.
 
Quanto à banda desenhada, só “descobriu” Tarzan em 1929, quando Joseph H. Neebe encarregou um certo Hal Foster de desenhar uma adaptação do romance original de Burroughs (editada em português pela Libri Impressi). Foster, que desenhou ainda as páginas dominicais de Tarzan entre 1931 e 1937, viria a tornar-se mundialmente famoso como criador do Príncipe Valente.
Foram inúmeros os desenhadores que se encarregaram das aventuras aos quadradinhos do senhor da selva, destacando-se Burne Hogarth, pela qualidade anatómica e dinamismo do traço, Russ Manning pelo desenho limpo e agradável, e Joe Kubert , responsável pela versão mais dura e agreste de Tarzan.
Estreados em Portugal nas páginas do Diabrete, em 1941, os quadradinhos de Tarzan, que nos anos 50 chegaram a ser proibidos pelos Serviços de Censura, marcaram também presença no Cavaleiro Andante e no Mundo de Aventuras, tendo mesmo protagonizado diversas revistas com o seu nome.
 
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2012)
 

Selos & Quadradinhos (90)

Stamps & Comics / Timbres & BD (89)


Tema/subject/sujet: Edgar Rice Burroughs e Tarzan
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2012

11/06/2012

John Carter - Una Princesa de Marte











Roger Langridge (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Panini Comics (Espanha, Maio de 2012)
170 x 260 mm, 110 p., cor, brochado com badanas
13,95 €


Resumo
Este tomo compila os 5 números da mini-série “John Carter – A Princess of Mars”, baseada na obra original de Edgar Rice Burroughs.
Nela, John Carter, um soldado do tempo da guerra civil norte-americana, vê-se transportado para o planeta Marte, onde descobrirá estranhos habitantes que terá que defrontar e vencer para poder ficar com a bela princesa Dejah Thoris.

Desenvolvimento
Se não quero repetir o que já escrevi em textos anteriores a propósito do arranque da mini-série, da estreia do filme e da tripla edição desta obra, a assinatura de Filipe Andrade no desenho justifica, para mim, voltar uma vez mais a este John Carter. Até porque – já o disse – foi uma história que me marcou na adolescência.
E a primeira constatação que a leitura deste tomo despertou em mim, foi quão diferente é acompanhar a edição em mini-série (mesmo que se faça a leitura dos números de seguida) ou num único volume. Porque este – felizmente - está desprovido da (muita) publicidade que existe nos comics norte-americanos, que quebra e retira ritmo à leitura. Não que eu não entenda o seu propósito – até a sua necessidade, como forma de rentabilizar (de tornar possível?) essas edições, mas ela é uma das razões fortes para o divórcio quase total existente entre mim e os comics.
Assim, a actual leitura, permitiu (re)descobrir pontos fracos e fortes desta adaptação – díspar de outras existentes - com liberdades necessárias para a tornar credível aos olhos dos leitores de hoje, sem desvirtuar o essencial do maravilhoso e do fantástico do original de Burroughs.
Entre os primeiros, contam-se algumas omissões no argumento – que poderão ser preenchidos para quem já estiver familiarizado com a trama desenvolvida por Burroughs, mas levantar algumas dúvidas aos restantes leitores – relativas à organização das sociedades marcianas com que John Carter interage e as escassas informações sobre o seu passado.
Quanto aos pontos fortes – que superam os fracos – em termos gráficos, se o mais saliente é o dinamismo e a agilidade do traço esguio e singular de Filipe Andrade - realçado pelo preto e branco das pranchas aqui reproduzidas, embora estejam coloridas no livro - há que lhes acrescentar também a diversidade da planificação e a qualidade das cenas de acção.
Em termos de argumento, veja-se como Langridge conseguiu tornar actual uma história já com um século e a forma como gere os diversos momentos, alternando a intensidade e o tipo das cenas e algumas surpresas, para dotar o relato com o ritmo que pretende e conquistar o leitor.
Para o que também contribui entrada directa na acção que, se pode surpreender o leitor incauto, ajuda a aumentar o seu interesse, usando depois o argumentista diversos flashbacks para explicar ao leitor como Carter chegou a Marte, enquanto desvenda (apenas) um pouco do seu passado.

A reter
- Encontrar Filipe Andrade – à custa da sua perseverança, do seu trabalho e do seu talento – neste patamar, a este nível, com uma obra com este mediatismo disponível em Espanha, França, Estados Unidos…
- A qualidade da edição espanhola, superior - em tamanho e qualidade de papel – à original americana, que sem ser luxuosa propõe aos leitores um belo livro.

Menos conseguido
- A inexistência de uma Panini (ou de alguém que realmente a represente) em Portugal o que, aliado à falta de sentido de oportunidade, de rasgo (, de capacidade financeira?) das editoras nacionais, impediu uma edição similar em português – nacionalidade do desenhador, recorde-se – que, a reboque do filme da Disney, seria uma boa aposta editorial e mais uma oportunidade para mediatizar a banda desenhada entre nós.


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