Warren Ellis, Adam
Warren, Mark Haven Britt, Matteo Casali, Tim Fish (argumento)
Adi Granov, Salva Espin, Nuno Plati, Steve Kurth e Filipe Andrade
(desenho)
Levoir/Público (Portugal, 1 de Novembro de 2012)
170 x 260 mm, 216 p., cor, cartonado
8,90 €
Assumida e
recorrentemente tenho destacado aqui em As Leituras do Pedro a publicação de
autores portugueses pela Marvel, nomeadamente de Filipe Andrade e Nuno Plati, sem
dúvida os mais produtivos.
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Nuno Plati em cima)
e Filipe Andrade (em baixo) |
Por isso,
quanto mais não fosse por uma questão de coerência, não podia deixar de referir
a sua estreia em português (enquanto autores da Marvel claro está).
Isso
aconteceu na passada quinta-feira, no terceiro tomo da segunda série da
colecção Heróis Marvel, publicada semanalmente com o jornal Público.
Os seus
trabalhos – histórias curtas - estão incluídos na mini-série Titanium, um
one-shot publicado nos EUA à boleia da versão cinematográfica do Homem de
Ferro, sobre a qual não me vou alargar, uma vez que na altura escrevi sobre ela
aqui.
E também
porque, apesar de tudo, esta “estreia portuguesa” de Andrade e Plati terá
apenas um valor simbólico e, acima de tudo, o valor que cada um deles lhe
quiser dar.
(Deixo
apenas a estranheza de este tomo concluir com uma mini-entrevista e alguns
extras de Filipe Andrade desta sua primeira BD publicada pela Marvel e não ter
sido dado a Nuno Plati o mesmo tratamento. Opção editorial ou algo mais?)
De qualquer
forma, seguindo em frente, esse não é o único aspecto a destacar neste volume
que corrige uma lacuna da série I, a ausência do Homem de Ferro.
O seu prato
forte é a banda desenhada Extremis, que abre o livro e que de alguma forma relança a personagem e o seu
alter-ego Tony Stark e faz a ponte para o uniforme mais moderno apresentado no
cinema.
Na sua
origem está um Tony Stark atormentado pelos efeitos causados pelas armas que
desenvolve e vende e a tentar justificar-se perante si próprio da
inevitabilidade desse comércio para conseguir concretizar outros aspectos mais
benéficos para o ser humano, igualmente desenvolvidos pelas suas empresas.
(Um Tony
Stark algo deprimido e com pena de si próprio, de certa forma a evocar o
período em que dependeu do álcool…)
Entretanto,
o roubo por um grupo terrorista (uma temática que os super-heróis têm abordado
muitas vezes nos últimos anos) de um protótipo de uma nova versão, mais
potente, do soro do super-soldado que esteve na origem do Capitão América, obriga-o
a acelerar o processo de desenvolvimento de uma nova armadura.
A história
é narrada de forma directa e enleante por Warren Ellis, que faz as pontes
necessárias entre o passado e o presente para situar o herói e basear os seus
temores e indecisões, e combina em doses equilibradas cenas intimistas com
outra de acção (com um grau de violência invulgares nos comics de
super-heróis).
A
transformação experimentada pelo terrorista, o seu ataque a uma dependência do
FBI, a sequência entre o flashback que recria a origem do fato do Homem de
Ferro e a passagem para a sua versão hipermoderna ou o combate final, são
momentos altos desta história que justificam por si só a sua leitura.
Mas o
final, com um inesperado volte-face é também uma mais-valia.
Acresce a
isto o trabalho gráfico de Adi Gramov, mais eficaz nas cenas de acção do que seria
de esperar dado o seu registo algo estático e possivelmente de base
fotográfica, pese embora a sua inegável beleza estética.