Último
volume (cronológico, que não de lançamento, pois o
tomo #29 Os
Desastres de Sofia só
será distribuído no
final do mês) da segunda série da colecção Clássicos da Literatura em BD,
este Auto
da Barca do Inferno é,
também, a terceira adaptação de uma obra literária portuguesa no
seu âmbito, facto
que nunca é demais realçar, pelo que significa de aposta por parte da Levoir.
Tal como fiz recentemente com edições de histórias curtas e séries (ditas) populares, agrupo hoje três
livros com um denominador comum: terem autores portugueses. Mais uma vez, para recuperar leituras
‘esquecidas’ pela voragem dos tempos, embora sob a forma de
apontamentos curtos, embora (mais?) incisivos.
Da
primeira leitura que fiz do Bestiário
da Isa
- ainda na versão parcial, em edição de autor(a) - ficou-me na
memória o ritmo vivo e o bom encadeamento desenho/texto. Agora,
a leitura completa, confirmou o perfeito funcionamento como banda
desenhada de uma história, simples, divertida e... fantástica!
Lançado no recente Amadora BD, Pedro
e o Imperador parte de um
encontro surreal para discutir os contratempos do império. Assinado
pelo argumentista brasileiro Marcos Batista e pela desenhadora
portuguesa Joana Afonso, numa co-edição das
editoras Lote 42 e Polvo, é um álbum integrado nas comemorações
do Bicentenário da Independência do Brasil. É
também o
primeiro livro de um projecto que
pretende juntar autores e editores do Brasil e dos PALOP e faz parte
do Programa Brasil em Quadrinhos, criado em 2019 pelo Ministério das
Relações Exteriores - Itamaraty, com apoio e produção da Bienal
de Quadrinhos de Curitiba. Foi
o pretexto para realizar mini-entrevistas ao editor português, Rui
Brito, da Polvo, e aos dois autores.
Editar - ser
editor - é bem mais do que pagar ao autor, à gráfica, à
distribuidora e... Ser editor,
no completo sentido do termo - e da missão - é zelar para que tudo
na edição saia perfeito - ou o mais próximo possível disso - o
que passa por apontar, corrigir ou até recusar o que é proposto. Não sei como
funciona o colectivo Ditirambos,
mas a verdade é que esta terceira colectânea me parece um bom
exemplo de um trabalho editorial assertivo
e bem feito.
Ou quase.
Cinco
anos depois, chega ao seu termo um projecto único na banda desenhada
portuguesa: Living Will, um romance gráfico escrito por André
Oliveira, publicado sob a forma de fascículos.
Valeu
a pena a espera para ter completa este drama humano, aguarda-se agora
a (merecida) publicação em livro.
O título é Zahna,
é o mais recente livro de Joana Afonso, na Polvo, foi lançado na Comic Con e foi o pretexto para a conversa que podem ler já a seguir.
E de
repente - que é como quem diz, perante um livro com quase 120
pranchas! - Joana Afonso resolve deixar os relatos de tom mais
intimista - que muitos acreditariam ser a sua zona de conforto - para
nos brindar com uma história de espada e feitiçaria.
Há quem decida aceitar que a sucessão de acontecimentos à qual
chamamos “vida” é tudo o que realmente temos. Mas também há quem acredite em
algo mais, num desígnio superior traçado por um Pai que nos ama... E que tem um
plano para nós. Ambas as filosofias implicam coragem. E seja qual for a nossa
preferência, cada vez mais perto do chão, o relógio não espera por ninguém.
Will começa a ceder ao peso dos anos, das memórias, das resoluções que insistem
em não trazer a paz que desejava. À beira do colapso, Betty prepara-se para dar
uma última oportunidade a si própria. E o médico Terry enfrenta um problema
superior a todos os que tratou ao longo da vida. Na dúvida do amanhã subsiste a
certeza de que nada será como dantes.
Alberto anda pela casa dos 40 e sente-se desconfortável com
tudo o que o rodeia. Uma mudança para Lisboa, um novo trabalho, novas vivências
e, sobretudo, conhecer a Dona Fernanda, irá ajudar a alterar esta situação?
Livro de estreia a solo de Joana Afonso, “Deixa-me entrar”
mostra uma autora sensível a alguns dos problemas que assolam a sociedade
actual: a solidão e os transtornos mentais, que acometem, em algum momento da
vida, pelo menos 20% da população mundial.