Este
relato de Rita Alfaiate, numa leitura apressada, pode
parecer
tão simples que dê
vontade de o resumir numa
única frase. Uma frase que
seria extremamente
reveladora e
que
retiraria todo o prazer da leitura. Claro
está, não o vou fazer, mas tenho de começar por chamar a atenção
para a forma como a autora portuguesa conseguiu prolongar por tantas
páginas um princípio aparentemente tão básico. Aliás, quase dá
vontade de classificar Néon
como exercício
de estilo, embora isso também fosse redutor e injusto para a
narrativa que nos é apresentada.
Ser
surpreendido, continua a ser um dos prazeres que a leitura [de
BD] me provoca.
Depois da agradável surpresa que foi No
caderno da Tangerina,
Rita Alfaiate volta a surpreender[-me] com uma história cujos ecos
que me tinham chegado primavam pela dissemelhança de opiniões.
Adaptando à BD aquele ditado, podemos dizer: “Quem vê capas, não
vê conteúdos”, embora neste caso, geralmente o interior esteja mais próximo da
‘embalagem’, nomeadamente quando o desenhador de uma e outro são o mesmo.