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06/11/2012

Heróis Marvel II - #3 Homem de Ferro - Extremis









Warren Ellis, Adam Warren, Mark Haven Britt, Matteo Casali, Tim Fish (argumento)
Adi Granov, Salva Espin, Nuno Plati, Steve Kurth e Filipe Andrade (desenho)
Levoir/Público (Portugal, 1 de Novembro de 2012)
170 x 260 mm, 216 p., cor, cartonado
8,90 €



Assumida e recorrentemente tenho destacado aqui em As Leituras do Pedro a publicação de autores portugueses pela Marvel, nomeadamente de Filipe Andrade e Nuno Plati, sem dúvida os mais produtivos.
Nuno Plati em cima) 
e Filipe Andrade (em baixo)
Por isso, quanto mais não fosse por uma questão de coerência, não podia deixar de referir a sua estreia em português (enquanto autores da Marvel claro está).
Isso aconteceu na passada quinta-feira, no terceiro tomo da segunda série da colecção Heróis Marvel, publicada semanalmente com o jornal Público.
Os seus trabalhos – histórias curtas ­- estão incluídos na mini-série Titanium, um one-shot publicado nos EUA à boleia da versão cinematográfica do Homem de Ferro, sobre a qual não me vou alargar, uma vez que na altura escrevi sobre ela aqui.
E também porque, apesar de tudo, esta “estreia portuguesa” de Andrade e Plati terá apenas um valor simbólico e, acima de tudo, o valor que cada um deles lhe quiser dar.
(Deixo apenas a estranheza de este tomo concluir com uma mini-entrevista e alguns extras de Filipe Andrade desta sua primeira BD publicada pela Marvel e não ter sido dado a Nuno Plati o mesmo tratamento. Opção editorial ou algo mais?)
De qualquer forma, seguindo em frente, esse não é o único aspecto a destacar neste volume que corrige uma lacuna da série I, a ausência do Homem de Ferro.
O seu prato forte é a banda desenhada Extremis, que abre o livro e que de alguma forma relança a personagem e o seu alter-ego Tony Stark e faz a ponte para o uniforme mais moderno apresentado no cinema.
Na sua origem está um Tony Stark atormentado pelos efeitos causados pelas armas que desenvolve e vende e a tentar justificar-se perante si próprio da inevitabilidade desse comércio para conseguir concretizar outros aspectos mais benéficos para o ser humano, igualmente desenvolvidos pelas suas empresas.
(Um Tony Stark algo deprimido e com pena de si próprio, de certa forma a evocar o período em que dependeu do álcool…)
Entretanto, o roubo por um grupo terrorista (uma temática que os super-heróis têm abordado muitas vezes nos últimos anos) de um protótipo de uma nova versão, mais potente, do soro do super-soldado que esteve na origem do Capitão América, obriga-o a acelerar o processo de desenvolvimento de uma nova armadura.
A história é narrada de forma directa e enleante por Warren Ellis, que faz as pontes necessárias entre o passado e o presente para situar o herói e basear os seus temores e indecisões, e combina em doses equilibradas cenas intimistas com outra de acção (com um grau de violência invulgares nos comics de super-heróis).
A transformação experimentada pelo terrorista, o seu ataque a uma dependência do FBI, a sequência entre o flashback que recria a origem do fato do Homem de Ferro e a passagem para a sua versão hipermoderna ou o combate final, são momentos altos desta história que justificam por si só a sua leitura.
Mas o final, com um inesperado volte-face é também uma mais-valia.
Acresce a isto o trabalho gráfico de Adi Gramov, mais eficaz nas cenas de acção do que seria de esperar dado o seu registo algo estático e possivelmente de base fotográfica, pese embora a sua inegável beleza estética.




09/11/2010

Iron Man – Titanium #1

Marvel Comics (EUA, Outubro de 2010)
170 x 259 mm, 64 p., cor, comic-book

Railguns, power and Titanium Men
Adam Warren (argumento)
Salva Espin (desenho)
Rachelle Rosenberg (cor)

Killer Commute
Mark Haven Britt (argumento)
Nuno Plati (desenho e cor)

Heavy Rain
Matteo Casali (argumento)
Steve Kurth (desenho)
Allen Martinez (arte-final)
Sunny Gho (cor)

Hack
Tim Fish (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Rick Ketcham (arte-final)
Andres Mossa (cor)


Resumo
Este é um formato pouco usual no mercado norte-americano, uma colectânea de histórias curtas, no caso protagonizadas – directa ou indirectamente – por Tony Stark e/ou o Homem de Ferro
Com a curiosidade, para nós portugueses, de duas delas terem assinatura nacional no que ao desenho diz respeito: Nuno Plati e Filipe Andrade

Desenvolvimento
Não é por acaso que os comics raramente têm marcado presença neste espaço – estão longe de ser o meu género de BD preferido – e também não foi esta edição que me converteu, longe disso. As quatro histórias são pouco interessantes, com as suas temáticas em torno de conspirações e atentados, e quase todas demasiado palavrosas para relatos em que a acção prevalece.
A mais curiosa acaba por ser “Killer Commute”, a que foi desenhada por Nuno Plati, dada a quase total ausência do habitual protagonista, substituído pela bela Pepper Pots, num relato que, não sendo original, não deixa de ter um certo humor.
E na verdade, sem que haja aqui qualquer sombra de patriotismo exacerbado ou doentio, os principais motivos de interesse acabam por ser, graficamente, as narrativas desenhadas por Plati e Andrade, já que as outras duas, também neste aspecto, não ultrapassam a mediania.
A de Nuno Plati destaca-se pelo traço fino – e invulgarmente sensual para o meio – utilizado pelo desenhador para retratar uma esbelta e interessante Pepper Pots, cujas peripécias obrigarão a deixar o ar frágil para se “transformar” numa heroína dura e decidida, sem perder a sua sensualidade. Mudança também acentuada pelo contraste entre as cores quentes das primeiras e última prancha e o tom mais sombrio das páginas de acção, que são outro trunfo utilizado por Plati, aqui num estilo diverso do que utilizara em “X-23” ou “Marvel Fairy Tales”, outros trabalhos que executou para a Marvel.
Quanto à história desenhada por Filipe Andrade, surpreende pelo traço personalizado do desenhador, aqui e ali a lembrar o que utilizou em “BRK”, muito dinâmico e mais “europeu” do que “super-heróico” (e isto é um elogio!), parecendo-me que teria resultado ainda melhor se Andrade tivesse feito também a arte-final.

Entrevista
Este “Iron Man – Hack” foi a primeira banda desenhada executada por ele para a Casa das Ideias. “Tudo aconteceu”, conta o desenhador, “há cerca de um ano, depois do C. B. Cebulski”, um caça-talentos da Marvel, “ter estado em Portugal e ter visto o meu portfólio. Duas semanas depois recebia um e-mail de um outro editor, Michael Horwitz, propondo-me este primeiro trabalho na Marvel”.
Como desde sempre seguiu as histórias de super-heróis “mais pelos autores que as desenhavam do que pelos heróis em si”, Andrade não sentiu “nada de especial” por desenhar uma personagem da dimensão do Homem de Ferro, mas sim uma “enorme responsabilidade pois o primeiro trabalho é sempre importante para chamar a atenção”.
E tão bem funcionou esta estreia que, depois dela, Filipe Andrade já desenhou “uma nova BD do Homem de Ferro, outra com os Vingadores, um one-shot da X-23”, já editado, e “uma mini-história do Homem-Formiga que sairá agora em Novembro”.
Para além disso, está “a finalizar um conjunto de 7 historias curtas de Nomad”, em publicação na revista “Captain America” (do #608 ao #614), que possivelmente serão depois compiladas em livro”.
Por tudo isto, tem “tido pouco tempo para trabalhos mais pessoais”, como é o caso de “BRK” (ASA), cujo primeiro tomo lhe valeu este ano no Amadora BD o Prémio Nacional de BD para Melhor Desenho de Autor Português. O restante deste tríptico “já está escrito e todas as páginas do segundo livro estão planificadas, estando 10 páginas desenhadas…”

Curiosidade
Mas a grande novidade, que a Marvel acaba de revelar, é que durante a New York Comic Con que teve lugar no início de Outubro, Filipe Andrade assinou contrato para desenhar os 5 números da mini-série “Onslaught Unleashed”, que começará a sair em Fevereiro de 2011. Escrita por Sean McKeever, que já trabalhou com super-heróis da Marvel e da DC Comics, reunirá o Capitão América e alguns dos X-Men , marcará a volta do vilão Massacre e terá capas de dois nomes grandes dos comics de super-heróis: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

(Versão muito expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Novembro de 2010)
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