Nos últimos anos tem sido recorrente falar de autores
portugueses a desenhar para o competitivo mercado norte-americano. Agora, no
passo seguinte, encontramo-los associados a projectos de maior destaque, como “Green
Arrow” ou “Rocket Raccoon”.
É o que acontece a Daniel Henriques, actualmente a fazer a
arte-final da revista regular “Green Arrow” (Arqueiro Verde), cujas vendas
foram puxadas pelo sucesso da série televisiva “Arrow” de que o AXN acaba de
estrear a terceira temporada em Portugal.
Para os que estão menos familiarizados com a forma de
trabalhar da indústria de comics norte-americana, convém esclarecer que um
arte-finalista é o artista responsável por passar a tinta o desenho a lápis do
desenhador principal da série, antes da aplicação da cor, sendo por isso,
muitas vezes responsável pelo êxito ou fracasso do lado gráfico da BD.
A entrada de Daniel Henriques no mercado profissional de comics
aconteceu “depois do arte finalista Danny Miki ter visto no Facebook uns
trabalhos” seus, ao que se seguiu “um convite para ingressar no estúdio Crime
Lab Syndicate”, onde ainda continua. Começou “por trabalhos para a Marvel
Comics, depois para a Image e posteriormente, através do Jonathan Glapion, para
a DC Comics”, onde já está há cerca de dois anos. Trabalhou inicialmente “na
“Batgirl”, sobre os lápis de Fernando Pasarin, depois em “Birds of Prey”,
com lápis de Romano Molenaar e, posteriormente, Robson Rocha, e de
passagem em “Green Lantern New Guardians”.
No mês passado foi lançada nos EUA a revista “Green Arrow”
#36 onde fez a arte-final “em conjunto com o Jonathan Glapion, sobre os lápis
do Daniel Sampere” e trabalharão neste título até indicação em contrário.
A actual popularidade deste super-herói, uma espécie de
Robin Hood dos tempos modernos, por via dos bons resultados da adaptação
televisiva, dá aos autores que trabalham na banda desenhada uma outra
projecção, como Daniel Henriques comprovou na recente Comic Con Portugal,
realizada na Exponor, onde vendeu alguns originais e todos os prints que tinha
com Green Arrow.
Se de alguma forma Daniel Henriques está a dar os primeiros
passos no universo dos comics de super-heróis, já Filipe Andrade conta com mais
alguns anos de experiência nesta área e trabalhos para a Marvel Comics em Iron
Man, X-Men, Avengers ou uma adaptação de John Carter of Mars.
Agora, depois de duas mini-séries para o universo Disney
Kingdom – “Seekers of the Weard” e “Figment” – está a desenhar “dois números de “Rocket Raccoon”, o #7 e o #8”, disponíveis
em Janeiro e Fevereiro nos EUA.
Rocket Raccoon, é o guaxinim antropomórfico caçador de
recompensas que integra os Guardiões da Galáxia, supergrupo disfuncional que o
filme de sucesso deste verão guindou para os tops de vendas de comics
norte-americanos.
Admitindo que “o ambiente sci-fi espacial” não é
propriamente a sua praia, Filipe Andrade afirma que este foi dos livros que teve
“mais prazer em desenhar”, tendo ajudado “o escritor, Skotie Young, ser também
artista, pois o livro está cheio de cenas boas para um desenhador”. Na sua
conta do Twitter, Young, após receber as primeiras páginas do desenhador
português, escreveu: “Tenho a certeza que é o melhor olhar comic que já vi na vida!
É de ficar sem fôlego”!
O facto de o “Raccon ser uma personagem meio fora, porque
está sempre mal disposto e tem uma acidez de diálogo pouco comum em comics de
super-herois” também motivou Filipe Andrade que reforça a importância de “trabalhar
numa BD que teve a visibilidade que teve pelo excelente filme: só traz boas
perspectivas”. E termina, confessando “um outro lado, mais pessoal” pois o
irmão “trabalhou na pós-produção do filme e assim, esta tornou-se uma
"semi-parceria" familiar”.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 27
de Dezembro de 2014)
Fico feliz de saber que os nossos continuam a vingar ao mais alto nível nos EUA. :)
ResponderEliminarQualidade e trabalho costumam ter recompensa, Reignfire!
EliminarBoas leituras e... um óptimo 2015!