14/12/2014

Comic Con Portugal: Balanço de autores e livreiros

Antes da Comic Con Portugal se iniciar, As Leituras do Pedro questionaram autores – Filipe Melo, Manuel Morgado, Diogo Carvalho, Daniel Maia, André Lima Araújo, Daniel Henriques, Ricardo Cabral - e livreiros – Dr. Kartoon, Casa da BD, Banda Deseñada - sobre as suas expectativas quanto àquele evento.
Agora, uma semana depois, eles revelam como elas se cumpriram.

A todos os que responderam ao primeiro inquérito, foram colocadas as duas questões seguintes:

1 - De que maneira se cumpriram (ou não) as vossas expectativas relativamente à Comic Con Portugal?

2 - O que esteve melhor e pior durante os 3 dias do evento?

Eis as suas respostas (por ordem de chegada):

Melo Melowsky (Banda Deseñada)
1 - Ni en nuestras estimaciones más optimistas habíamos pensado que la Comic Con pudiera resultar el rotundo éxito que finamente fue. Tanto en asistencia de público, como en ambiente, como por supuesto en ventas, un éxito total.

2 - O melhor, la gente y el gran ambiente de celebración de la cultura pop que se vivió durante los tres días de Comic Con. O pior... sempre hay cosas mejorables o pequeños fallos, pero teniendo en cuenta que esta es la primera edición, no hay nada que se pueda destacar como especialmente negativo.

Filipe Melo
1 - Diverti-me muito, fomos muito bem recebidos pela organização. No meio da confusão, foi bom ver tantos amigos a participar na convenção. As coisas foram feitas com cuidado pelos autores portugueses, e com atenção ao pormenor.

2 - Apesar de saber que há algumas pessoas que ficaram meio insatisfeitas com as filas no Sábado, há que ter em conta que ninguém imaginava que teria uma afluência de 30 000 pessoas, é uma loucura. Fazer um evento desta dimensão e ter este grau de sucesso era completamente inesperado para todos. Quando conheci os membros da organização, alguns meses antes do evento, disse-lhes que seria um sucesso, mas pensei que estavam completamente loucos e que nunca teriam público. Estava completamente enganado, provaram que foi possível fazer algo realmente grande e importante para Portugal e para promover aquilo que fazemos. Como uma primeira edição, há seguramente coisas a melhorar, mas posso dizer que foi um fim-de-semana inesquecível.

João Miguel Lameiras (Dr. Kartoon)
1 - As minhas expectativas foram claramente superadas, tanto enquanto livreiro, como enquanto fã. O público aderiu de forma impressionante ao evento e isso reflectiu- se também nas vendas dos stands como o nosso.

2 - O melhor para mim foi a animação e o ambiente geral, com os fãs da BD, do cinema, das séries e do mangá numa saudável confraternização, a qualidade do cosplay e os talentos que encontrei na Artist Alley.
Quanto ao pior, para além das filas e de nem a organização nem a Exponor estarem suficientemente preparadas para a invasão de sábado, foram as exposições de BD, sem originais e num sítio de passagem, onde passavam despercebidas, e a zona infantil, quase escondida numa zona demasiado afastada do resto das coisas.

Wagner Dias (Casa da BD)
1 - Da nossa parte, as expectativas foram largamente superadas, para um primeiro evento, esteve muito acima do que estávamos a contar, tanto em número de visitantes e vendas, não só estamos satisfeitos como comerciantes, como também como  visitantes da Comic Con.
2 - Para nós o pior foi mesmo o horário do evento ser das 10 às 22, o que não permite um descanso por parte dos elementos que estão no stand e são muitas horas seguidas a trabalhar (em pé); o melhor seria das 10 ou 9 até às 19:00 (algo que iremos sem dúvida propor à organização para o próximo ano), a organização, embora seja o primeiro evento e ter feito um óptimo trabalho no geral tem que melhorar em algumas situações (área de alimentação, montagem de stands, etc.).
Quanto ao melhor do evento foi sem dúvida o número de pessoas que vieram e a participação e alegria que dão a este, a animação que trouxeram os cosplayers e por fim o próprio evento que já fazia falta e era reclamado pela comunidade.

Diogo Carvalho
1 - As minhas expectativas superaram em grande escala o que pensava. Escrevi aqui que queria ser surpreendido e que corresse bem, encontrar o Brian K. Vaughn ao vivo e ver no geral o que conseguisse. Ora bem, tudo cumprido.
O espaço surpreendeu-me na sexta. Comentei várias vezes que no geral tinha demasiados espaços abertos e iriam parecer vazios. No sábado provaram que estava errado com a enchente de pessoas. Também me surpreendeu a adesão da Catalunha e de Espanha em geral. Quando falei com vários espanhóis, todos me diziam com um sorriso que era espectacular um evento destes a uma hora e meia de casa. E da noite do Porto, um autor dizia maravilhas e que iria voltar sempre. Encontrei também dois Ingleses que tinham vindo de propósito para esta Con.
A adesão portuguesa e a qualidade dos cosplays, não só de Anime como de costume, mas de toda a cultura pop no geral também me surpreendeu. Vi duas raparigas que estavam vestidas de versões femininas do capitão Malcom Reynolds, de Serenity, e de Daryl, do Walking Dead, provando que ser fã é transversal ao género.
Tive a sorte de encontrar o Brian K. Vaughn e o Marcos Martins à saída da organização e meter conversa com eles, estando um pouco na conversa. Depois de dizer que talvez não conseguisse ir à sua sessão de autógrafos (consegui a dos dois), Brian disse-me para forjar a sua assinatura nos seus livros à vontade. Conheci também o grande Miguelanxo Prado, que me deixou sem palavras quando me disse lembrar-se de mim do facebook.
Por fim, estive bastante tempo na minha banca (não o suficiente pois a Con era demasiado apelativa) a vender e dar autógrafos, algo que correu também muito bem. Permitiu também conhecer autores que só tinha falado nas redes sociais acabando mesmo o domingo a fechar a Con numa mesa a jantar com o Luís Figueiredo, o Daniel Maia, o Daniel Henriques e o Manuel Morgado numa conversa sobre tudo e principalmente comics. Aconteça o que acontecer, a memória desta Comic Con Portugal, já ninguém ma tira. 

2 - Como muita coisa já tem sido dita sobre o melhor e o pior, vou falar a nível pessoal. De melhor, tenho a salientar o ambiente no Artists’ Alley Todos os autores estavam para a mesma coisa respeitando os estilos de cada um e falando com a mesma intensidade desta paixão que é a BD. Adorei esses bocados em que encontrava alguém com o mesmo gosto específico de um livro ou de uma série. E também de finalmente ter um grande evento a 35 minutos de casa permitindo estar com a minha família e estar os 3 dias no evento.
De pior, é que estando numa mesa não pude ver nada nos auditórios e do resto da Con. Apenas vi a área comercial em condições no domingo e as coisas que queria comprar já nem haviam. Também o Artists’ Alley estar dividido em 3 filas não permitia estar em contacto permanente com quem estava nas outras duas filas. Também a exposição de BD estava muito fraquinha. 
De resto estou mesmo contente de ter ido. Nunca me iria perdoar se não tivesse ido.

Daniel Henriques
1 - Na minha experiência pessoal a Comic Con Portugal superou todas as expectativas que eu tinha, o meu maior medo era, visto serem vários sectores juntos, comics, videojogos, televisão etc., juntos qual seria a aceitação efectiva á banda desenhada, e a aceitação foi excelente o que me deixou bastante satisfeito, e ver a organização a apostar nos artistas nacionais deixa me bastante entusiasmado para os próximos anos do evento.

2 - Eu pessoalmente não posso opinar muito sobre o resto do evento pois o movimento no Artist Alley foi tanto que efectivamente não me consegui afastar e ver o resto da convenção com a devida atenção, mas do que vi fiquei bastante satisfeito e sendo apenas o primeiro ano acredito que só vá melhorar.


Daniel Maia
1 - Foram cumpridas as expectativas de partilha de públicos e entrosamento de afinidades. Havia claramente visitantes mais dimensionados para um qualquer segmento específico que a CCPT oferecia, mas que aproveitaram a ocasião para ver tudo, e a prova disso foram as “introdução à banda desenhada” que eu e o colega Daniel Henriques pudemos realizar no Beco dos Artistas. De resto, todas as outras expectativas foram largamente ultrapassadas.
Ficou aquém a adesão ao painel de conversação e sessão de autógrafo, que pensei fosse ser maior, mas com o programa a decorrer em simultâneo e por ter sido no início do 1º dia, os visitantes foram o suficiente para assumir que essas actividades foram legitimadas.

2 - Entre o melhor: a excelente interacção com o público, que notei incluir galegos, espanhóis, italianos, e alguns ingleses e franceses, assim como visitantes desde o sul do país, e também, claro, a oportunidade de privar com amigos e com novos autores. Gosto também bastante do contacto com potenciais novos valores, e esses contactos foram bastante gratificantes.
De pior: a questão de pouco ter podido disfrutar do evento, porque enquanto autor convidado tinha a responsabilidade de estar disponível para os visitantes, daí que só no último dia, e muito brevemente, visitei os restantes espaços, e nem cheguei a subir à área VIP, embora o acesso desta estivesse a nem 100m da minha mesa…

André Lima Araújo
1 - Enquanto autor convidado, a organização esteve impecável, atenta a todos os pormenores e disponível para o que fosse necessário. Quanto à convenção em si, foi bom ver muita gente no evento e no geral pareceu-me bem conseguido.
2 - Por razões de trabalho estive apenas presente durante umas horas, só nas actividades que foi convidado, pelo que não consigo fazer um balanço desse género.


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