Mostrar mensagens com a etiqueta Foster. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Foster. Mostrar todas as mensagens

22/10/2020

Príncipe Valiente: El final del viaje

O fim da viagem, o fim do sonho





Há livros cujo interesse vai mais além da obra em si, pelo significado extrínseco que possuem.

O volume final do Prince Valiant, de Hal Foster, na versão restaurada e editada por Maunel Caldas, é uma delas, por duas razões maiores.

09/04/2019

Príncipe Valente: 1938

Fundações...





Volto - ainda… - ao Príncipe Valente - a propósito mais uma vez da colecção integral que a Planeta DeAgostini está distribuir em bancas e quiosques, para chamar a atenção para dois pontos marcantes deste volume - do ano de 1938, portanto.

21/03/2019

Príncipe Valente: Tudo (?) o que queriam saber...

A chegada - de surpresa - aos quiosques e bancas portugueses de um coleccionável dedicado ao Príncipe Valente, levantou uma série de dúvidas e questões - muitas das quais não pensava que existissem.
Ficam a seguir algumas respostas às perguntas colocadas - ou ainda por colocar...

19/03/2019

Lançamento: Príncipe Valente

Está desde ontem distribuído nos quiosques e bancas portuguesas o primeiro volume do coleccionável Príncipe Valente, que pretende editar integralmente quer a fase da autoria do seu criador, Harold Foster, quer a continuação levada a cabo por outros autores, desde a sua origem, em 1937, até à última prancha de 2018.

18/01/2017

Príncipe Valiente 1961-1962

Humano em 5 vinhetas






Uma das características distintivas da longa saga do Príncipe Valente, é o lado humano do herói, exposto – mais uma vez – nas cinco vinhetas que hoje quero detalhar.

21/01/2016

Leitura Nova: Principe Valiente 1959-1960

El Santo e el Ogro


Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas (restauro)
La Imprenta, Uruguai, Dezembro de 2015
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €

18/05/2015

Leitura Nova: Principe Valiente, 1957-1958


Principe Valiente
1957-1958: El Honor del Traidor
Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas (restauro)
La Imprenta
Uruguai, Abril de 2015
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €

11/12/2014

Príncipe Valiente: El Aprendiz de Héroe





E por fim, sensivelmente 10 anos depois, Manuel Caldas chega a meio do seu sonho.
Com o presente volume, já restaurou – minuciosa e apaixonadamente – metade da obra-prima de Harold Rudolf Foster, Prince Vailant.
São, até agora, 1038 – das cerca de 2200 – pranchas que Foster escreveu e desenhou. Serão, estimo eu, mais de 8000 vinhetas (muitas delas magníficas), mais de 300 000 palavras (que compõem textos inspirados e sedutores).
Representam - calculando por baixo? - umas 12 000 horas de trabalho, 500 dias (completos) ou ano e meio ininterrupto debruçado em edições, publicações, provas, cópias, scanners e ecrãs de computadores…
Representa, com custos (físicos? materiais?...) a concretização - dura, obstinada, dedicada e laboriosa – do sonho que há anos persegue.
Muitas vezes maltratado, desprezado, ignorado – à custa disso, nós, portugueses, perdemos o comboio desta monumental reedição – prossegue (positivamente) obstinado.
Obrigado caro Manuel Caldas. Vai ser um prazer e um sacrifício aguardar mais 10 anos até que o teu sonho esteja integralmente cumprido.

27/03/2014

Príncipe Valente a.C./d.C.



O que separa estas duas imagens?
Pertencentes à mesma obra, poderiam ser consideradas Príncipe Valente a.C. e d.C.. Ou, para melhor esclarecer, antes de Caldas e depois de Caldas.
Desenvolvimento já a seguir.

26/04/2013

Príncipe Valiente 1951-1952

Los Hijos de Odin






Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas (restauração)
La Imprenta
Uruguai, Março de 2013
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €


Há alturas em que a premência de escrever sobre uma obra esbarra na inevitável - inevitável? - repetição, nomeadamente em séries de longa duração.
Príncipe Valente, de Hal Foster é um desses casos que, no entanto, não consigo deixar passar em branco, mesmo tendo já destacado a (soberba) arte de Foster neste tomo.
Por isso, neste regresso à compilação das pranchas dominicais dos anos de 1951 e 1952, para lá de realçar novamente a pura delícia visual que estas imagens magnificamente restauradas por Manuel Caldas constituem, não vou aprofundar – mais uma vez – a qualidade literária da prosa de Foster, o surpreendente sentido de humor de que dá mostras, a combinação entre a vivência familiar e a vida aventurosa ou a paixão pela natureza expressa em tantas destas páginas.
Permito-me apenas – apenas? – destacar um dos aspectos que permitiu que esta saga se estendesse ao longo de décadas com uma qualidade inegável, sem perder qualidade nem entrar repetições: o invulgar número de protagonistas que os diversos episódios compilados neste tomo apresentam – para lá do óbvio Príncipe Valente, uma princesa apaixonada, o seu filho pequeno Arn, o vicking Boltar, a futura esposa deste, Tilicum, Arf, o aspirante a cavaleiro, feito cronista por lhe ter sido amputada uma perna… - com o ganho inerente de diversidade narrativa que ajuda a compor e a dar consistência ao (belíssimo!) conjunto.


30/03/2013

A arte de... Harold R. Foster






Restaurada por Manuel Caldas nesta (magnífica) edição:












Príncipe Valiente
1951-1952
Los Hijos de Odin
La Imprenta
Uruguai, Março de 2012
Pedidos aqui

29/11/2012

El Rescate Emocional de un Clásico


‘Príncipe Valiente’, la obra cumbre de
Hal Foster










Eduardo Martínez-Pinna
Libri Impressi
(Espanha, Novembro de 2012)
240 x 320 mm, 64 p., pb e cor, brochado com badanas
18,50 €




- Mais um livro sobre Foster e o seu Príncipe Valente? – perguntarão alguns.
- Sim, porque “Prince Valiant – In The Days of King Arthur é uma obra de maturidade realizada por um autor na sua plenitude artística…” – fundamenta(-se) o autor, em jeito de introdução.
Para além disso, acrescenta, esta banda desenhada é “…uma obra imortal que consegue vencer o inefável Cronos, o deus do tempo, que torna velha qualquer manifestação artística” e representa “… a maturação de um estilo, o final de um caminho e, em definitivo, uma forma de entender os comics”.
E justifica-se ainda pela “técnica impecável” de Foster, por ser “um dos grandes clássicos”, “um dos comics mais imitados de todos os tempos” e por estar carregada “ de valores éticos universais”.

O autor, Martínez-Pinna, inicia o seu livro com uma introdução biográfica sobre o Foster “pré-Príncipe Valente” ajudando-nos a situar a sua obra nas suas origens, nos seus princípios, no seu percurso pessoal, profissional e artístico, no seu tempo e no contexto dos quadradinhos (e das outras artes) de então.
Depois, há um mergulho – saboroso e profundo – na obra-prima de Foster, analisando as temáticas, o estilo, a evolução, o peso das personagens secundárias – muitas vezes protagonistas por umas quantas páginas –, apontando inspirações, homenagens e referências a diversos níveis, indicando incongruências históricas (justificadas pelas necessidades ficcionais de um relato aventuroso e humano), destacando a qualidade do traço de Foster, os seus cavalos e o seu imenso respeito pela natureza, sublinhando a multiplicidade de soluções narrativas, o peso e o protagonismo (incomum) das personagens femininas, comentando a importância da religião e da magia na saga…
E, analogamente, como a obra de Foster foi continuada – como, quando e por quem – e, numa óptica mais formal, outros formatos de publicação, as adaptações literárias e cinematográficas, as melhores e piores reproduções que dela foram feitas.
Tudo isto - e não é tudo - justifica “mais um livro sobre Foster e o seu Príncipe Valente” e pede ao leitor a disponibilidade mental para uma leitura ponderada e reflexiva, pois se o autor não cria nada de novo ou original, nalguns casos ilumina a obra de Foster de modo diferente, fazendo-a brilhar sob uma nova luz.
Para isso contribui também, decisivamente, a presença tutelar da arte do autor nas páginas desta edição em que quase todas as imagens utilizadas - restauradas com a paixão e o talento que se reconhecem a Manuel Caldas - reproduzem vinhetas do Príncipe Valente no seu tamanho original (ou seja, sensivelmente o tamanho das páginas do livro!). O que facilmente provoca no leitor o delírio de imaginar uma (utópica) edição do Príncipe Valente no (gigantesco) tamanho das pranchas que Foster nos legou.
E a que a leitura deste livro indubitavelmente faz desejar voltar, para recordar/descobrir/desfrutar tudo aquilo que ele evocou.


15/02/2012

Principe Valiente – La Reina y el Escudero








1949-1950
Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas e Pedro Caldas (restauro)
Rafael Marin (tradução e posfácio)
La Imprenta (Uruguai, Setembro de 2011)
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €





1.       Acredito que pertenço à mais afortunada geração de leitores de histórias aos quadradinhos de sempre.
2.       É verdade que alguns poderão afirmar que preferiam ter vivido no início dó século passado para assistirem in loco aos primeiros passos da BD norte-americana nos jornais, nos anos 1930/1940 como contemporâneos da sua idade de ouro, ter acompanhado a explosão dos super-heróis ou o movimento undeground na década de 1960, ou, do outro lado do oceano, ter vivenciado o nascimento de Tintin, o boom da BD europeia pós-Segunda Guerra Mundial, a sua libertação temática pós-Maio de 1968…
3.       Mas a verdade é que – se todos estes e outros períodos foram estimulantes – nos dias de hoje, como nunca, conseguimos compreender a importância de cada um deles….
4.       ... e temos acesso a muitos dos grandes momentos dos quadradinhos das épocas citadas, em edições cuidadas e comentadas que são uma autêntica perdição para quem lê histórias aos quadradinhos.
5.       Para além disso - como todos os contemporâneos daquelas épocas – podemos acompanhar o muito e bom que é criado nos nossos dias.
6.       Dirão alguns que, daqui para a frente isso acontecerá sempre, mas permitam-me duvidar.
7.       Não só pelos avanços tecnológicos que poderão conduzir a BD para outros caminhos e outros suportes, pondo fim – a curto? médio? prazo - às edições em papel, pesadas na mão, em que se sente o cheiro da tinta, a textura do papel, que eu tanto prezo…
8.       … mas também pela questão geracional, pois hoje em dia reedita-se – em boa parte acredito eu – para aqueles que em crianças e jovens leram os quadradinhos hoje clássicos e que conheceram esses períodos tão estimulantes…
9.       … e não me parece que próximas gerações venham a ter esses mesmos interesses.
10.   Dito isto, em jeito de introdução (bem longa), permitam-me passar ao livro que hoje destaco, no terceiro e último dos três textos que As Leituras do Pedro dedicam aos 75 anos do Príncipe Valente.
11.   La Reina y el Escudero, é mais uma dessas reedições (quase) perfeitas de um clássico incontornável da BD, ou não fosse o seu responsável Manuel Caldas, cujo trabalho nunca é de mais salientar.
12.   Suspensa a edição portuguesa pelas (tristes razões) já conhecidas, perdidos os direitos para Espanha por força da força de uma editora “grande”, esta edição para o Uruguai (!) surge como bem-vindo oásis para os que admiram o trabalho de restauro, minucioso e perfeccionista que Caldas desenvolveu na (re)descoberta do traço original a preto e branco de Foster.
13.   Para não repetir o que já escrevi várias vezes sobre a obra, o autor e o trabalho de Caldas, referirei a variedade temática das várias histórias incluídas neste tomo,
14.   que “abarca o período das últimas pranchas publicadas em "O Mosquito" e das primeiras saídas no "Mundo de Aventuras", incluindo as pranchas que na época não se publicaram enquanto uma revista não retomou a série abandonada pela outra”, esclarece Manuel Caldas,
15.   o alto nível gráfico e narrativo que Foster mais uma vez demonstra,
16.   com especial destaque para o seu elevado sentido de humor e a cada vez maior humanização dos participantes.
17.   E também a harmonia com que a narrativa aventurosa combina com a temática familiar, a intriga palaciana e as questões sociais e políticas.
18.   E ainda, o protagonismo que ocupam nestas páginas a (rainha) Aleta e o (escudeiro) Arf, daí o sub-título do livro
19.   cujo desenho se mantém soberbo, preciso, expressivo e minucioso.
20.   Por isso, mesmo em tempos de crise, esta é sem dúvida uma daquelas obras incontornáveis, que pode – que deve! – ser encomendada. Aqui.



13/02/2012

Príncipe Valente nasceu há 75 anos


Príncipe Valente: a primeira prancha




A 13 de Fevereiro de 1937, um sábado, alguns jornais norte-americanos publicavam a cores a primeira prancha de uma das mais emblemáticas e fabulosas sagas que a banda desenhada viria a conhecer: “Prince Valiant in The Days of King Arthur”.

Ou seja, nascia aquele que em Portugal ficou conhecido como o Príncipe Valente pelos leitores do Mosquito (onde se estreou em 1948), do Mundo de Aventuras, do Jornal do Cuto e, principalmente, do jornal Primeiro de Janeiro, que o publicou semanalmente, a cores, durante 36 anos, entre 1959 e 1985.
Criada aos 44 anos por Harold Rudolph Foster (1892-1982), revelar-se-ia não só uma obra de maturidade, mas também a obra de toda a sua vida, pois a ela dedicou mais de 40 anos, durante os quais escreveu e/ou desenhou 2244 pranchas, as últimas cinco centenas já desenhadas por John Cullen Murphy (1919-2004). Após a morte de Foster os argumentos estiveram a cargo do filho de Murphy. Com a morte deste, em 2004, Mark Schultz (argumento) e Gary Gianni (desenho) assumiram esta BD, ainda em publicação nos nossos dias.
Curiosamente, Foster, que também foi desenhador de Tarzan, chegou a considerar os quadradinhos arte menor e a trocá-los pelo desenho publicitário, antes de voltar a eles por razões económicas.
A última prancha desenhada por Foster
As aventuras do Príncipe Valente (ou Val), cavaleiro da mítica Távola Redonda da Corte do Rei Artur, defensor de valores como a coragem, a amizade, a lealdade, a justiça, a honra e o cavalheirismo, constituem uma monumental saga, tão bem escrita como desenhada, em que se destaca o envelhecimento progressivo dos protagonistas: Val, que só aparece na terceira prancha da saga, começa como adolescente, torna-se depois um jovem fogoso, conhece a bela Aleta, rainha das Ilhas Brumosas, com quem casa e tem vários filhos - Arn, o primogénito, as gémeas Karen e Valeta, Galan e Nathan (este último já no consulado de Murphy) - que, à medida que o pai amadurece, vão crescendo – até à idade adulta - e assumindo, a vários níveis, cada vez mais protagonismo.
Porque, na BD com o seu nome, o Príncipe Valente está muitas vezes ausente ou é pouco mais do que espectador surgindo, também, no centro da acção Sir Gawain, cavaleiro da Távola Redonda, a rainha Aleta, os seus filhos, o escudeiro Arf, o vicking Boltar e outros mais, o que permitiu a Foster contar – muitas vezes em simultâneo – várias histórias que se combinam, cruzam e servem de referência.
Nelas, abordou aspectos sociais, políticos, militares e religiosos da época em que Val viveu, levando-o a percorrer meio mundo, da Europa – incluindo uma breve acostagem na costa portuguesa - à América, da África à Ásia.
Prancha 534
No aspecto formal, o facto de, ao contrário do que era habitual, o Príncipe Valente ter sido sempre publicado apenas como prancha dominical, sem a habitual derivação em tiras diárias, permitiu a Foster dedicar-lhes cerca de 50 horas semanais. Por isso, cada uma, nos seus monumentais 86 cm de altura por 70 cm de largura (ou seja cada vinheta tem aproximadamente o tamanho de uma folha A4) é uma obra de arte, de composição tradicional mas razoavelmente variada, traçada num preto e branco fino e detalhado, perfeito na correcta proporção do ser humano, sejam eles vigorosos guerreiros, belíssimas mulheres, alegres crianças ou veneráveis anciãos, expressivo na representação dos seus rostos, que transmitem todas as sensações de que o autor os quis dotar, e sublime na recriação de paisagens ou edifícios, com um pormenor inultrapassável.
Finalmente, numa época em que o balão de texto era já instrumento fundamental da narrativa sequencial em quadradinhos, a obra de Foster surpreende pelo recurso (aparentemente obsoleto) ao texto sob cada vinheta. Mas, só assim, Foster pode dar largas ao seu talento literário – atente-se na riqueza do seu vocabulário e na sua veia erudita – que condimentou com um assinalável sentido de humor com o qual, tantas vezes, coloca em causa princípios e bases do tempo em que Val viveu e do seu próprio tempo.


Um grande obrigado ao Manuel Caldas pela disponibilidade para esclarecer algumas questões e pela selecção das imagens que ilustram este texto e também o de amanhã.

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Fevereiro de 2012)



10/12/2009

Tarzan dos Macacos

Condensação da novela de Edgar Rice Burroughs
Harold R. Foster (desenho)
Libri Impressi (Novembro de 2009)
230 x 215 mm, 72 p., pb, brochado com badanas

Resumo

A história de Tarzan, o rapaz branco adoptado pelos grandes gorilas africanos que cresceu como um selvagem e o seu posterior contacto com a civilização dos seus pais e com compatriotas, é um dos grandes mitos do século XX, criado na literatura e depois ampliado pelo força das imagens do cinema e da banda desenhada.

Desenvolvimento
Este tomo, recupera a adaptação para a 9ª arte da história original de Burroughs, publicada em 1929 e que ficou para a história como a primeira banda desenhada em estilo realista, num tempo em que toda a BD era cómica. O seu responsável gráfico foi Harold Foster – que viria a ficar famoso como criador do Príncipe Valente – que, com um traço ágil, nervoso e dinâmico, com um apreciável domínio do preto e branco e dos jogos de luz e sombras e uma multiplicidade de enquadramentos, recria de forma magistral a misteriosa selva africana, a selvajaria das suas criaturas ou a elegância do homem criado pelos macacos.
É um clássico que hoje, 80 anos depois, mantém toda a actualidade e modernidade porque, apesar do texto no rodapé das imagens, se trata de uma indiscutível sequência gráfica narrativa, em que as (soberbas) ilustrações muitas vezes quase dispensam o texto escrito.

A reter
- A força gráfica de um clássico com 80 anos.
- O notável trabalho de restauro das ilustrações originais de Foster (explicado no final do volume) feito por Manuel Caldas a partir de quatro edições, aproveitando de cada uma o melhor de cada desenho, num trabalho de rigor, minúcia, entrega e paixão que o ocupou durante algumas centenas de horas e faz desta edição a primeira em todo o mundo a apresentar, completamente restaurada e em todo o seu esplendor, a feliz conjugação dos talentos de Burroughs e Foster.

Menos conseguido
- Eu sei que possivelmente não havia (economicamente falando) outra solução para a montagem deste livro, que publica duas tiras por página dupla: como cada tira tem 5 vinhetas, no topo da primeira página temos 3 vinhetas e mais duas no topo da segunda página e, depois, 2 vinhetas no fundo da primeira página e 3 no fundo da segunda. No entanto, pessoalmente, preferia apenas uma tira por página, o que implicaria um livro mais baixo e comprido. Esquisitices, dirão alguns...

Curiosidades
- Tarzan dos Macacos é considerada a primeira banda desenhada realista.
- Todos os que leram o (magnífico) Tarzan de Joe Kubert, poderão descobrir nesta edição como ele se inspirou (tantas vezes) no original de Foster.
- O mesmo se passou com Frank Frazetta, por exemplo para desenhar a capa mostrada aqui ao lado, claramente inspirada na última vinheta da página 35 (em baixo).

(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 5 de Dezembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

15/06/2009

Príncipe Valente

Foster e Val – Os trabalhos e os dias do criador de ‘Prince Valiant’
Manuel Caldas
Livros de Papel (Portugal, Dezembro de 2006)
260 x 340 mm, 128 p., pb e cor, capa brochada com badanas

Príncipe Valente
(6 volumes, de 1937-38 a 1947-48)
Harold R. Foster
Livros de Papel (vol. 1 a 5) e Bonecos Rebeldes (vol. 6) (Portugal, Março de 2005/Junho de 2007)

270 x 348 mm, 112 p., pb, capa brochada com badanas

Resumo
Publicado durante décadas no suplemento dominical de "O Primeiro de Janeiro", o Príncipe Valente é, possivelmente, um dos clássicos da banda desenhada norte-americana melhor conhecidos em Portugal. A isto, há que acrescentar a sua passagem por diversas revistas desde os anos 50 e também algumas edições (muito) parciais em álbum. Por isso, para muitos será desnecessário apresentar a série, mas para outros, justifica-se fazê-lo. Criado em 1937, por Harold Rudolf Foster, "Prince Valiant in the days of King Arthur", no original, é uma soberba saga medieval, que exalta valores como a liberdade, o cavalheirismo, a amizade, a honra e a valentia, e que narra a juventude, idade adulta e envelhecimento de um dos cavaleiros da mítica Távola Redonda da Corte do Rei Artur.
“Foster e Val” é uma biografia (apaixonada e apaixonante) do seu autor, repleta de ilustrações.

Desenvolvimento
Pegando no que atrás ficou escrito, diga-se que a evolução do herói, que vai avançando na idade, casa, tem filhos, que crescem e progressivamente o vão substituindo ou pelo menos partilhando com ele o protagonismo das aventuras, é uma das marcas distintivas da série. Como o é também, o facto de nela não existir qualquer balão, surgindo todo o texto na parte inferior das vinhetas. Mas que acabam por ser aspectos secundários, quando comparados com as qualidades que a tornaram única: a erudição literária do seu texto, o requinte e o pormenor do seu desenho clássico, realista, expressivo e imponente, a diversidade e a consistência das (muitas) histórias que vão sendo contadas, passadas numa época mítica, à qual Foster dá um toque de fantástico aqui e ali, não se coibindo, por oposição, de também dar uma aura de autenticidade através da citação de episódios históricos ou até da participação activa do protagonista neles.
Nos primeiros anos, a acção centra-se na longa procura de Aleta, rainha das Ilhas Brumosas, por parte do Príncipe Valente, que termina com o casamento dos dois após muitos encontros e desencontros. A par da magia da aventura em estado puro e dos múltiplos combates com que Foster alimentou anos da saga, e dos muitos lugares remotos visitados, destaca-se a forma como Foster os entremeia com registos mais caseiros, quase sempre condimentados com um invulgar sentido de humor.

A reter
- A paixão de Caldas pela obra de Foster, patente (e latente) nestas edições.
- O extremo cuidado posto na restauração de cada prancha.
- A qualidade literária dos textos do Príncipe Valente.
- O traço clássico, minucioso e pormenorizado de Foster.

Menos conseguido
- É lamentável que uma edição desta qualidade de um clássico eterno, termine abruptamente ao fim de seis volumes
[1] devido a uma querela motivada (?) por razões financeiras. Como se o pouco dinheiro que se consegue amealhar editando BD em Portugal o justificasse…

Curiosidade
- Mantido por Hal Foster ao longo de mais de 30 anos, em sumptuosas pranchas dominicais, o "Príncipe Valente" conta 2.244 páginas da sua autoria, incluindo cerca de
meio milhar desenhadas por John Cullen Murphy (para não citar a sua actual fase, assinada por Gary Gianni). Da fase assinada a solo por Foster, cuja edição integral estava prevista em 22 volumes, com uma centena de páginas cada, estão já editados seis, com uma qualidade gráfica nunca antes vista que fazem dela a edição definitiva de "Príncipe Valente". Para a concretizar, Manuel Caldas, especialista e apaixonado confesso da obra de Foster, conseguiu que o King Features Syndicate abrisse os seus arquivos para obter as provas originais ou, quando elas não existiam, recorreu às páginas de jornais, compradas durante anos através do eBay, das quais eliminou a cor e restaurou até ao mínimo pormenor para obter o preto e branco cristalino que a actual edição apresenta.
- Cada volume contém no seu final meticulosas notas de leitura que podem ir da simples curiosidade ao enquadramento histórico e que revelam a verdadeira paixão e profundo conhecimento de Caldas pela obra.
- Manuel Caldas, através do selo editorial Libri Impressi, tem em curso uma edição em espanhol, que vende pelo correio para o país vizinho (impossibilitado que está de a distribuir nas livrarias) e também o primeiro volume da série em inglês.
[1] Existe um sétimo volume, editado “a solo” pela Bonecos Rebeldes. Se a qualidade da obra em si se mantém, na (inevitável) comparação gráfica com os seis volumes anteriores, da responsabilidade de Manuel Caldas, entretanto afastado, nota-se (e muito) a falta da sua paixão e minúcia, visível no menor cuidado posto no restauro dos originais, na inestética legendagem mecânica, na omissão das datas originais de publicação e na ausência das suas saborosas anotações e comentários…

(Montagem e actualização de diversos textos publicados entre 2005 e 2008, no Jornal de Notícias e na In’ - suplemento da revista NS, distribuída aos sábados com o JN e o DN)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...