Les Rues de Sable
Paco Roca (argumento e desenho)
Delcourt (França, Abril de 2009)
202 x 257 mm, 96 p., cor, capa cartonada
Resumo
Um jovem, atrasado para se encontrar no banco com a sua companheira, para assinar um contrato de empréstimo à habitação, corta caminho por um velho bairro da sua cidade, cuja saída não consegue achar. Acaba por ir ter a um hotel repleto de personagens absurdas, que vivem um quotidiano vazio e repetitivo, convencidas que nunca o poderão mudar.
Desenvolvimento
Este é um delírio (autobiográfico?) aos quadradinhos, com as sombras tutelares de Hergé e Borges, que explora o mais fundo da mente humana, convidando a que nos percamos com o autor nas armadilhas do subconsciente do protagonista, que, sem o perceber, se vai encontrando com diferentes possibilidades de si próprio, sempre incapaz de fazer (novas) escolhas e opções, sempre preso a momentos, recordações, objectos que o marcaram. Tal como na sua vida real, em que as hesitações, o medo de dar o passo em frente, parecem mais fortes do que o desejo de assumir em pleno a relação amorosa.
Para o narrar, Paco Roca explana mais uma vez o seu belo traço linha clara, combinado com uma planificação sóbria mas diversificada e labiríntica como a própria introspecção que conduz.
Após a leitura, fica a ideia de que a vida é (pode ser) como uma BD, como uma bela BD, na qual sempre pode aparecer a palavra (continua). Resta saber se o protagonista chegou – quis chegar – a tempo ao banco ou se preferiu passar (mais uma parte d)a vida preso nos seus sonhos de liberdade.
A ler, sem qualquer dúvida, apesar de um final demasiado aberto… como quase todos os sonhos. E vidas.
A reter
- Como adepto confesso da linha claro, tenho que destacar o traço de Roca.
Curiosidades
- Tintin, Popeye e o (óbvio) Corto Maltese são alguns heróis de BD que Paco Roca homenageia, expondo-os nas primeiras pranchas do relato.
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