09/07/2009

Lance #2

Lance – Volume 2 (de 4)
Warren Tufts (argumento e desenho)
Libri Impressi (Maio de 2009)

234 x 333 mm, 96 p., cor e pb, brochado com badanas

Resumo

Lance St. Horn, tenente (indisciplinado) do exército norte-americano vive grandes aventuras que só têm paralelo nas paixões que provoca.

Desenvolvimento
O segundo tomo da reedição integral deste western clássico de recorte humano, datado de meados dos anos 50 do século passado e ambientado nos primeiros anos da expansão para o oeste selvagem, destaca-se mais uma vez pela superior qualidade da edição, da responsabilidade do português Manuel Caldas que gastou em média 15 horas no restauro de cada prancha da obra a partir de páginas de jornais da época, obtidas no Ebay, pois já não existem as provas originais.
Este segundo volume tem a particularidade de incluir não só as magníficas pranchas dominicais, coloridas, mas também as tiras diárias, a preto e branco, tendo estas sido de curta duração, pois publicaram-se apenas durante 16 meses, enquanto a série durou cinco anos.
Isto não retira interesse à narrativa, com a história dividida entre as proezas heróicas de Lance St. Lorne, um impetuoso e impulsivo (e por vezes indisciplinado) tenente do exército norte-americano, com uma visão muito pessoal do sentido do dever, sempre ao lado dos mais fracos e desfavorecidos, e as paixões amorosas que vai desencadeando. Neste volume, entre o combate à ofensiva desencadeada pelo chefe índio Nariz Partido e a tentativa de ajudar os caçadores montanheses ao lado da jovem e fogosa Valle, com quem acaba por casar, sobra tempo para um curto mas belíssimo interlúdio, compostos pelas pranchas 79 a 85, que revelam toda a mestria narrativa e gráfica do traço clássico de Tufts, a sua soberba aplicação de cores e a sua invulgar capacidade de emprestar emoções bem humanas aos seus heróis de papel.

A reter
- A edição em si.
- A paixão e o cuidado postos no restauro dos originais por Manuel Caldas.
- O episódio das pranchas 79 a 85.

Menos conseguido
- Eu sei que a edição integral obrigava à publicação como ela é feita, alternando as pranchas dominicais com as tiras diárias, mas a verdade é que a sua leitura conjunta, retira dinamismo à acção, tornando-a mesmo algo repetitiva, uma vez que a narrativa das tiras, embora aprofunde e acrescente pormenores ao todo, começa um pouco antes do fim da prancha dominical anterior e termina um pouco depois do início da prancha seguinte…
- É inacreditável que o primeiro volume de Lance não tenha vendido em Portugal os míseros 700 exemplares necessários para o pagar e garantir novo tomo. Depois queixem-se que não há banda desenhada em português. Quando há – e com esta qualidade - não a compram! Bem podemos agradecer aos nossos vizinhos espanhóis a possibilidade de ler este volume #2.

Curiosidades
- As pranchas dominicais de Lance foram publicadas entre 5 de Junho de 1955 e 29 de Maio de 1960, enquanto que as tiras diárias existiram de 4 de Janeiro de 1957 a 17 de Maio de 1958.
- Segundo (o especialista) Manuel Caldas, “o belíssimo interlúdio do episódio de Muitas Túnicas esteve para ser passado ao cinema na época em que a série se publicava”.

(Versão revista e actualizada do texto publicado a 20 de Junho de 2009 no suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

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