11/08/2009

Le sauveteur

Jirô Taniguchi
Casterman (França, Abril de 2007)
150 x 210 mm, 336 p., pb, capa brochada com jaqueta

Resumo

Guarda de um refúgio nos Alpes japoneses, Shiga responde a um pedido de ajuda da mulher do seu velho amigo Sakamoto, que antes de falecer, 13 anos antes, o fez prometer que velaria pela sua esposa e filha. Deixa assim o seu “habitat”, para se embrenhar em Tóquio à procura de Megumi, a menor desaparecida.

Desenvolvimento
E embora Shiga não hesite em corresponder ao chamado que lhe é feito, é evidente o seu desconforto no meio citadino, de onde há muito voluntariamente se afastou. Este é um dos pontos de interesse deste manga, cujo tom – e tensão - se vai desenvolvendo num crescendo, à medida que o protagonista se aproxima do seu objectivo, sendo curiosa a comparação estabelecida entre o seu percurso e os passos necessários a uma escalada. Que, numa (longa) cena bem conseguida, acabará mesmo por acontecer, já na ponta final do livro.
Assim, em “Le sauveteur”, mais uma vez uma criação de Taniguchi confronta-se com a cidade, embora aqui o tom seja completamente díspar do de outras narrativas, nomeadamente “L’Homme qui marche”, com a contemplação a dar lugar à acção.
Apesar disso, esta é uma narrativa em que os diálogos têm um lugar preponderante, já que a busca de Megumi, mais do que em lugares, faz-se do questionar pessoas da sua área de conhecimentos ou das zonas (pouco recomendáveis, diga-se) que frequentava. A comunicação de Shiga, maioritariamente com desconhecidos, a maior parte das vezes pouco amigáveis ou pouco dispostos a ajudar, mas também com a mãe e o avô da desaparecida ou com os seus amigos alpinistas, é feita sempre com diálogos no tom justo, credíveis, convincentes, que fazem a história avançar, num ritmo propositadamente lento, sem saltos bruscos ou incoerências, e que permitem ao leitor estar sempre a par do ponto em que está a procura em que o protagonista se empenha.
Ao mesmo tempo, a par desta busca profundamente humana, Taniguchi traça um retrato (desencantado) de uma certa realidade japonesa que, apesar de chocante, não se questiona pela forma quase documental como é apresentada e que contrasta com a imagem sóbria que geralmente passa daquele país. E que faz com que o final, à primeira vista feliz, numa segunda leitura deixe muitas dúvidas quanto às marcas que os acontecimentos daqueles dias deixaram nos seus protagonistas.


A reter
- Os diálogos.

Menos conseguido
- A história ganhava se o leitor fosse mantido na ignorância da identidade do culpado e do destino de Megumi até mais perto do final.
- O contraste entre o ar (quase) semi-caricatural dos rostos das personagens e o traço realista (fotográfico) dos edifícios.

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