Mostrar mensagens com a etiqueta manga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta manga. Mostrar todas as mensagens

19/11/2013

As Vendas do Pedro - Manga

Ao longo dos muitos anos que levo ligado à banda desenhada, por diversas razões (ofertas sem possibilidade de troca, compras em duplicado, substituição por edições mais recentes, mais completas ou em português...) acumulei revistas, livros, figuras e selos repetidos.
Para libertar espaço, estou agora a disponibilizá-los a quem me costuma ler. Salvo indicação em contrário, as edições encontram-se em bom estado.
Eis as minhas propostas de hoje:

Shogun Mag #1

180 x 250 mm, 308 p., pb

2,50 €

Shogun Mag #2

180 x 250 mm, 308 p., pb

2,50 €

Shogun Mag #3
180 x 250 mm, 308 p., pb
2,50 €

Shogun Seinen #1
150 x 205 mm, 308 p., pb
2,50 €

Mision Tokyo Magazine #1
240 x 300 mm, 106 p., cor
2,50 €

B'sLog #1
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €

B'sLog #2
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €

B'sLog #3
165 x 225 mm, 600 p., pb
2,50 €
  
Ao preço indicado, deverá ser acrescentado o valor dos portes, em função da modalidade a combinar com o comprador.
Quem estiver interessado nalguma das revistas atrás mostradas, deverá indicá-lo no espaço dos comentários, ficando a revista (ou o lote de revistas) reservado durante 48 horas. De seguida, deverá confirmar esse interesse para o e-mail pedro.cleto64@gmail.com.
Após combinarmos a modalidade de envio do(s) livro(s), indicarei o NIB para onde deve ser feito o pagamento, ficando as edições reservadas durante 48 horas. Passado esse período voltará a ficar disponível para outros interessados.

Ver outras Vendas do Pedro aqui.

22/12/2012

Akira já tem três décadas







  

A 20 de Dezembro de 1982, a revista japonesa Young Magazine, propriedade da Kodansha, vocacionada para leitores jovens masculinos, estreava “Akira”, uma série da autoria de Kathsuiro Otomo, que, cerca de uma década mais tarde, viria a ser responsável pelo início da invasão manga do ocidente.

Mas não é só por isso que, na véspera do anunciado fim do mundo, este manga pós-apocalíptico merece ser lembrado.
Decorrendo em 2030, em Neo-Tokyo City, a antiga metrópole nipónica devastada por um cataclismo, “Akira” é uma longa saga com quase 22o0 pranchas que se desenrolam ao ritmo vertiginoso das motas em que Kaneda, Tetsuo e os seus amigos rolam nas auto-estradas semidestruídas, perseguidos pela polícia local, o exército norte-americano e forças misteriosas menos institucionais. O objectivo, comum a todos, é encontrar Akira, uma força da natureza que se revelará um simples menino com poderes paranormais extraordinários.
Quase uma década mais tarde, Estados Unidos, primeiro, França e Espanha, de seguida, e, aos poucos, todo o ocidente dos quadradinhos começariam a descobrir as pranchas originais de Otomo, coloridas especialmente para essa edição ocidental, realistas, ultraviolentas, plenas de dinamismo e acção, acentuados pelo uso de linhas de movimento, um traço ágil e cativante e uma intriga densa e irresistível.
Não sendo o primeiro manga publicado nos EUA ou na Europa, foi aquele que provocou a posterior avalanche que permitiu descobrir “Dragon Ball”, “Death Note” ou “Yu-Gi-Oh!” (para citar apenas títulos recém-editados em Portugal) e uma forma diferente de narrar aos quadradinhos, que hoje é responsável por 30% a 50 % do total de edições de BD nos principais mercados ocidentais.
Com algum atraso, “Akira” teve também direito a uma edição integral em português, em 19 volumes publicados entre 1998 e 2004 pela Meribérica-Líber.
 “Akira”, que se prolongou em entregas semanais até Junho de 1990, antes da sua conclusão aos quadradinhos daria origem a um videojogo e à longa-metragem homónima, dirigida pelo próprio Otomo, em 1988, com desenvolvimento e final diversos, mas que também teve bom acolhimento.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Dezembro de 2012)



07/10/2010

Dragon Ball #1 – Son Goku e Dragon Ball #2 – O fim da busca


Akira Toriyama (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Outubro de 2010)
120 x 180 mm, 192 p., pb, brochado


Resumo

Continuando a apostar na edição de manga, a ASA, depois do excelente Astroboy, aposta naquele que foi um dos títulos mais importantes para o estabelecimento da relação entre o manga (e o anime) e os seus seguidores ocidentais: Dragon Ball.
Na sua origem (correspondente aos dois tomos que agora ficam disponíveis) está a busca de 7 bolas – as Dragon Balls ou Bolas do Dragão – que uma vez reunidas permitem ao seu possuidor ver realizado um desejo.
Nessa busca, mais ou menos voluntariamente, mais ou menos juntos, vão encontrar-se Son Goku, Bulma, Oolong, Yamcha e Puar.

Desenvolvimento
Criada nos anos 80 por Akira Toriyama, Dragon Ball é, na sua origem, bastante diferente da série animada que tanta polémica e contestação causou aquando da sua exibição inicial no Ocidente, devido à associação do seu visionamento a alguns casos de violência infantil surgidos então, com legiões de educadores, pedagogos e pais a exigirem o final da sua exibição. Em causa estava a extrema violência dos combates entre os personagens, que se podiam prolongar por diversos episódios (horas, portanto) sem que deles adviessem consequências físicas para heróis e vilões o que, segundo os críticos da série, transmitia a ideia de invulnerabilidade do ser humano, mesmo perante a morte, pois alguns dos protagonistas chegavam a ressuscitar.
No entanto, desengane-se quem tem como modelo a série televisiva, pois a versão em manga é bastante mais suave e divertida, justificando plenamente (pelo menos) a satisfação da curiosidade por parte de quem a desconhece.
O protagonista é Son Goku, um miúdo semi-selvagem, com cauda de macaco, que vive sozinho na montanha, desconhecendo tudo o que diz respeito à civilização, incluindo a existência de mulheres, com as suas especificidades físicas. Este último aspecto dá origem a uma série de situações inusitadas e divertidas, a maioria dos quais envolvendo Bulma, a adolescente de 16 anos que quer reunir as 7 bolas para pedir um namorado.
Pelo meio vão surgi Oolong, um porco que consegue transformar-se no que quiser durante cinco minutos e com uma fixação em cuecas de menina, Yamcha, o lutador que fica atemorizado junta das raparigas, Puar, o seu companheiro, com poderes semelhantes aos de Oolong, e o tartaruga genial, um velho mestre de artes marciais obcecado pela anatomia feminina. Desta forma, vão sendo recorrentes alusões e piadas mais ou menos brejeiras - mas que não deixam de surpreender – embora muito suaves e contidas e há mesmo a exibição (pudica e recatada) de alguns elementos da anatomia feminina.
Durante a sua busca pelas 7 Bolas do Dragão – após cada desejo satisfeito as bolas são de novo espalhadas pelo mundo inteiro, perdendo o seu poder durante um ano – Son Goku e os seus amigos (cada um com um desejo especial em mente) vão encontrar diversos obstáculos e adversários, quase todos vencidos pelo pequeno Goku, que se revela um exímio combatente.
O traço de Toriyama, um japonês nascido em Abril de 1955, em Nagoya, semi-infantil e arredondado, é bem mais agradável do que o traço duro e agreste da série televisiva, e, como é vulgar no manga, utiliza com mestria a planificação e as linhas indicadoras de movimento para dotar de ritmo acelerado e grande dinamismo toda a narrativa, que combina elementos de ficção científica, fantástico e magia e retira alguma inspiração de contos tradicionais infantis.
A história da busca – com um final surpreendente e desconcertante, com mais do que um desejo satisfeito - como já ficou dito atrás conclui-se no final do segundo tomo, embora fique aberta a porta para novas aventuras, que se seguirão ao longo de muitas centenas de páginas, ou não estejamos em presença de um relato manga…!
Deixo um conselho: se não conhece Dragon Ball aos quadradinhos, compre (pelo menos) estes dois tomos. Atreva-se a descobri-lo, pois vai ter uma bela surpresa.

Curiosidade
- Aproveitando o êxito da exibição televisiva, em 2001 a Planeta De Agostini distribuiu em Portugal o manga Dragon Ball, no seu habitual esquema de fascículos disponíveis em quiosques, em 42 volumes semelhantes aos actuais, num formato ligeiramente mais pequeno e com papel mais fraco. Esta edição é muito difícil de encontrar hoje em dia, supostamente porque as sobras foram destruídas. A actual edição da ASA tem cerca de uma dezena de páginas a mais por volume, devido à introdução de índices e de capas e ilustrações publicadas originalmente na revista nipónica “Weekly Shonen Jum” onde Dragon Ball foi publicado pela primeira vez.
- Tal como Astroboy, esta edição de Dragon Ball tem sentido de leitura japonês, ou seja, do fim do livro para o princípio (em relação ao que é normal no Ocidente) e da direita para a esquerda. Se nunca experimentou, não se assuste; para quem está habituado a ler banda desenhada, é mais fácil do que parece!
- Uma vez completa a colecção, o conjunto das lombadas formará a imagem de um dragão.

Informação
- O tomo 1 vai ser vendido com o Diário de Notícias, no dia 9 de Outubro.
- O tomo 1 e tomo 2 começam a ser distribuídos hoje, 7 de Outubro, e deverão estar em todas as livrarias até dia 12. O tomo 3 chega às lojas em Novembro. A partir de Janeiro de 2011 será distribuído um tomo por mês.
- Está garantida a publicação de 16 tomos, correspondentes à saga Dragon Ball; no tomo 17 inicia-se o ciclo Dragon Ball Z.

30/08/2010

Celle que je ne suis pas

Vanyda (argumento e desenho)
Dargaud (França, Abril de 2008)
172 x 240, 192 p., cor, brochado com badanas


Com o manga em grande no mercado francófono, este é mais um exemplo de como este género influencia os autores locais, no caso uma belga de quase 30 anos, já com uma biografia respeitável, com um estilo próximo do da BD japonesa – deixo para outros a discussão se só é manga o que é produzido por nipónicos…
Mas onde também se notam outras leituras, no ritmo pausado, lento, do relato, que se demora em pormenores, que aprofunda as pequenas conversas, que transmite no papel tiques e hábitos do quotidiano normal, como o beijo de cumprimento, as banalidades que se trocam, o tempo de um passeio em silêncio ou pormenores de uma refeição ou de uma compra.
Mas passemos à história deste primeiro tomo de uma trilogia, protagonizada por Valentine, uma morena bonita, perdida num mundo, numa sociedade, numa família, numa escola em que não se reconhece, entre as tentativas de se integrar à força e o desejo – quase sempre reprimido - de marcar a sua diferença, de afirmar a sua individualidade, por medo da eventual rejeição subsequente.
Uma história que mostra – principalmente em relação a Valentine mas também relativamente às suas colegas e amigas – os prós e os contras das cedências que é necessário fazer para pertencer a um grupo, aquilo de que é necessário abdicar, as violências que essas escolhas exercem sobre si próprio, os efeitos que têm sobre a sua auto-imagem, numa idade – 14, 15 anos – em que a personalidade se afirma, em que as solicitações são muitas - álcool, droga, sexo, grupos – e as ajudas – em tempo de famílias desagregadas e culto da próprio umbigo - quase sempre poucas. Ou nenhumas.

(Texto publicado originalmente no BDJornal #24, de Outubro de 2008)

23/07/2010

Astroboy 2

Osamu Tezuka (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Julho de 2010)
127 x 182 mm, 208 p., pb, brochada

Se já algo ficou escrito n’As Leituras do Pedro sobre Astroboy, aquando do lançamento do primeiro tomo desta trilogia que a ASA está a editar, a chegada às livrarias do segundo tomo um mês decorrido sobre o lançamento do primeiro – dentro do prazo previsto, portanto, o que nem sempre (raramente?!) tem sido regra em Portugal – justifica nova chamada de atenção para a obra em geral e alguns detalhes dela em particular.
Em geral, porque Tezuka é um dos grandes nomes do manga e da BD e lê-lo em português é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. Até porque a edição, graficamente, está bem cuidada e conseguida (pese embora alguns problemas na impressão dos tons cinzentos) e respeita o sentido de leitura do original japonês.
Depois, porque Astroboy é um clássico que, se tem algumas marcas do tempo que decorreu desde o seu lançamento - nos anos 60 do século passado – como era inevitável numa obra de antecipação tecnológica e científica, continua perfeitamente legível e, em muitos aspectos, actual. E se a primeira impressão é que estamos face a uma obra ingénua – e a ingenuidade está presente nela - e até infantil – devido a algumas das soluções narrativas adoptadas - , uma leitura – que nem necessita de ser muito atenta – contraria de imediato esta ideia porque, com o seu traço (enganadoramente) simplista - mas muito expressivo e dinãmico -, Tezuka consegue desenvolver histórias adultas que podem até ser chocantes e cruéis, destacando-se nestes aspectos, nesta nova compilação, “Sua alteza Deadcross”, o primeiro dos três contos nela inseridos.
Deixo ainda uma chamada de atenção final para a dualidade humanos/robots que perpassa toda a saga de Astroboy, com as criações mecânicas, frequentemente, a ultrapassarem em humanidade os seus criadores humanos…

13/01/2010

Lançamentos ASA 2010

A ASA prevê lançar no nosso país durante 2010 os primeiros tomos de “Dragon Ball”, de Akira Toryiama (ainda no primeiro semestre), “Yu-Gi-Oh”, de Kazuki , e “AstroBoy” e “A Princesa e o Cavaleiro”, ambos criações de Osamu Tezuka, o “pai” do manga (BD japonesa) moderno.
Até agora a editora apenas lançara manga de origem norte-americana - como "Warcraft Legends", cujo segundo tomo fica disponível ainda este mês -, dada a grande dificuldade em negociar com as editoras nipónicas tiragens tão pequenas como são as portuguesas. Conforme revelou ao Jornal de Notícias a Drª Maria José Pereira, responsável pelo departamento de BD da ASA, estas edições seguirão o formato original “Tankobon”, a preto e branco, com cerca de 200 páginas por volume e sentido de leitura japonês, ou seja, do fim para o princípio e da direita para a esquerda, e permitirão finalmente descobrir em português títulos relevantes de um género que chegou ao Ocidente há cerca de 20 anos e que detém quotas de mercado na ordem dos 40 % na França, Espanha, Alemanha ou Estados Unidos.
Mas não só de manga viverá o catálogo de BD da editora, que já este mês, com “Mú”, acolherá uma nova colecção de "Corto Maltese", a grande criação de Hugo Pratt, a cores, com novas introduções e num formato ligeiramente inferior ao habitual. Ainda sem data definida continua o início da edição integral das aventuras de Tintin, de Hergé, com nova tradução.
Contrariando uma das principais críticas desde sempre feitas à edição de BD em Portugal, a ASA propõe-se concluir - ou pelo menos continuar - este ano quatro das séries que tem em curso: “Passageiros do Vento”, de Bourgeon (com a chegada às livrarias, ainda em Janeiro, do sétimo volume “A menina de Bois-Caiman #2”), “Bórgia”, de Jodorowsky e Manara (com dois tomos em 2010), “A Teoria do Grão de Areia – vol. 2”, de Schuiten e Peeters, e “Murena”, de Dufaux e Delaby, e continuar com algumas séries do seu catálogo como Lucky Luke ou Dilbert.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 12 de Janeiro de 2010)

-

16/12/2009

Zatoichi














Hiroshi Hirata (argumento e desenho)
Delcourt (França, Janeiro de 2006)
127 x 180, 256 p., pb, brochado com sobrecapa com badanas, sentido de leitura japonês

06/11/2009

Sky Hawk

Jirô Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman/Sakka (França, Outubro de 2009)
150 x 210 mm, 288 p., cor e pb, brochado
com sobrecapa


Resumo
Dois samurais japoneses – Hikosaburô e Manzô – exilados nos EUA após a restauração de Meij (1868) vivem da caça no território dos índios Crow.
Um dia, um acaso faz com que cruzem o caminho de Running Deer, uma índia que acaba de dar à luz e que é perseguida pelos brancos que a escravizaram.
Após alguns confrontos e uma longa fuga, os dois samurais juntam-se aos guerreiros oglagla, chefiados por Crazy Horse, que admiram as suas peculiares técnicas de combate corpo a corpo – ju-jitsu – e as suas estranhas armas – arco e flechas.
Juntos, irão participar na batalha do Little Big Horn, uma das mais célebres que opôs brancos e índios, e contribuirão para que os peles-vermelhas de Crazy Horse, Sitting Bull e outros grandes chefes, consigam vencer (e matar) o famoso General Custer.

Desenvolvimento
Taniguchi, a quem nos habituámos a ver como talentoso cronista de histórias quotidianas, em meio citadino, humanas e de uma enorme sensibilidade, surge aqui como encenador de um imenso western, em que transpôs (mais uma vez) para os quadradinhos um confronto épico entre brancos e índios (que conforme a sensibilidade de quem conta, alternam os papéis de bons e maus). Com Taniguchi, outra coisa não seria de esperar que serem os índios a lutar pela causa justa, a defesa das suas tradições e dos seus territórios sagrados e seculares, frente ao invasor branco movido pela ganância do ouro.
Um sinal de que esta incursão (surpreendente) por uma temática tão diferente não impediu Tanguchi de salientar princípios e temáticas que lhe são caros: o valor da vida humana, as relações entre eles, a harmonia com a natureza, o que torna Sky Hawk um western envolvente e fascinante, no qual a batalha ocupa apenas umas poucas páginas finais, enquanto que na maioria delas disserta sobre relações humanas e a proximidade do homem com a natureza. E nos mostra como formas de ser aparentemente distantes – o bushido japonês e o código de honra dos índios – podem afinal ter tantos pontos de contacto.
O retrato que Taniguchi traça dos grandes espaços selvagens do Velho Oeste e da forma de vida dos índios é cativante e, por vezes, até entusiasmado, embora perca pela reduzida dimensão da edição

A reter
- A forma como a história evolui, permitindo à ficção acompanhar a realidade histórica.
- O tratamento gráfico dado por Taniguchi à obra, com o seu traço fino, detalhado, vivo, expressivo, que é dinâmico quando a acção o exige, ou mais contemplativo quando a narrativa precisa de respirar.

Menos conseguido
- Se é verdade que o preto e ranço de Taniguchi é excelente, a amostra de aplicação da cor, patente nas 3 primeiras pranchas do livro, permite sonhar como seria belo o livro, se todas tivessem recebido igual tratamento.

Curiosidade
- Segundo Taniguchi, terão sido os japoneses os responsáveis pela introdução do arco e flecha junto dos peles-vermelhas.
- Um western spaghetti aos quadradinhos, narrado por um mangaka japonês é, sem dúvida, mais um sinal da globalização… e possivelmente um exemplo dos caminhos que a BD trilhará – já trilha…? - num futuro não muito distante.

11/08/2009

Le sauveteur

Jirô Taniguchi
Casterman (França, Abril de 2007)
150 x 210 mm, 336 p., pb, capa brochada com jaqueta

Resumo

Guarda de um refúgio nos Alpes japoneses, Shiga responde a um pedido de ajuda da mulher do seu velho amigo Sakamoto, que antes de falecer, 13 anos antes, o fez prometer que velaria pela sua esposa e filha. Deixa assim o seu “habitat”, para se embrenhar em Tóquio à procura de Megumi, a menor desaparecida.

Desenvolvimento
E embora Shiga não hesite em corresponder ao chamado que lhe é feito, é evidente o seu desconforto no meio citadino, de onde há muito voluntariamente se afastou. Este é um dos pontos de interesse deste manga, cujo tom – e tensão - se vai desenvolvendo num crescendo, à medida que o protagonista se aproxima do seu objectivo, sendo curiosa a comparação estabelecida entre o seu percurso e os passos necessários a uma escalada. Que, numa (longa) cena bem conseguida, acabará mesmo por acontecer, já na ponta final do livro.
Assim, em “Le sauveteur”, mais uma vez uma criação de Taniguchi confronta-se com a cidade, embora aqui o tom seja completamente díspar do de outras narrativas, nomeadamente “L’Homme qui marche”, com a contemplação a dar lugar à acção.
Apesar disso, esta é uma narrativa em que os diálogos têm um lugar preponderante, já que a busca de Megumi, mais do que em lugares, faz-se do questionar pessoas da sua área de conhecimentos ou das zonas (pouco recomendáveis, diga-se) que frequentava. A comunicação de Shiga, maioritariamente com desconhecidos, a maior parte das vezes pouco amigáveis ou pouco dispostos a ajudar, mas também com a mãe e o avô da desaparecida ou com os seus amigos alpinistas, é feita sempre com diálogos no tom justo, credíveis, convincentes, que fazem a história avançar, num ritmo propositadamente lento, sem saltos bruscos ou incoerências, e que permitem ao leitor estar sempre a par do ponto em que está a procura em que o protagonista se empenha.
Ao mesmo tempo, a par desta busca profundamente humana, Taniguchi traça um retrato (desencantado) de uma certa realidade japonesa que, apesar de chocante, não se questiona pela forma quase documental como é apresentada e que contrasta com a imagem sóbria que geralmente passa daquele país. E que faz com que o final, à primeira vista feliz, numa segunda leitura deixe muitas dúvidas quanto às marcas que os acontecimentos daqueles dias deixaram nos seus protagonistas.


A reter
- Os diálogos.

Menos conseguido
- A história ganhava se o leitor fosse mantido na ignorância da identidade do culpado e do destino de Megumi até mais perto do final.
- O contraste entre o ar (quase) semi-caricatural dos rostos das personagens e o traço realista (fotográfico) dos edifícios.

02/06/2009

Je ne suis pas mort

Je ne suis pas mort
Hiroshi Motomiya (argumento e desenho)
Delcourt (França, 2009)
264 páginas, preto e branco, capa brochada, sentido de leitura japonês

A história de Okada Kenzou que, perto da reforma, perde emprego, família e vontade de viver. Uma parábola bem intencionada sobre a necessidade do regresso do homem à natureza. Literalmente. E também sobre o facto de a visão da morte muitas vezes renovar a vontade de viver. Com bom ritmo e traço clássico mas dinâmico. Um livro regular, apenas.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...