
Esta seria a descrição de um quotidiano perfeitamente normal de qualquer família, não fosse a cidade em questão Springfield, as cinco pessoas citadas os Simpsons, a mais disfuncional família da história da televisão, e o que acima fica escrito a descrição do genérico da série, recentemente remodelado em HD, com a inclusão de vários pormenores deliciosos que apelam ao seu passado.

Por isso, o rapazinho – Bart – com cerca de 10 anos, repete como castigo uma frase do género “Não volto a fotocopiar o meu rabo.” (e são mais de 400 as frases que já escreveu) e, mal a campainha toca, sai pela porta de skate nos pés, circulando em ziguezague pelos passeios da cidade, assustando os transeuntes e planeando – concretizando mesmo – algumas partidas, pois apesar de inteligente, é cábula, traquina, irrequieto e, por vezes, mesmo mau, devido à gota de champanhe (sic) que a mãe inadvertidamente engoliu durante a gravidez… Por isso, passa mais tempo no gabinete do director Skinner, um dos seus ódios de estimação, do que na sala de aula.

Na escola de música, Lisa Simpson distrai-se e deixa que a



Depois de percursos mais ou menos atribulados, acabam por se juntar todos em casa, em frente ao ecrã de televisão que, mais do que um vício que partilham, é o mínimo denominador da série, o mundo que ela explora, desmistifica e satiriza de forma exemplar e, antes de mais, o berço onde nasceram e construíram uma carreira de fama e sucesso que agora completa 20 anos.
Pelo menos se se considerar o percurso a solo, iniciado a 17 de Dezembro de 1989, com um episódio especial de Natal que serviu de teste à primeira temporada da série regular, iniciada a 14 de Janeiro do ano seguinte.
Até hoje, foram mais de 440 episódios distribuídos por 21 temporadas (incluindo a que está a decorrer nos EUA), o que faz dela a mais antiga em exibição. Entre os muitos prémios conquistados, contam-se 23 Emmy, 22 Annie, um Peabody, uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood e a distinção da Times que em 1998 a considerou a melhor série televisiva do século XX. O que então significava de sempre.
Mas, antes disso, na pré-História dos Simpsons, conta-se um percurso de cerca de dois anos, iniciado a 19 de Abril de 1987, como rubrica de 30 segundos do “The Tracey Ullman Show”. E, antes disso, a sua criação, por Matt Groening, então com 33 anos que, diz a lenda, enquanto esperava por uma entrevista para uma possível adaptação para TV da sua série de banda desenhada “Life is Hell” decidiu modificá-la para não perder os direitos sobre ela, dando origem à disfuncional (e amarela) família.

Há duas décadas no pequeno ecrã, resistiram incólumes ao passar do tempo - sem rugas, com aspecto melhorado até, se compararmos os desenhos originais com os mais recentes, e continuam a ser o melhor (e o mais conhecido…) exemplo de uma típica família americana (ou ocidental?). Exemplo satírico, mordaz e cruel, através do qual os seus criadores – Matt Groening, Sam Simom e James L. Brooks – atacam e ridicularizam todos os estratos e todos os aspectos da sociedade, sejam eles política, religião, racismo, desemprego, vida social, fama, televisão, imprensa, saúde, educação, consumo, guerra, ecologia, direitos dos animais, vícios, cultura, morte, terrorismo, sexo… e tudo o mais que se possa imaginar! Seja em pura ficção, na colagem à actualidade ou em versões de êxitos da literatura, do cinema ou da própria televisão.
Por isso, aliás, apesar de serem uma animação, The Simpsons são antes de mais direccionados para um público adulto, o que não impede que sejam habituais as reclamações provocadas pelos episódios exibidos havendo até registo de (quase) incidentes internacionais com governos de países como o Brasil, Argentina ou Venezuela.


Que, convenhamos, combina na perfeição com os Simpsons!
(Artigo publicado originalmente a 19 de Dezembro de 2009, na revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Adr os SIMPSON ;))
ResponderEliminar