01/02/2011

Grande Prémio de Angoulême para Art Spiegelman

Concluída no passado domingo, a 38ª edição do Festival de Banda Desenhada de Angoulême, França, distinguiu o norte-americano Art Spiegelman com o Grande Prémio, pelo conjunto da sua obra, reconhecendo em especial o seu contributo para o reconhecimento da BD de autor.
Nascido na Suécia, a 15 de Fevereiro de 1948, Spiegelman começou nos quadradinhos no movimento underground norte-americano das décadas de 60 e 70, sendo fundador da revista Raw.
Em 1986 publicou “Maus I – A história de um sobrevivente” (que tem edição portuguesa da Difel), uma obra autobiográfica em que aborda o mau relacionamento com o pai a par da experiência deste como prisioneiro do campo de concentração de Auschewitz, durante a II Guerra Mundial, utilizando animais como personagens. Cinco anos mais tarde, “Maus II – E Assim começaram os meus problemas”, valeu-lhe uma exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque e um Prémio Pulitzer especial, em 1992.
Autor interveniente e crítico, Spigelman, considerado pela “Times” um dos americanos mais influentes de 2005, trabalhou para a revista The New Yorker, de onde saiu após o 11 de Setembro, em protesto contra “o conformismo dos media americanos”. Da sua bibliografia constam também obras como “In The Shadows of no Tower”, sobre o atentado às Torres Gémeas, e “Breakdowns”, entre experimentalismo gráfico e a necessidade de não deixar apagar as memórias dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazis.

Quanto ao restante palmarés do festival, este ano bastante eclético, eis as obras distinguidas:

- Fauve d’Angoulême - Prix du Meilleur Album: Cinq mille kilomètres par seconde, de Manuele Fior (Atrabile)

- Fauve d’Angoulême - Prix Spécial du Jury: Asterios Polyp, de David Mazzucchelli (Casterman)

- Fauve d’Angoulême - Prix de la série: Il était une fois en France T4, de Fabien Nury et Sylvain Vallée (Glénat)

- Fauve d’Angoulême – Prix Révélation, ex-aequo: La Parenthèse, d’Élodie Durand (Delcourt) et Trop n’est pas assez, de Ulli Lust* (Editions çà et là)

- Fauve d’Angoulême – Prix Regards sur le Monde: Gaza 1956, en marge de l’histoire, de Joe Sacco (Futuropolis)

- Fauve d’Angoulême – Prix de l’Audace: Les Noceurs, de Brecht Evens (Acte Sud BD)

- Fauve d’Angoulême – Prix Intergénerations: Pluto, de Naoki Urasawa d’après Osamu Tezuka (Kana)

- Fauve d’Angoulême – Prix du Patrimoine: Bab-el-mandeb, d’Attilio Micheluzzi (Editions Mosquito)

- Fauve d’Angoulême – Prix du Public Fnac-SNCF: Le Bleu est une couleur chaude, de Julie Maroh (Glénat)

- Fauve d’Angoulême – Prix Jeunesse: Les Chronokids T3, de Zep, Stan & Vince (Glénat)

- Fauve d’Angoulême – Prix de la Bande Dessinée Alternative: L’Arbitraire (Volume 9)

* Autora já publicada no fanzine Gambuzine

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Fevereiro de 2011)

4 comentários:

  1. Gostei de três premiados:
    Asterios Polyp, de David Mazzucchelli
    Pluto, de Naoki Urasawa
    Art Spiegelman
    Acho que foram três justos vencedores nas suas categorias. Quanto às outras não tenho condições para opinar!

    Abraço

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  2. O Spiegel man é uma excelente escolha, que faz sentido a diversos níveis.
    Quanto às obras premiadas, num mercado como o francês, em que o número de edições se contam aos milhares, há sempre diversas boas escolhas para cada categoria...
    Abraço!

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  3. André Azevedo4/2/11 11:56

    Mais que justo prémio a Spiegelman e o reconhecimento de Mazzucchelli como grande autor com este seu primeiro (!!!) álbum Asterios Polyp.
    A reedição do Bab-el-Mandeb do Micheluzzi pela Editions Mosquito ganha o Prix du Patrimoine.
    Esta edição é a preto e branco o que valoriza o estilo de desenho do Micheluzzi feita de grandes contrastes. Mas a versão original, editada em 1986, foi colorida pelo próprio autor com grande qualidade, realçando as tonalidades ocres do Egipto, onde decorre a acção.
    Qual será a edição ideal e definitiva de uma obra?
    Bem, no meu caso tento adquirir, sempre que possível, as duas versões.

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  4. Caro André Azevedo,
    Saúdo o seu gosto eclético, não lê só edições Bonelli, mas também autores clássicos e obras "independentes".
    Mais uma prova de que um leitor informado e curioso pode encontrar obras que o satisfaçam nos géneros mais variados...
    Abraço!

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