Les Cités Obscures
Benoit Peeters (argumento)
François Schuiten (desenho)
Casterman (França, Abril de 2002)
235 x 305 mm, 64 p., cor, cartonado com sobrecapa, 13,50 €
Foi há já 20 anos que foi colocada a primeira pedra das "Cidades Obscuras". Os seus "artífices" são François Schuiten e Benoit Peeters que, "mais do que uma série”, as preferem definir como “a descrição progressiva de um universo...". Um universo desvendado álbum após álbum, "como se descobre um esqueleto enterrado na areia de que não se conhece a forma completa!".
O mais recente elemento, "La frontière invisible, tome 1" (Casterman, cor, 64 p.) é "uma história que começa com a chegada ao Centro de Cartografia de Sodrovno-Voldachie, de Roland, um jovem brilhante que se empenha nas suas tarefas, subindo rapidamente na hierarquia. Ao mesmo tempo, trava conhecimento com Schkodrá, uma bela e jovem prostituta, que se recusa a despir para não revelar o mapa traçado no seu próprio corpo.Enquanto assistimos à transição de Roland da adolescência para a idade adulta, sentimos que tudo começa a mudar quando modernos aparelhos são trazidos para substituir os meios artesanais existentes e o Centro é visitado pelo marechal Radisic, o dirigente supremo do país, cuja política expansionista, assente na velha máxima de que o fim justifica todos os meios, o que põe em causa o equilíbrio existente nas Cidades Obscuras.
Mais uma vez, a história contada é simbólica, usando tempos e lugares incertos, para falar de realidades recentes como o nacionalismo ou a utilização política da história e da geografia como instrumentos bélicos.
Lembra Schuiten, que mais uma vez associa ao seu traço fino e pormenorizado, uma belíssima utilização da cor, que "uma fronteira é a linha que separa um território de outro, mas é também o que os divide!"
P.S. - Diz-se que a realização de um homem passa por três aspectos: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Saltando a questão da árvore, escrever, depois (ou a par) de várias experiências, tenho-o feito regularmente aqui, nas páginas do JN, não livros, mas sobre livros que li e tenho a oportunidade de partilhar. O filho, nasceu há dias. E é a ti, Daniel, que dedico este texto. Espero que a leitura dos livros que vou destacando, te venha a dar pelo menos tanto prazer como deu a mim, te faça transpor fronteiras, desbravar horizontes e despertar a imaginação, num tempo em que a leitura é, infelizmente, uma actividade cada vez menos praticada.
(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 7 de Maio de 2002, a propósito do nascimento do meu primeiro filho, Daniel, a 2 de Maio)
Nove anos depois: parabéns Daniel!
Nota
Este álbum, primeiro de um díptico concluído dois anos mais tarde, seria editado em português pela Witloof, em Outubro de 2002, com o título “A Fronteira Invisível – Tomo 1”, existindo também uma edição da Casterman que compila os dois tomos que constituem a história.
Disponivel nas Bertrands a cerca de 3 €s.Foi aonde comprei o meu.
ResponderEliminarOlá Optimus,
ResponderEliminarParabéns pela excelente compra!
...apesar de ser algo que me entristece profundamente, ver edições de banda desenhada, tantas vezes de excelente qualidade como é o caso, desbaratadas ao preço da chuva por este ou aquele motivo mas, principalmente, pela inexistência de um verdadeiro mercado de BD no nosso país...
Abraço!