07/06/2011

Jayme Cortez


Intitula-se apenas Jayme Cortez e é um blog que tem por objectivo “tornar acessível ao maior número de pessoas a obra do Mestre Cortez”, escrevem na sua apresentação Jayme Cortez Filho e Fabio Moraes, responsáveis pela iniciativa. Em entrevista recente, este último revelou que “o blog faz parte de um projecto maior que é a publicação de um livro de arte que estou a escrever sobre a vida e, principalmente, a obra de Jayme Cortez, ainda sem data de lançamento”.
Jaime Cortez Martins nasceu em Lisboa, a 8 de Setembro de 1926. Depois de curtas investidas nas histórias aos quadradinhos no Pim-Pam-Pum!, suplemento de O Século, em 1941, estreou-se no Mosquito em 1943 com “Uma Estranha Aventura”. Naquele jornal infantil, que marcou uma época e várias gerações, publicaria mais uma mão cheia de bandas desenhadas, com incursões no fantástico, no western e na ficção-científica, entre as quais “Os 2 amigos na cidade dos monstros marinhos” e “Os Espíritos assassinos”. Comum a todas elas era o protagonismo entregue a miúdos – inspirados nos seus amigos do Bairro Alto –, o realismo do traço baseado em modelos vivos e o grande dinamismo das histórias cujo argumento também assinava.
Em 1947, partia para o Brasil, em busca de melhores oportunidades e do sonho da quadricromia. Para ultrapassar as dificuldades, Cortez foi jornalista, ilustrador, cartoonista, autor, professor e autor de livros sobre ilustração e histórias aos quadradinhos, director de Arte dos Estúdios Maurício de Sousa e fez parte da organização da “Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos”, que teve lugar em São Paulo, em 1951, e ficou como primeiro evento de género realizado em todo o mundo.
Tendo adoptado a nacionalidade brasileira em 1957, é considerado um dos grandes mestres dos quadradinhos do Brasil, onde, entre outras, criou “O retrato do mal” ou “Zodíaco”. Distinguido com o troféu Caran d’Ache, pelo Festival de Banda Desenhada e Cinema de Animação de Lucca (Itália), na categoria Uma vida dedicada à Banda Desenhada, Jayme Cortez viria a falecer a 4 de Julho de 1987, em São Paulo.
O blog, disponível desde há poucas semanas, é actualizado diariamente e destaca-se pela divulgação de documentos inéditos ou pouco conhecidos, que podem ser divididos em dois grandes grupos. Por um lado, os que estão relacionados com a sua vida pessoal: fotos de várias épocas, em que se destacam aquelas em que surge com autores de renome mundial como Stan Lee ou Maurício de Sousa, ficheiros de áudio ou vídeo com entrevistas.
A par deles, uma vez que o blog pretende ser essen-cialmente visual, com os textos reduzido ao mínimo indispensável, surgem as reproduções de aspectos diversos da sua obra multifacetada, dividida entre a banda desenhada, a ilustração, a publicidade, a televisão e o cinema. Em muitos casos – capas de livros, ilustrações, desenhos publicitários, pranchas de BD - são mostradas as várias fases do seu labor criativo, desde os primeiros estudos até ao desenho definitivo e posterior aplicação da cor. São igualmente referidas algumas curiosidades, como o facto de ter sido Cortez a desenhar a capa do nº 1 da revista de Bidu, um dos primeiros heróis de Maurício de Sousa.
Os autores do blog, que o actualizam diariamente, solicitam a colaboração de todos os que possuam documentos ou publicações relacionados com Cortez, pois a intenção é que ele se transforme se num autêntico museu virtual.




(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Maio de 2011)

10 comentários:

  1. Caro Pedro,
    fico imensamente feliz por tua iniciativa.
    A matéria no jornal ficou ótima e a do seu blog melhor ainda. Aos poucos estamos conseguindo que a memória do Jayme seja resgatada com ações como a sua, pois não temos a pretensão de sermos os únicos a fazer isso.
    Sei que nossos irmãos de Além Mar tem muito a colaborar com o blog, e esperamos ansiosos essas colaborações, pois o Jayme merece!
    No que precisar estarei a disposição.

    Abraços Cortezes

    Fabio Moraes

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  2. Anónimo8/6/11 01:15

    Durante algum tempo, Jayme Cortez parece ter ficado esquecido na memória dos bedéfilos portugueses e brasileiros, talvez porque as reedições das suas obras não têm sido muito frequentes. Mas é um autor intemporal, com uma importância enorme no desenvolvimento da arte dos quadradinhos na sua mãe pátria e no seu país adoptivo, e pode ser colocado à altura de grandes vultos que foram seus contemporâneos, como Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento ou Vítor Péon. De discípulo atento e aplicado do primeiro, depressa se transformou em mestre de toda uma geração de artistas brasileiros que o receberam como mensageiro de uma escola nova e dinamizadora, bastante diferente da escola americana.
    Esta oportuna homenagem prestada por Pedro Cleto no JN e no seu blogue, iniciativa que quero calorosamente saudar, surge na mesma altura em que um jornal regional, O Louletano, sob a égide de José Batista (Jobat), na rubrica "9ª Arte", está também a evocar, de forma assinalável, a figura e a obra de um artista tão multifacetado como Jayme Cortez.

    Abraços para o Pedro do
    Jorge Magalhães

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  3. Pedro Cleto8/6/11 10:18

    Caro Fabio,
    Obrigado pelas suas palavras e pelo excelente trabalho que está a desenvolver para dar a conhecer a obra de um dos grandes criadores de banda desenhada de Portugal e também do Brasil.
    Um grande abraço!

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  4. Blog muito interessante!
    Pensava que Jayme Cortez era brasileiro de raiz, afinal não...
    Mais uma razão para eu tentar saber mais sobre esse bom autor!

    Abraço

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  5. Pedro Cleto8/6/11 10:21

    Caro Jorge Magalhães,
    Obrigado por mais uma visita!
    É pena, na verdade, que a obra de Jayme Cortez não esteja disponível para leitura das gerações mais jovens ou, simplesmente, para ser (re)lida por quem o conheceu há mais tempo.
    Talvez sta iniciativa possa ser um primeiro passo nesse sentido.
    Tenho pena, mas não conheço a evocação que o Louletano está a fazer de Cortez e da sua obra.
    Abraço!

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  6. Pedro Cleto8/6/11 14:09

    Olá Bongop!
    Estamos sempre a aprender, não é verdade?!
    Agora a sério, se tiveres oportunidade de ler algo do Jayme Cortez, aproveita. Vale bem a pena.
    Abraço!

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  7. Anónimo9/6/11 11:47

    Caro Pedro,
    Sempre que tenho uma oportunidade, é um prazer consultar o seu blogue.
    A homenagem que a rubrica "9ª Arte", do jornal O Louletano, coordenada por José Batista, está a prestar a Jayme Cortez, já dura há meses, com a reedição de algumas histórias do seu período brasileiro, nomeadamente "O Retrato do Mal" (que em Portugal foi divulgada no início dos anos 70 pelos fanzines Quadrinhos, de Vasco Granja, e Ploc!, de José de Matos-Cruz) e a publicação de artigos sobre a sua longa e multiforme carreira, assinados por mim, pelo Leonardo de Sá e pelo próprio José Batista (Jobat).
    Infelizmente, trata-se só de uma publicação em papel, que não está on-line. Espero que um dia o Batista crie o seu próprio blogue.
    Abraços do
    Jorge Magalhães

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  8. Pedro Cleto13/6/11 16:27

    Olá de novo caro Jorge Magalhães,
    Temos então de aguardar pelo blog do Jobat...!
    Ou por algum editor que decida recuperar a obra de Jayme Cortez.
    Abraço!

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  9. Não me sabe dizer qual o número do suplemento Pim Pam Pum em que está publicada a primeira história do Jayme Cortez?

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  10. Caro anónimo,
    Tanto quanto pude averiguar, a estreia de Jayme Cortez no Pim-Pam-Pum, suplemento do jornal O Século, aconteceu em 1941, no nº 801.
    Boas leituras!

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