Há exactamente 50 anos, era publicado em Itália o primeiro número de Zagor, uma criação de Guido Nolitta, aliás Sergio Bonelli, que adoptou aquele pseudónimo para se distinguir do seu pai Giovanni Luigi Bonelli, o “inventor” dos quadradinhos populares italianos.
Ao seu lado, no desenho, estava Gallieno Ferri que escolheu o actor Robert Taylor como modelo, definiu o grafismo da série e foi também responsável pelas capas da revista durante vários anos, para além de ter desenhado mais de 200 histórias da personagem. Depois deles, como é normal na Sergio Bonelli Editore, Zagor já passou pelas mãos de diversos outros criadores entre os quais Giovanni Luigi Bonelli, Mauro Boselli, Alfredo Castelli, Decio Canzio, Tiziani Sclavi, Marcello Tonitelli, Ade Capone ou Moreno Burattini (nos argumentos) e Franco Donatelli, Francesco Gamba, Franco Bignotti, Pini Segna ou Marco Torricelli.
Zagor – que esteve para se chamar Ajax, não fosse esse já o nome de um detergente! - era mais um western que se vinha juntar ao catálogo da editora Bonelli, embora de características diversas de Tex a sua série de referência. O protagonista é Za-gor-te-nay (o que em dialecto algonquino significa “o espírito da machadinha”, nome que recebeu por utilizar como principal arma um pequeno machado. Branco, jovem, ágil e com extraordinário reflexos, bem sucedido junto do belo sexo, vive na zona pantanosa de Darkwood, situada na região dos Grandes Lagos no nordeste dos Estados Unidos e é considerado imortal e invencível pelos índios. Zagor luta pela justiça e pela verdade sempre ao lado dos mais fracos, em aventuras movimentadas recheadas de acção e com um toque de humor dado pelo seu companheiro habitual, o mexicano Chico, gordo, desajeitado e trapalhão, embora pontualmente, a ficção-científica, o mistério e o horror também marquem presença.
Entre os seus principais inimigos contam-se Hellingen, Kandrax ou Mortimer.
Originalmente publicado em Itália no formato conhecido como “livro de cheques”, com apenas uma tira por página, rapidamente passou ao formato padrão (160x210 mm, a preto e branco e com preço acessível) da Bonelli, tendo, na sua época áurea, os anos 1970, vendido mais de 220 mil exemplares mensalmente. Actualmente as suas vendas rondam os 40 000 exemplares.
Em Itália, este primeiro meio século de vida fica assinalado por diversas edições especiais: o primeiro Zagor gigante (Zagorone), de Moreno Burattini e Marco Torricelli, em Maio último, a publicação a cores do Zagor #551 e de um livro-entrevista com Sergio Bonelli, assinado por Moreno Burattini e Graziano Romani, publicado pela Coniglio Editore, ambos este mês de Junho, e "Os Muros de Jericó" (Cartoon Club), um volume sobre o trajecto de Zagor, da autoria de Moreno Burattini, a ser lançado em Julho, mês em que no título regular se inicia uma longa saga que durará cerca de dois anos e meio e que levará Zagor até à América do Sul.
Estão igualmente previstas diversas exposições comemorativas da efeméride em Godega (3 a 5 Junho), Parma (11 e 12 Junho), Zagabria (16 a 18 Junho), Raiano (9 e 10 Julho), Rimini Comix, (22 a 24 Julho) e Città di Castello (24 Setembro).
No Brasil, Zagor estreou-se em 1978 com o selo da Vecchi,no formato que ainda hoje a Mythos utiliza. Depois italiano e sempre com histórias completas, tendo depois passado pela Rio Gráfica, a Globo e a Record,nesta última no formato italiano e com histórias completas, antes de o título ser assumido pela Mythos Editora, que anunciou para Agosto o lançamento do Zagor gigante #1 e tem agendada para 2012 a publicação do Zagor colorido e da saga com a viagem à América do Sul.
No nosso país, Zagor estreou-se em 1978 numa edição da Portugal Press não autorizada pela casa mãe Bonelli, que duraria apenas 16 números.
Depois, em meados da década de 1980, Zagor tornou-se presença regular nas bancas e quiosques através das edições que mensalmente chegam do Brasil. Actualmente a Mythos disponibiliza três títulos com as suas aventuras: Zagor, Zagor Extra e Zagor Especial.
A título de curiosidade refira-se que para além de Itália e do Brasil, Zagor é também publicado na Turquia (por duas editoras diferentes!), Macedónia, Eslovénia, Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegovina.
(Este texto, escrito com a preciosa e inestimável colaboração de José Carlos Pereira Francisco, responsável pelo Tex Willer Blog, é uma versão revista e aumentada da versão publicada no Jornal de Notícias de 15 de Junho de 2011)
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