05/12/2011

As Águias de Roma

Livro III
Marini (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2011)
240 x 320 mm, 60 p., cor, cartonado
16,50 €

Resumo
Em território Germano, Armínio (ou Armanamer) hesita (?) entre manter a sua posição como cidadão romano ou aceitar a chamada do seu povo para o comandar numa rebelião contra o invasor, enquanto Marco chega com a missão de espiar ao serviço do imperador o que há de verdade numa eventual rebelião dos germanos.

Desenvolvimento
Apesar do que escrevi a propósito do Livro I desta série – opinião que mantenho inalterada e estendo ao segundo volume – confesso que a chegada de um novo tomo levou-me a lê-lo rapidamente.
Porque a época do Império Romano exerce sobre mim um grande fascínio, é uma das razões; outra é porque admiro o traço atraente de Marini, realista na reconstrução credível da época retratada, à vontade na representação de animais selvagens ou de seres humanos, quer se trate de másculos atletas, belas e sensuais mulheres ou seres a caminho da decadência física, muito dinâmico e e variado na planificação das páginas, magnífico no tratamento dos cenários, servidos por um colorido soberbo, assente numa diversificada paleta cromática, de tom global sombrio, mas adequada quer às gélidas florestas da Germânia, quer aos abafados salões das orgias romanas.
Essa leitura acabou por me revelar um Marini mais seguro como argumen-tista, a explorar novos caminhos que, embora conduzam ao inevitável confronto entre Armínio e Marco, prendem o leitor, enredado na teia que Marini vai tecendo, onde conspirações, traições, ambição, ódio, paixão, desejo e luxúria se vão cruzando e sendo alimentados por quem por eles se rege ou os utiliza para chegar aos seus fins.
Desta trama de ritmo acelerado, que por vezes leva o leitor de arrasto, impedindo-o de atentar aos pormenores que suportam e são mais valia para o enredo geral, fica como principal imagem um retrato cru e violento da fase final do Império Romano, sobrando à saciedade as razões que levaram à sua decadência.

A reter
- O belíssimo trabalho gráfico de Marini.
- A maior consistência e originalidade do argumento, em relação aos dois tomos iniciais.
- O bom ritmo a que a ASA está a editar esta série…

Menos conseguido
- … lamentando-se apenas que Marini não trabalhe mais depressa, pois esta é uma obra que dá vontade de ler de um só fôlego - quem sabe, no futuro não muito distante, num apetecível integral…

2 comentários:

  1. Alexandre Gil5/12/11 15:10

    Olá Pedro,

    Segundo comentário em poucos minutos, desculpa a avalanche.

    Li este fim de semana este album e de facto desperta aquela sensação interessante de "epa, nem é assim nada de especial mas não consegui parar a meio".

    Julgo que é um pouco o registo do Marini: onde perde em complexidade de história ganha em beleza do traço. Um pouco (obviamente em outras latitudes) como o Manara...

    Diria que está acima de séries anteriores como Olivier Varése ou Gipsy mas que ainda se encontra longe da excelência de "Rapaces", onde o dedo de Dufaux no argumento faz toda a diferença.

    PS - Anda a ganhar coragem para começar a ler a graphic novel Habib...

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  2. Caro Alexandre,
    Bem-vindo de novo!
    O Marini, na verdade, é um excelente contador de histórias em BD e isso sobrepõe-se a alguma linearidade dos argumentos. Penso, no entanto, que neste terceiro tomo ele deu um salto qualitativo como argumentista...

    Quanto ao Habibi, não há que ganhar coragem. Mal o comece a ler, vai ficar preso à história e "devorar" o volume de só fôlego!

    Boa leitura do Habibi!

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