12/01/2012

Au Nom du Fils (Ciudad Perdida)








Séconde Partie
Serge Perrotin (argumento)
Clément Belin (desenho)
Futuropolis (França, 5 de Janeiro de 2012)
215 x 290 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 € 


Resumo
Depois do rapto do filho, Étienne, no primeiro tomo, por uma das organizações terroristas colombianas, face à pouca disponibilidade das autoridades, Michel Garandeau, um operário metalúrgico que nunca viajou, decide partir para a Colômbia, seguindo os traços que o seu filho deixou.

Desenvolvimento
E é na Colômbia que o encontramos, no início do segundo e último tomo desta história. Uma história humana e sensível, protagonizada por um homem comum, amigo do seu amigo, amante do sossego do lar e da sua cidadezinha, mas disposto a mover – a percorrer - meio mundo para encontrar o filho.
Uma Colômbia verdejante, exótica e diferente, sim, mas sem os atractivos turísticos, as estereotipadas imagens de cartão-postal ou as cores vivas que seriam expectáveis (substituídas por amarelos desmaiados, ocres e verdes acinzentados), pois é assim que Garandeau a vê – é assim que Belin a traça, num desenho mais eficiente que chamativo - fixado apenas no propósito que o levou lá: encontrar o filho.
N(ess)a Colômbia, despojada - não hostil mas também não acolhedora - Michel continua na pista de Étienne, juntando indícios, conhecendo quem ele conheceu, pisando o solo que ele pisou, vendo os mesmos sítios que ele viu – embora com outro olhar… - partilhando – de certa forma – os seus conhecimentos, as suas amizades e as suas relações.
E, através de tudo isso, numa viagem iniciática, a um tempo dura, dolorosa e maravilhosa, descobre um filho que cresceu e que o tempo afastou. Dessa forma – surpreendido – Michel descobre-se também a si mesmo, como nunca se tinha visto, em muitos casos desconhecendo-se capaz do que está a fazer. Sentindo cólera, revolta, perplexidade, culpa, um caleidoscópio de emoções e sentimentos que se sucedem, se sobrepõem, o assaltam e o extravasam. Oscilando entre a esperança e o desalento, entre a crença e o desespero, entre a convicção e a dúvida, entre a transcendência e a renúncia. Sempre humano, profundamente humano.
Como a história que Perrotin narra de forma contida – muitas vezes sob a forma do diário que Michel mantém para a esposa - cujo final, mais uma vez à sombra tutelar de “Tintin no Templo do Sol”, não vou desvendar, mas que, na sua simplicidade, na sua sensibilidade, apenas reforça esse factor (tão) humano. 

A reter
- O tom (tão) humano da história.
- A forma simples, contida e sensível como ela é narrada e traçada.
- A publicação do segundo tomo, apenas um ano após o primeiro… 

Menos conseguido
- …mas o ideal, numa obra com esta densidade emocional e que nem sequer é especialmente longa, seria “Au nom du fils” ter sido editada num único volume.

6 comentários:

  1. Só com essa descrição me deu vontade de conhecer à obra supracitada.

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  2. Caro José Valcir,
    Obrigado pela visita. Fico contente pelo facto do meu texto ter provocado o seu interesse.
    Se chegar a ler esta obra, espero que a aprecie tanto como eu.
    Boas leituras!

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  3. Gosto de ler as suas crónicas ou, melhor, críticas da bd publicada mas penso que lhe falta uma pequena indicação, para mim grande, onde conseguir os livros, por exemplo este ou o auto da barca do inferno que, como diz, não se encontra ´disponível cá. E no Porto?
    M. Pinto

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  4. Pedro:

    Quando puderes vê o que se está a passar com a zona dos comentários que não estou a conseguir ler nenhum.

    Um abraço.

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  5. Caro M. Pinto,
    Obrigado pelas suas palavras.
    Quando refirpo que não se encontra disponível cá, refiro-me ao circuito habitual de livrarias portuguesas.
    Os álbuns francófonos, como é o caso deste Au nom du fils, podem ser encomendados na Dr. Kartoon (em Coimbra) ou na FNAC, por exemplo.
    Quanto ao Auto da Barca do Inferno, sendo uma edição brasileira, é mais difícil de conseguir. Não sei se a Casa da BD, que importa comics americanos em versão brasileira, também conseguirá esta edição.
    Boas leituras!

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  6. Olá Paulo,
    Esse é um problema com que me debato há dias, sem o conseguir resolver.
    Tens alguma sugestão prática? Obrigado!

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