Danilo Beyruth (argumento e desenho)
Cris Peter (cor)
Panini Comics
Brasil, Outubro de 2012
190 x 275 mm, 84 p., cor, cartonado
R$ 29,90
Resumo
Enviado para observar e recolher dados de um magnetar, um
fenómeno que ocorre após a formação de estrelas de neutrões – um conceito
explicado no livro de forma concisa e compreensível – a nave do Astronauta
sofre um embate grave que o transforma num náufrago do espaço, completamente
isolado do mundo e entregue apenas a si próprio.
Desenvolvimento
Da leitura de “Ouro da Casa” confesso que fiquei surpreendido com o bom número de narrativas que têm o
Astronauta como protagonista. Desconhecia – não imaginava sequer - a sua
popularidade no Brasil, até pela sua temática mais séria que as suas históricas
de tom filosófico e ecologista sempre assumiram. Mas, quem sabe, foi exactamente
isso que o tornou tão apetecível quando surgiu a altura de homenagear os heróis
clássicos de Maurício de Sousa.
E, terá sido isso, também, que fez com que fosse ele o
protagonista da primeira Graphic MSP, um projecto a um tempo inteligente e
ousado de releituras (mais adultas) desses mesmos protagonistas, que promete
grandes surpresas.
E – e eu não podia ser mais directo – a verdade é que a
escolha feita por Danilo Beyruth não poderia ter-se revelado mais acertada.
Desde logo porque ele consegue manter as características e o
espírito próprios da personagem original – e fazê-lo será fundamental para dar
sentido a cada um dos títulos deste selo – ao mesmo tempo que o desenvolve em
termos artísticos e temáticos, de acordo com a sua sensibilidade e visão próprias,
a um nível diferente, fazendo dele protagonista – único! – de uma verdadeira
banda desenhada de autor – uma verdadeira graphic novel… - assente numa base (científica) séria e
consistente.
Protagonista único, escrevi atrás, porque essa foi quase sempre
a sua condição, sozinho face à imensidão do espaço, no caso presente agravada
por ter a nave danificada, impossibilitada de se deslocar, e estar sem
possibilidade de comunicar com ninguém.
Esta é uma história sobre escolhas – de vida – e sobre responsabilidades
a assumir por essas mesmas escolhas, resultante da introspecção a que o
Astronauta se sujeita, e sobre o que de mais forte existe em nós e vem à
superfície – para o melhor e para o pior… - quando enfrentamos situações
limite.
Uma história de momentos fortes como a transição entre a bucólica
cena inicial com o avô, que abre o álbum, para o presente do Astronauta
enquanto tal; o momento em que ele enfrenta a onda radioactiva emitida pelo
magnetar; a quase destruição da nave; a sucessão dos dias rotineiros em busca
de soluções; o quase enlouquecimento devido à solidão e desespero; a opção pelo
salto no espaço; o mergulho e consequente desaparecimento na escuridão…
Graficamente, Danilo Beyruth assumiu o seu estilo pessoal,
uma linha de traço anguloso e duro, em vinhetas desprovidas de pormenores
desnecessários para assim concentrar o leitor no essencial, e uma planificação
bastante diversificada que ritma a leitura.
As cores de Cris Peter, assumem geralmente tons suaves e
poucas gradações, que combinam com o tom introspectivo global, mas são
igualmente capazes de se metamorfosear para caracterizar todos os ambientes que
a narrativa exige.
- O conceito em si: releituras personalizadas, por autores
talentosos, das criações originais de Maurício de Sousa. Um imenso potencial
que Danilo Beyruth aproveitou muito bem.
- A boa edição, em termos de papel e acabamentos, complementada
com esboços preparatórios e a biografia do autor.
- Rendido a Astronauta: Magnetar, fico a aguardar (com interesse
acrescido) pelo novo projecto (agendado para Abril) deste selo: “Turma da
Mônica: Laços”, dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Mais a mais porque os dois há
muito me convenceram pela ternura e sensibilidade das suas criações.
Menos conseguido
- Podendo haver um limite de páginas nestes projectos, ele
não deve ser tão rígido que de alguma forme prejudique o desenrolar da
história. No caso presente, penso que a narrativa de Danilo Beyruth teria
beneficiado se tivesse podido desenvolver um pouco mais o processo alucinatório
do Astronauta.
OLá! Tudo bem? Espero que sim!
ResponderEliminarAqui, esses especial foi um febre. Houve uma versão mais "humilde" para venda em bancas e os exemplares logo se esgotara. houvi dizer que logo haverá uma nova tiragem desse sucesso também, é torcer para que seja verdade, pois ainda não garanti a minha. Curioso foi ver como esse personagem, antes tão deixado de lado nas revistinhas mensais, conseguiu ser protagonista de algo tão bacana!
Abraços. Fabiano Caldeira.
Olá Fabiano,
EliminarTudo bem, obrigado!
Como digo no início do texto, fiquei surpreendido com a popularidade que aparentemente o Astronauta tem.
Quanto ao trabalho que o Danilo Beyruth fez com ele, justifica o sucesso da edição!
Boas leituras!
Boa Leitura tambem tera acessando:versificandonoar.blogspot.com
ResponderEliminarEu comprei! Muito bom!!!!!!!
ResponderEliminarCaro Wesley,
EliminarÉ, sem dúvida, uma compra muito aconselhável! Espero que seja distribuído em breve em Portugal.
(Outras) boas leituras!
Agora que ja passou bastante tempo, não rola o download?
ResponderEliminarEspero que nem agora nem nunca.
EliminarOs livros, por respeito para com os autores e os editores, devem ser lidos em papel ou, em alternativa - menor para mim - em versão digital legal.
Boas leituras... em papel!