26/03/2013

Oliver Rameau #5 – Le grand voyage en Absurdie











Greg (argumento)
Dany (desenho)
Éditions du Lombard *
Bélgica, Março de 1984
220 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado


Mesmo sabendo que Greg escreveu e/ou desenhou mais de 350 álbuns de BD ao longo da sua carreira aos quadradinhos – vi-os todos expostos, num imenso mural, numa retrospectiva que o Festival de Bd de Angoulême lhe dedicou há já alguns anos – não hesito em afirmar que este é um dos seus argumentos mais conseguidos.
Pelo humor, a ironia e a mordacidade de que dá provas para arrasar a (absurda forma de) vida em Absúrdia, o nome dado pelos seus heróis a este nosso “mundo-em-que-todos-nos-aborrecemos”.
A mobilização de um poeta, Aimé Detousse – que se vê assim impedido de se tornar cidadão de Rêverose – leva Oliver Rameau a partir à cabeça de um “comando” para o resgatar do mundo real, avesso à sua poesia e à sua imaginação (apesar da indicação em contrário que o seu nome pode dar…)
Esse é o pretexto para uma sucessão de conseguidos gags que questionam e ridicularizam diversos aspectos da nossa vida quotidiana, onde avultam a saída recorrente dos membros do comando da cabine telefónica, a conversa com a porteira de Detousse, a explicação sobre o uso de dinheiro, a substituição dos elementos da banda e, principalmente, a desconstrução arrasadora da estrutura e da vida militar que preenche cerca de um terço desta belíssima narrativa, onde imperam o absurdo, a poesia e uma fantástica capacidade imaginativa.

*Se é verdade que possuo os 10 tomos das aventuras de Oliver Rameau “espalhados” por diversas edições de várias editoras, elas actualmente estão integralmente disponíveis em quatro tomos editados pelas Éditions Joker.

24 comentários:

  1. Gostava MESMO de ler Olivier Rameau em português e em livro. Aquele mundo é fascinante!
    (E a Colombe Tiredaile foi o meu "primeiro amor" na BD)
    :D

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Nuno,
      Tens que aprender francês...! E vais ver o imenso e maravilhoso mundo aos quadradinhos que se vai abrir diante de ti! ;)
      Boas leituras!

      Eliminar
  2. Concordo totalmente com a opinião sobre este argumento de Greg. É excelente!

    ResponderEliminar
  3. Se há coisa que não consigo entender é a publicação sistemática (Asa/Público por ex.) e repetitiva de Lucky Luke, Tintim e Astérix (de que gosto!!) e outros mainstream, quando para trás ficam "heróis" como este Olivier Rameau (um gajo com uma chavala simplesmente apetitosa!), Simon du Fleuve (só existem 5 álbuns do Auclair, certo?), Cubitus (e o tosco do dono), Skblllz (alguém se lembra deste bicho peludo? Creio que saiu só um álbum...em França!!), Taka Takata, Bruno Brazil, Martin Milan, Norbert & Kari, Chick Bill, enfim, até aos mestres italianos, que passam ao lado exceptuando o mestre dos mestres Hugo Pratt. Bem... chega de paleio. Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Mário!
      Bem-vindo aqui aos comentários!
      Nem sempre é fácil entender, embora geralmente se tente publicar o que se vende mais...
      Falando apenas das colecções com os jornais, é necessário uma série com um mínimo de 15/20 títulos e é necessário que eles estejam disponíveis num suporte compatível com as actuais técnicas de reprodução...
      Não é desculpar quem edita - e nem sempre bem... - mas tentar explicar o que por vezes a maior parte dos leitores desconhece.
      Agora que eu gostava de ver algumas dessas séries - e outras mais - em português, disso não haja dúvida!
      Boas leituras!

      Eliminar
    2. Mário Santos26/3/13 22:57

      Podia ser um suplemento de BD no jornal como existiu no Diário de Notícias,ou no Expresso.Do Olivier Rameau sim existem algumas aventuras no tintin e em termos de desenho era soberbo

      Eliminar
    3. Este comentário foi removido pelo autor.

      Eliminar
    4. Jorge Fernandes30/3/13 22:37

      Plenamente de acordo quanto à repetição das séries referidas, a que acrescento o Corto Maltese, de que só não tenho a preto e branco o que cá só foi editado em cor.
      Felizmente a NetCom2 vai fazendo umas edições inéditas. :)
      O Simon du Fleuve compõe-se de 9 albuns, sendo que cá não foi editado boa parte da série:
      "L'Éveilleur", "Les Chemins de l'Ogam", "Naufrage I" e "Naufrage II". Nestes álbuns Auclair continua no desenho, mas deixa o argumento a cargo de Alan Riondet.
      Há um número 0 da série, "La dame noire", com a história, que saiu igualmente numa edição 'pirata', "La Ballade de Cheveu-Rouge".
      E há ainda o álbum "Jason Muller" ("Récits des temps post-atomiques" na reedição), com 4 capitulos (1 Gir; 1 Linus; 2 Auclair).

      Eliminar
    5. Caro Jorge,
      Uma provocaçãozinha: o Simon du Fleuve era uma bela série para a NetCom2... Embora eu penso que a série decaiu após o quinto volume...
      Boas leituras!

      Eliminar
    6. Jorge Fernandes5/4/13 15:59

      Caro Pedro,

      Este tipo de provocaçãozinha é sempre bem vindo! :)
      E gosto particularmente da primeira parte desta série!
      Das vezes que estive em Bruxelas, nas compras de livros usados, apenas me cruzei com o "Naufrage II", que comprei, mas cuja leitura depois não me seduziu muito, a exemplo do "Jason Muller", esse comprado por cá.
      Esse apontado decair da série terá, provavelmente, a ver com a saida de Auclair do argumento. Digo eu...
      Quanto à NetCom2, a grande aposta da NetCom2 é mais para o material inédito, mas nunca se pode dizer nunca!

      Eliminar
    7. Jorge,
      O Simon du Fleuve - em especial o Mailis - é uma das razões porque não deixei a BD no fim da adolescência...
      E foco então à espera de mais material inédito da NetcCom2!
      Boas leituras e boas edições!

      Eliminar
  4. Mário Santos26/3/13 22:55

    tem de haver uma revista de bd em portugal que trouxesse de volta esses hérois esquecidos por muitos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Jorge Fernandes30/3/13 22:43

      Há uma revista com BD, a BDNet (que é de borla!) e que não te trazendo esses heróis, traz outros que nunca cá chegaram (por exemplo: Jacques Martin, Gilles Chaillet, Jean Pleyers) e que têm bastante qualidade. A boa BD não se esgota no que chegou cá até agora.

      Eliminar
  5. Mário,
    Infelizmente temo que o tempo d(ess)as revistas já lá vai...
    Boas leituras... de revistas antigas...

    ResponderEliminar
  6. Mário Santos27/3/13 11:24

    Sim mas como temos exemplo das novas revistas disney e outras que por ai andam podia haver espaço para estas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois é, Mário, mas as revistas Disney têm um público diferente - que a avaliar pelas tiragens - estava carente delas...
      talvez se estejam a formar leitores que daqui a algum tempo procurem outras leituras...
      Boas leituras!

      Eliminar
  7. Mário Santos28/3/13 15:48

    sim ,mas estariam mais bem formadas com outro tipo de bd,se gostam do mickey,tamabm iria gostar do olivier rameau,os smurfs,o cubitus,spirou exemplos de bd mais para esse público

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mário,
      Da minha experiência - infelizmente! - posso dizer-lhe que não é bem assim... os meus filhos que liam uma ou outra coisa de BD, aderiram de forma surpreendente para mim à BD Disney...
      Os tempos são diferentes...
      Boas leituras!

      Eliminar
    2. Jorge Fernandes30/3/13 22:47

      É mesmo, Pedro.
      Os tempos são muito diferentes!
      Os écrans substituiram a leitura. :(

      Eliminar
    3. Jorge,
      Ainda não substituíram, mas possivelmente já faltou mais... Embora eu acredite que ainda vai demorar muito até os livros desaparecerem ou, pelo menos, até se tornarem obsoletos...
      Boas leituras... em papel!

      Eliminar
    4. Jorge Fernandes2/4/13 08:34

      Pedro,
      Pelo menos para aqueles que só tinham o ZX Spectrum, que cresceram com 2 canais de tv, e em que as 'paredes' não davam dinheiro, os jogos eram de tabuleiro, numa mesa com um grupo de amigos, e em que era preciso ir ao banco fazer as operações que precisavam, julgo que os livros nunca desaparecerão. ;)
      A mim, ler no computador não me dá jeito nenhum, e o cheiro da tinta é indispensável!
      No entanto, julgo que nas últimas décadas, em termos de BD, temos tido demasiadas reedições, e poucas coisas novas. :(

      Eliminar
    5. Olá Jorge!
      O cheiro da tinta, a textura do papel, o peso do livro... Sem dúvida!
      Também concordo quanto à questão das reedições. É a aposta no seguro, num mercado que não tem grande margem de manobra porque também ninguém a tenta criar...
      Boas leituras... novas!

      Eliminar
  8. Mário Santos29/3/13 19:46

    Os desenhos,as cores também chamam a atenção,as capas dos livros são muito chamativas ajudam

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...