I. A iniciaçãio
II. A Vingança
Didier Comés
ASA
Portugal, 2007
225 x 300 mm, 62 p., cor, brochado
5,50 € / 5,55 €
Texto que publiquei no
Jornal de Notícias de 13 de Setembro de 2003, intitulado “Um livro da minha
vida”
Não sou capaz de definir “o” livro da minha vida, mas sou
capaz de citar algumas das obras que me marcaram especialmente em determinadas
alturas, e, por isso, "Silêncio", de Didier Comés é - continua a ser,
neste caso - um dos livros da minha vida.
Uma das obras, depois de "Simon
du Fleuve - Maílis", de Auclair, e a par de "As Cidades Obscuras - A
Febre de Urbicanda", de Schuiten e Peeters, responsáveis pela importância
que a BD tem hoje para mim.
Talvez porque foi lida na idade em que tantos
deixam a BD, por falta de informação (de formação...), de capacidade de
descoberta de obras que satisfaçam crescentes exigências intelectuais, que eu
satisfiz com "Silêncio", um romance gráfico nos ambientes rurais
recorrentes na obra de Comés, que narra uma história de amor entre o mudo e a
feiticeira da aldeia, a um tempo amados e temidos por todos. Mas que é também
uma história de vingança e, antes de tudo, um libelo acusatório contra os que
usam a violência como arma do ódio contra a diferença; em especial contra a diferença
que não se consegue manipular.
E se compreendo as razões comerciais para a actual edição colorida, em dois
volumes, das Edições ASA, pessoalmente prefiro a edição original em português,
da Bertrand, em tomo único - porque o livro pede leitura de um só fôlego - e no
sublime preto e branco de Comés, rico de contrastes e pormenores, que melhor
ilustra a narrativa e nos permite vivê-la em todas as cores (que imaginamos)
nela presentes. Ou talvez, apenas, porque foi assim que "Silêncio"
ocupou um lugar especial na minha memória.
Há obras que lemos e não levantam a mais leve pena. Esta fica-nos na memória.
ResponderEliminarCaro Carlos Rocha,
EliminarMais do que ficar na memória, marcou-me profundamente...
Boas (re)leituras de Comés...
Curioso, Pedro, tantas vezes "discordo" do teu gosto, que me parece amiúde bem ligeiro, e acabo de descobrir que as BD que nos marcaram no início da idade adulta são as mesmas. Para alem do Silêncio, também me apaixonei pelo Simon du Fleuve e pelas Cidades Obscuras (neste caso pelo Samaris, aquando da publicação no "A Suivre", em 1982. Acrescentaria o Jonathan, do Cosey, e o Corto Maltese. Eis as 5 BD que me tocarm nos meus verdes 20/25 anos, só um pouco mais tarde descobriria o Tardi...
ResponderEliminarCaro RC,
EliminarAcho que no gosto há espaço para o ligeiro e para o profundo - que se desfrutam a níveis diferentes... - mas aceito perfeitamente a discordância!
Também li a "Febre de Urbicanda" na (A Suivre), onde descobri igualmente o Tardi...
E, na mesma altura, a outro nível, a CIMOC também me revelou grandes autores: bernet, Abuli, Segura, Ortiz...
Boas (re)leituras!
Duas ideias idiotas numa só: dividir a obra em dois livros e atirar-lhe com cores para cima!
ResponderEliminarEu tenho e estimo muito a primeira edição, a da Bertrand, e já que me falam dela acho que vou voltar a lê-la...
Caro Caldas:
EliminarMarketing oblige...
Eu também tenho a edição da Bertrand há muitos anos e relê-la também está nos meus planos...
Boa... releitura!
Foi dos livros de banda desenhada que mais me marcou em toda a minha vida, talvez por o ter lido na adolescencia. Gostava muito de o conseguir ter novamente, mas so ja consigo arranjar a versao colorida da ASA e mesmo assim so consigo a primeira parte, a segunda nao acho em lado nenhum. Se alguem souber onde o poderei arranjar que mo diga.
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